Ensaio dos EUA para 2026 preocupa e liga alerta para organização da Copa

A Argentina conquistou a Copa América no último domingo (14), mas o trabalho da Conmebol para o torneio de seleções deixou muitas preocupações para a Fifa, que organiza nos Estados Unidos, México e Canadá a Copa do Mundo daqui a dois anos.

O que aconteceu

A estrutura cedida aos clubes e os gramados dos estádios foram alvos de diversas críticas. Brasil, Argentina e Uruguai foram os que mais reclamaram publicamente dos problemas.

Vinicius Jr., Marcelo Bielsa e Lionel Scaloni, três vozes importantes, revelaram que há uma censura por parte da Conmebol contra críticas. Segundo eles, a entidade ameaça punir e multar quem critica a estrutura do torneio.

O torneio contou com diversos "observadores" da Fifa, que saíram preocupados. Os profissionais tinham como objetivo entender os problemas visando a Copa do Mundo.

Quais foram os problemas

Estrutura de treinos

A qualidade das estruturas de treino deixou muito a desejar, tanto em relação aos gramados quanto à privacidade. Os tapumes colocados pela entidade para evitar olhos indesejados durante o treino eram de um tecido tão poroso que era facilmente possível ver através dele.

A seleção brasileira sofreu principalmente em Las Vegas, quando a entidade não conseguiu entregar o campo que havia sido oferecido e escolhido pelo Brasil em inspeção prévia. O time de Dorival treinou em um parque ao lado de uma avenida e torcedores gritavam durante a atividade e subiam em uma passarela ao lado para assistir ao trabalho fechado.

A estrutura de treino ficava quase uma hora distante do hotel, tanto que, na volta a Las Vegas, o Brasil mudou o local de hospedagem.

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Gramados

Bielsa foi o principal crítico aos gramados da competição. O argentino que comanda o Uruguai chamou a Conmebol de mentirosa por dizer que o gramado de treino e de jogo estava em boas condições.

A Conmebol fez uma transformação em alguns estádios que usam grama artificial e usou rolos de grama para transformar o campo em grama natural. Visualmente, o gramado parecia bom, mas para os atletas e treinadores relataram que a grama soltava muito.

Por causa da transformação, o campo precisava estar muito irrigado. Como os estádios que utilizam por padrão grama artificial não possuem a estrutura, a solução foi irrigar o gramado com uma mangueira, como de jardim, e vários funcionários manejando.

Dimensões

Os 'minicampos' foram outro problema já muito falado da Copa América. Por causa de alguns estádios, como o SoFi e o Allegiant, precisarem de muitas reformas para comportarem um campo de tamanho padrão, a Conmebol diminuiu as dimensões em 5 metros de largura e 4 metros de profundidade.

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A Fifa já sabe que as dimensões serão um problema herdado para a Copa do Mundo. O Allegiant Stadium não está no Mundial, mas o SoFi sim — e precisará de reformas importantes para comportar um campo de padrão Fifa.

Malha aérea

Brasil e Uruguai sofreram com atrasos de voo. A seleção viu sua ida até San Francisco atrasar cerca de três horas por um problema da companhia aérea Delta. O Uruguai também ficou mais tempo preso em Las Vegas após eliminar o Brasil e precisou fazer um treino a mais no calor de mais de 45º da cidade. A maioria dos profissionais de imprensa que viajou pelo país na cobertura do torneio também sofreu com atrasos. Devido às condições climáticas, a comissão técnica de Dorival teve de esperar quase uma semana para retornar ao Brasil.

Segurança

A final da competição foi marcada por tentativa de invasão e conflitos. Antes da bolar rolar para Argentina e Colômbia, alguns torcedores chegaram a invadir o Hard Rock Stadium e isso gerou conflitos com as forças de seguranças. O caos rendeu detidos e feridos, e a Conmebol adiou em 30 minutos o início da partida.

O principal problema de segurança se deu na semifinal com a briga generalizada nas arquibancadas. Os jogadores uruguaios tiveram que interceder por suas famílias que estavam no meio da confusão e a segurança do estádio demorou a agir e conseguir conter a confusão ou tirar as famílias dos atletas dali.

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A Conmebol sentiu dificuldade em trabalhar a parte de segurança devido às diferentes leis e protocolos em diferentes estados no país. Dentro dos EUA, cada estado tem suas próprias leis e lida de uma forma diferente com os protocolos de segurança. O fato preocupa a Fifa.

Estrutura de imprensa

Em nenhum local de treinamento que a seleção brasileira passou durante a Copa América havia uma estrutura mínima para a imprensa. Assim que o treino era fechado por ordem da comissão técnica, os profissionais eram retirados do local e precisavam ficar pelas ruas trabalhando, pois não havia nenhuma sala de apoio aos jornalistas.

A operação de imprensa no dia de jogo também teve problemas. No Levi's Stadium, a imprensa usava a mesma entrada do torcedor e, com os portões ainda fechados e aglomeração gigante na porta, os profissionais precisaram se espremer em meio aos torcedores e pedir licença para passar e chegar ao portão. Já no Allegiant não havia uma lanchonete no andar da imprensa e os profissionais que quisessem comer algo precisavam enfrentar as grandes filas do estádio ao lado dos torcedores, o que atrapalhava quem estava em uma transmissão, por exemplo.

Causou estranhamento também o fato da coletiva de imprensa da final, no Hard Rock Stadium, ser improvisada dentro do vestiário visitante do estádio.

Sala de coletiva improvisada em vestiário de visitante no Hard Rock Stadium, palco da final da Copa América
Sala de coletiva improvisada em vestiário de visitante no Hard Rock Stadium, palco da final da Copa América Imagem: Eder Traskini/UOL

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