Conselho do Flamengo aprova participação em leilão por terreno do estádio

O Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou, nesta segunda-feira, os termos para a entrada do clube em leilão para adquirir o terreno do Gasômetro, desapropriado pela Prefeitura do Rio. A votação aconteceu na sede da Gávea com presença de torcida do lado de fora e foi passo importante para a construção do novo estádio.

O que aconteceu

A votação teve 602 votos a favor e 33 contra, além de quatro abstenções. Uma estimativa de inauguração foi apresentada para 15 de novembro de 2029, quando o Flamengo completará 134 anos. O aporte previsto é de R$ 1,7 bilhão.

Diversos torcedores estiveram na sede do Fla. A maioria pertencia a organizadas. Nenhum deles teve acesso à reunião.

Várias faixas foram estendidas do lado de fora da Gávea. "Quem é contra o estádio é contra a Nação", "O estádio é o desejo de toda nação rubro-negra", "Flamengo não é Madonna", "Pracownik banqueiro inimigo da Nação" e "BAP elitista" foram as mensagens exibidas. As duas últimas mencionam Luiz Eduardo Baptista, o Bap, que concorrerá como oposição na eleição, e Claudio Pracownik, ex-vice de finanças que apoiará o candidato.

Os conselheiros foram proibidos de usar o celular. Todos tiveram de deixar em um saco lacrado durante a sessão para evitar vazamentos.

O principal questionamento dos conselheiros era sobre um plano de viabilidade. As projeções eram de que a votação seria amplamente favorável, o que se confirmou.

Foram lidos os pareceres das comissões permanentes de finanças, jurídica e marketing do Conselho e o parecer do Conselho Fiscal. Depois, o debate foi aberto e alguns conselheiros usaram a palavra, incluindo BAP e Maurício de Gomes Mattos, candidatos à eleição presidencial.

O parecer da comissão jurídica admite uma insegurança. O documento informa a possibilidade de o clube precisar pagar uma diferença no futuro caso a Caixa consiga aumentar o valor na Justiça.

A comissão de finanças leu um parecer que tentava impor algumas condições - não aceitas. Entre elas impedir que o clube recorra à SAF, além de garantias de que os investimentos no futebol não podem diminuir e que o Fla não pode recorrer a empréstimos superiores a 20% de sua receita líquida anual para financiar a obra.

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O momento foi bastante celebrado na Gávea. Dentro do ginásio onde ocorreu a votação, Landim e seus pares pularam e comemoração o resultado. Ele explicou depois o motivo de o projeto não ter tido tanta transparência antes desta segunda.

Estávamos tentando evitar tomar qualquer atitude porque poderia parecer arrogante de quem já está achando que é dono. Mas não somos. Temos de encerrar o processo de desapropriação, participar da licitação para pegar o terreno. Uma vez com o terreno na mão poderemos caminhar mais abertamente, buscar no mercado. Já existem interessados nos procurando, mas estamos agindo com cautela e pedindo que esperem para que os passos sejam dados. Ver se realmente conseguimos ter êxito no leilão. Rodolfo Landim

O próximo passo é o leilão, marcado para quarta-feira. Em edital publicado no Diário Oficial do Rio de Janeiro, ficou estabelecido que o lance mínimo para aquisição do terreno é de R$ 138.195.000,00.

O pagamento será feito à vista. O dinheiro deve cair em uma conta a ser informada pelo município em até cinco dias após a publicação do resultado do leilão. Landim garantiu que o Fla tem a quantia em caixa.

Depois da compra, o Flamengo se atenta aos prazos. Por edital, o projeto para o estádio deverá ser apresentado à prefeitura em até 18 meses após a assinatura do Termo de Promessa de Compra e Venda, com prazo de até 36 meses, prorrogáveis por mais 36, para execução. O tempo total seria de sete anos e meio, mas o Fla não quer usar tudo isso.

O terreno foi desapropriado pela Prefeitura do Rio após várias conversas com o Flamengo. O local pertencia ao Fundo Porto Maravilha, administrado pela Caixa Econômica Federal. O banco tentou entrar com uma ação para derrubar o leilão e teve liminar negada.

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O edital pede um estádio para no mínimo 70 mil pessoas. O desejo do Flamengo é de 80 mil. O clube deve levar em conta um plano de mobilidade urbana privilegiando uso de transporte coletivo e acesso por pedestres, áreas temáticas ao redor do estádio, calçadas largas, ciclovias de acesso, estacionamento e os acessos por São Cristóvão.

O terreno do Gasômetro tem 88,3 mil metros quadrados. Ele fica em uma zona central do Rio de Janeiro ao lado da Rodoviária Novo Rio e do Terminal Intermodal Gentileza, que conecta os serviços do BRT, do VLT e dos ônibus municipais.

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