Por que Landim reluta tanto contra apelidos de futuro estádio do Flamengo

Um pedido feito repetidamente pelo presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, chama a atenção durante o processo de compra do terreno do Gasômetro para a construção do novo estádio. "Espero que ninguém nem apelide", disse o mandatário. Mas por que é tão importante que a casa rubra-negra não tenha um nome neste momento?

Espero que ninguém nem apelide o estádio por enquanto porque vale muito dinheiro. Vai depender das negociações que vamos fazer para buscar interessados que queiram associar o nome ao estádio. O nome será o que vamos negociar com um grande interessado que possa aportar recursos para ajudar a construir Landim

Naming rights no horizonte

O Flamengo já começou a procurar empresas interessadas em pagar para dar nome ao estádio. O clube foi consultado pelas marcas desde que o assunto ganhou mais força nos últimos tempos.

A diretoria não descarta nomear o estádio em homenagem a algum ídolo, por exemplo, mas quer vender a propriedade. A torcida pede que Zico esteja marcado nesse que é o maior sonho da torcida, mas isso ainda não está confirmado.

Especialistas explicam que a medida é importante para manter a força da marca que decidir comprar esses naming rights. Há casos de vários estádios pelo Brasil que seguem sendo chamados pelos apelidos.

Itaquerão, Engenhão, Mineirão, Arena da Baixada, Mangueirão, entre outros, exemplificam a cultura da torcida brasileira de apelidar estádios e que muitas vezes tais referências acabam sendo adotadas pela mídia especializada, criando assim um batismo natural que sem dúvida se torna um obstáculo para comercialização de naming rights, já que a marca interessada já começa com o desafio de rebatizar e não batizar o equipamento. A Neoquímica Arena já completa quase quatro anos, mas ainda segue sendo chamada por muitos de Itaquerão, apelido usado nos primeiros seis anos. Ivan Martinho, professor de marketing esportivo

O naming rights é visto como um dos maiores potenciais de arrecadação do Flamengo. O clube planeja bares temáticos, museu e ativações na arena, mas essa será a principal receita.

É muito importante que uma nova arena já comece com o naming rights estabelecido, criando uma identidade desde o início, pois facilita a negociação com outras propriedades e empresas interessadas em investir com parcerias. Tivemos casos no país em que o apelido dado a um estádio dificultou a construção da marca junto ao mercado. Anderson Nunes, publicitário e especialista em Marketing Esportivo e Gestão do Esporte

O Flamengo estipulou a data de inauguração para 15 de novembro de 2029, quando o clube completa 134 anos. Landim, porém, projeta que tudo pode ficar pronto um ano antes.

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O valor de investimento deve ficar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. Os números mais precisos ainda dependem do projeto com maior detalhamento que o clube começa a fazer agora.

Depois da compra, o Flamengo se atenta aos prazos. Por edital, o projeto para o estádio deverá ser apresentado à Prefeitura do Rio em até 18 meses após a assinatura do Termo de Promessa de Compra e Venda, com prazo de até 36 meses, prorrogáveis por mais 36 para a execução.

O ideal é a arena nascer com o nome e com contrato de longa duração, ao menos 10 anos, assim já cai na boca do povo logo de cara. Evita-se eventuais apelidos por parte do mercado o que muitas vezes dificulta na fixação do nome. Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo

Quando isso [vender um naming rights do estádio ainda está em construção] acontece, fica mais fácil e aderente criar o nome junto ao patrocinador. É importante para todos, tanto para a arena quanto ao patrocinador, até mesmo pelo fato de ter um grande tempo em construção para que ações sejam customizadas e o nome seja realmente fixado na comunicação da imprensa e público em geral. Renê Salviano, que faz a captação de contratos entre marcas

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