A lição dos olímpicos para a seleção brasileira

Dorival começou sua vida à frente da seleção brasileira pedindo ajuda e "reaproximação do povo". Essa semana ele vai testar essa parceria. Ele deve ter visto com um pinguinho de inveja a relação da torcida com os atletas brasileiros que estavam em Paris-24.

Sejamos sinceros: obviamente torcemos pelos brasileiros; estamos cansados, desencantados e divorciados é da seleção masculina de futebol. Os motivos são muitos. Um deles é o calendário dos times X jogos do Brasil.

A convocação para os jogos contra Equador (Curitiba) e Paraguai (Assunção) nesta semana vai dar a ele uma amostra de quanto o torcedor está distante do time que vai voltar às Eliminatórias da Copa depois de quase 10 meses. Dorival vai chamar jogadores que atuam no Brasil, e isso vai implicar em tirar jogadores dos treinos, por exemplo, dos próximos mata-matas da Copa do Brasil.

O calendário da CBF marcou as quartas-de-finais da Copa do Brasil para os dias 28 de agosto e 12 de setembro. O que tem no meio (entre 2 e 10 de setembro)? Data-Fifa, senhoras e senhores. Que delícia! Tantantantã tananananã...

Preparem-se para o dia da marmota! Vamos criticar a convocação, os torcedores vão blasfemar e os técnicos "prejudicados" (pelas saídas de brasileiros e estrangeiros) vão reclamar pela falta de bom senso (inclusive Tite, que jamais foi acometido por tal bom senso quando era ele o treinador da seleção).

Dorival Júnior foi contratado pela CBF na esteira de um flerte muito malsucedido com Carlo Ancelotti (fui gentil na descrição da trapalhada da CBF) e de uma campanha desastrosa de Fernando Diniz nas Eliminatórias para a Copa de 2026. Nessa semana ele convoca sua primeira lista para começar a tirar o Brasil da incômoda (e ridícula) sexta posição no torneio que classifica quase todo mundo - mas não perdoa vexames. Em setembro, a seleção volta a jogar depois de quatro partidas sem vitória - três D E R R O T A S consecutivas: a PIOR sequência da história.

Quando assumiu em janeiro, Dorival disse que queria se aproximar da torcida e foi além. "Peço de coração que o torcedor volte a participar do dia-a-dia e que vivencie a nossa seleção como sempre foi", disse em janeiro.

Sabemos que depois de um começo animador nos amistosos na Europa contra a Inglaterra e Espanha em março, a Copa América não foi nem sombra do que se esperava (pelo técnico e, especialmente, pela torcida). Endrick subutilizado, algumas "teimosias" de todos os técnicos e uma eliminação com campanha pífia: uma única vitória (sobre o Paraguai, que perdeu de todo mundo).

Se na Copa América a lista de Dorival tinha quatro "brasileiros" (Endrick, Arana, Rafael e Bento), a nova lista vai aumentar o número de "nossos". Na semana passada, em reunião na CBF com sua comissão técnica, ele sinalizou que o começo da temporada na Europa dá vantagem aos que estão em plena atividade aqui. Precisa desenhar?

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Gerson e Pedro não estão merecendo?

Estevão (se estiver recuperado de lesão)?

Lucas Moura andou dizendo que quer voltar à seleção. Tem chance com o ex-chefe?

Uma chancezinha para Matheus Pereira? Não?

"Então, que se preparem, vou contar com muitos jogadores que estejam aqui dentro. Eles têm que saber que disputam um dos campeonatos mais difíceis e complicados do mundo", avisou o próprio Dorival na sua apresentação.

Surpresa não será. Mas barulho fará.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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