Abel indica um complô contra o Palmeiras e diz que crise interessa a muitos

Abel Ferreira disparou contra a arbitragem de Wilton Pereira Sampaio após o empate entre Palmeiras e Flamengo, no Maracanã, pela 22ª rodada do Brasileirão. O técnico português ressaltou que sua equipe em crise interessa a muitas pessoas, e que o resultado do jogo da tarde deste domingo (11) foi injusto.

O que ele disse

Eu sei que toda gente quer que o Palmeiras entre em crise, eu entendo isso. São muitos anos seguidos a ganhar, muitos anos seguidos a vender jogadores, a ganhar títulos. Batemos recordes com sócio Avanti, somos uma das equipes mais seguidas [nas redes sociais], uma série de coisas. E isso incomoda muita gente. Não vamos desfocar do nosso caminho. É injusto o resultado hoje aqui, estou triste porque fomos melhores.

Tecnologia arcaica do futebol brasileiro: "Fatores que não controlamos mais uma vez condicionam o desenrolar do jogo, com erros claros da arbitragem. Fizemos um gol que estava anulado, infelizmente. Não acredito e não confio nas linhas do VAR, nas televisões, enquanto não comprarem os aparelhos que são fidedignos e necessário, eu não acredito. Disse isso no início da conferência, ele é arcaico. A tecnologia que o futebol brasileiro usa é arcaica. Enquanto não fizerem o que precisa ser feito para mostrar a verdade esportiva, não acredito em nada daquilo que vejo".

Pontos perdidos no Maracanã: "Era um jogo que entramos muito bem, tivemos oportunidade para fazer gol e não conseguimos. A primeira ou segunda vez que o Flamengo chega já faz o gol. Estamos com um pouco de má sorte, mas essa equipe nunca vira cara à luta, continuou e acabou por buscar, justamente, o gol. Uma vontade muito grande do bandeirinha de levantar a bandeira contra o Palmeiras. Para mim, a sensação são de dois pontos perdidos".

Trabalho do Palmeiras na base: "Olhar para o nosso elenco, ver os jogadores que temos disponíveis e em melhor forma física e mental. Escolher os melhores a cada jogo. Nós não temos um plantel extenso, também porque fizemos um trabalho extraordinário com os moleques da base, trazermos eles para cima, para trabalhar conosco, valorizá-los. Isso tem sido bem evidente nos últimos dois anos com Endrick, Luis Guilherme, Estêvão, Vitor Reis e Luighi agora. Sem dúvida nenhuma que somos a equipe que mais promove e valoriza o trabalho de formação, sendo que também somos obrigados a ganhar e somos uma das equipes mais jovens".

Jogadores lesionados no Palmeiras, e tempo de recuperação de Dudu: "Temos uma série de jogadores lesionados, vocês já viram, o último foi o Dudu vai estar fora no mínimo um mês. Vai ter que ter um trabalho de condicionamento específico, não está em condições de nos poder ajudar. Portanto vai entrar em um programa de recondicionamento".

Avaliação do empate contra o Fla, críticas a arbitragem e reclamação de não expulsão em de Pulgar após agressão: "Acho que fizemos uma belíssima partida, pelo que criamos merecíamos ter ganho o jogo. E falo em uma palavra que tem a ver com coragem. No último jogo falei sobre isso, não consigo entender como o jogador do Botafogo é expulso na Copa do Brasil, e hoje o jogador do Flamengo não é expulso quando até a língua trilha e dá na cara. É uma falta de coragem porque é só subir as regras. Onde está os critérios dos lances porque o do Botafogo foi vermelho tem muito menos gravidade que esse e é amarelo. Acho que arbitragem brasileira atravessa um momento de crise grave. Isso é claro. Eu não consigo entender. Meu copo d'água já transbordou, já enchi o saco, não entendo.

Gesto polêmico na Copa do Brasil: "Com acesso a todos essas imagens não se tomam decisões, têm medo do ambiente que influencia os árbitros. Na casa do Palmeiras eu não vejo isso, apitam de forma tranquila, até sacanagem conseguem fazer com o treinador do Palmeiras, conseguem mostrar um gesto do treinador do Palmeiras. Um gesto inconsciente e não consegue mostrar mão dentro da nossa área. O mesmo que ficou capaz de ficar uma partida inteira a tentar apanhar qualquer coisa do treinador. É uma sacanagem que fazem nas costas, uma sacanagem que fizeram comigo. Não são capazes de mostrar a verdade esportiva. A mão que bateu no zagueiro do Flamengo porque não apareceu? Acho que há um espaço muito grande para melhorar, é evidente. O que queremos é verdade esportiva, chegar aqui esse lance é uma expulsão clara. Porque do Botafogo é expulsão clara e essa não é? Me expliquem. Seneme ou alguém, expliquem porquê. Será que o Maracanã que os condiciona? O público? Acho grave porque são erros graves que condicionam o presente e o futuro, não consigo entender".

Veja outras falas de Abel

Exigência no Palmeiras por títulos: "Eu entendo que a exigência aqui é muito grande. O Klopp ficou oito anos no Liverpool e ganhou dez títulos. O Simeone está no Atlético de Madri há 11, 12 anos, e ganhou oito títulos. Nós ganhamos onze e mesmo assim é pouco. Toda gente quer que a gente ganhe, já ganhamos esse ano. Já disse que não vamos ganhar sempre, mas vamos continuar fazendo o nosso trabalho, dar o nosso melhor como sempre fazemos, valorizar nossos jogadores, por esses miúdos que nos estão a ajudar com uma energia boa. Infelizmente estamos em um período de muitas lesões. Falar da forma que saímos da Copa do Brasil não vou voltar a dizer, não é a primeira vez que isso acontece, há dois anos aconteceu na nossa casa em um lance que o VAR resetou, não sei porque. Temos jogadores experientes, lesionados, e as equipe sempre estão em construção. Os desafios estão aí pela frente e vamos encará-los como sempre fazemos, prometemos só trabalho com competência, ter uma equipe competitiva, jogar com coragem, caráter, e procurar ser mais efetivos. 15º gol anulado este ano. Há muitas coisas que precisamos melhorar e os desafios estão aí".

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Palmeiras contra tudo e contra todos: "Nós vamos lutar contra tudo e contra todos. Lutar contra a verdade esportiva. O Palmeiras só quer a verdade esportiva. Verdade esportiva, rigor, competência. Futebol profissional com árbitros amadores não faz sentido nenhum. É preciso dar condições aos árbitros e pagar o que tem que pagar, e dar os recursos, investir em equipamentos que tem que ser investidos. É arcaica como se usa as televisões. Isso não pode ser assim. Tem que ter um protocolo, regras, e não é assim que funciona. Em relação à produção da equipe, viramos o Brasileirão com 36 pontos, uma bela pontuação, sabendo que é um campeonato difícil. Infelizmente aconteceram várias coisas, baixa de rendimento, lesões, entradas, vendas e entradas de jogadores em um momento crítico. Vamos seguir nosso caminho, não sei o que vai acontecer lá pra frente. Precisamos continuar trabalho com profissionalismo, rigor e coragem".

Problemas no futebol brasileiro: "Eu acredito que há árbitros que erram porque estão cansados. Só pode ser. Os erros são tão graves, será que ele não está a ver? Mas eu também tenho pouco tempo de descanso. 48 minutos de bola rolando é triste para quem vem e paga, só vê 48 minutos de jogos, a TV não dá recursos a equipe para dar tempo de descanso e fazer um jogo. Adoro jogo intenso, mas como? Se tem 11 ou 10 jogos no mês. Que campeonato vocês veem isso? Estamos no meio do ano, e o Aníbal Moreno já tem mais jogos no ano do que toda temporada dele no ano passado na Argentina. Isso não sou eu que vou mudar. Vocês tiveram um árbitro brasileiro na final olímpica. Está na hora de reciclar. Está na hora de fazer o que o Palmeiras faz: dar oportunidades aos mais jovens. Igual. É dar tempo de descanso às equipes. Isso não é um país, é um continente. Se falava assim desde os tempos do Pelé, sempre foi assim e ninguém faz nada. Tempo de jogo, logística absurda, gramado uma vergonha. Mesmo o Maracanã, um estádio desse, com uma relva dessa. É como pegar um F1 e correr em uma estrada de buracos. Se querem boas condições, criem-as primeiro. Antes de falar, vamos usar a base. Enquanto não tivermos um processo, não vamos mudar o resultado".

As equipes atrapalham a arbitragem? "As equipes atrapalham em função de quem lidera o jogo. Os árbitros aqui são protagonistas, eles gostam de falar. O árbitro tem que passar despercebido. Tem tudo a ver com o tempo que se dá às equipes. Como vocês querem que a equipe não reclame de um lance pra vermelho direito? Como o Fluminense não reclama do jogo de ontem? Não deram vermelho para o Murilo? Por que não ao jogador do Flamengo? Por que deram vermelho para o jogador do Botafogo na Copa e agora não? Não entendo o critério".

Jogadores argentinos do Palmeiras: "Eu gosto muito de jogadores da América do Sul. Acho os brasileiros com uma criatividade muito grande, os argentinos trazem o sangue, intensidade que os argentinos tem dentro deles. São três jovens. O Flaco é um centroavante com características muito específicas, que a própria seleção argentina não tem, e acho que vai ser questão de tempo para ele representar a seleção argentina. É um jogador que cresceu desde que chegou, é jovem, mas com talento muito grande. O Aníbal chegou esse ano, está a se adaptar, fez mais jogos nessa temporada do que ano passado na Argentina. Giay é um moleque de 20 anos, vocês conhecem nossa filosofia. Chegou agora, está a se adaptar no futebol brasileiro, a jogar de 3 em 3 dias, a ter pouco tempo a recuperar, mas pertencem ao nosso elenco e nos ajudam muito. Estão bem enturmados e agora o tempo e o jogo, mas estou bem contente com esses três".

Atacantes do elenco: "Desde que chegamos ao clube nós procuramos fazer uma equipe dinâmica. Nós não cristalizamos. Há jogadores que ao longo do ano que perdem rendimento e precisamos potencializar outros jogadores. A adaptação de quem sobe é bem mais rápida do que quem vem de fora. O Luighi começou a trabalhar conosco já de forma seguida e consistente. Desde o ano passado já treinava conosco. Vamos valorizar. Temos o Flaco, Luighi, Rony e o Lázaro que pode fazer essa função. Gosto de jogar com dois centroavantes. É bom ter os jovens, mas os palmeirense não querem saber desse trabalho, da recuperação financeira que fizemos, alguns não querem saber das vendas que fizemos, alguns não querem saber do prestígio e da valorização da marca Palmeiras ou do recorde no Avanti. É um trabalho também do treinador, um treinador não ganha só títulos e quando fui contratado perguntaram o que podia agregar no clube? E eu falei que ia valorizar o clube, os jogadores, e o futebol. Títulos não vamos ganhar todos. Nós temos que saber lidar com esses momentos".

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