Corinthians: conselheiros oficializam pedido de impeachment de Augusto Melo
Um grupo 90 conselheiros independentes do Corinthians assinou e protocolou o requerimento a fim de iniciar o processo de impeachment do presidente Augusto Melo.
O coletivo, chamado Movimento Reconstrução SCCP, reúne figuras de diversas chapas do Conselho Deliberativo e começou a ser elaborado há alguns meses, desde que se tornou público o escândalo envolvendo "laranja" na intermediação com a Vai de Bet, ex-patrocinadora do clube.
O que aconteceu
Nesta segunda-feira (26), as lideranças do movimento apartidário entregaram o documento com o pedido de destituição de Augusto para o presidente do CD, Romeu Tuma Jr.
O UOL teve acesso ao requerimento de 19 páginas, que destaca a linha do tempo do desgaste político na atual diretoria, além das denúncias sobre a presença de "laranja" na intermediação do patrocínio multimilionário entre o Timão e a casa de apostas.
O documento pede o afastamento imediato de Augusto e seus diretores, e exige que Tuma convoque uma reunião extraordinária para tratar do assunto nos próximos dias.
O 'Movimento Reconstrução' nada mais é do que uma ação apartidária, que reúne conselheiros independentes de diversos grupos que, sim, têm opiniões diferentes sobre vários temas, mas sabem que nesse momento é preciso deixar essas diferenças de lado e focar no bem maior, que é o Corinthians.Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians e um dos porta-vozes do grupo
O Corinthians está no limite. Não suporta mais todo esse desmando, toda essa confusão e falta de gestão. É preciso organizá-lo o quanto antes, seja para o clube parar de sangrar, seja para que nosso time dê a resposta no campo e saia dessa situação no Campeonato Brasileiro que aflige a todos nós.
Como é o processo de impeachment
Após a formalizaçao do pedido, da qual são necessárias 51 assinaturas de conselheiros ativos no Conselho do Corinthians, Romeu Tuma Jr. encaminha o requerimento à Comissão de Ética e Disciplina, no prazo de cinco dias do recebimento.
Então, a Comissão de Ética tem mais cinco dias para informar o presidente de que há um processo de destituição em andamento. O mandatário terá outros dez dias para apresentar sua defesa à comissão e indicar as provas.
Esgotado o prazo para defesa, a Comissão de Ética emite um parecer e tem mais dez dias para entregá-lo ao presidente do CD.
Uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo é convocada para decidir sobre o encaminhamento do pedido com base na deliberação dos motivos.
Após as deliberações, o Conselho abre votação para aprovar o impedimento, que acontece de forma secreta.
É necessário ter maioria simples de votos dos conselheiros presentes na reunião extraordinária. São 302 no total, mas normalmente nem todos comparecem às sessões.
Caso a destituição seja aprovada, o CD tem até cinco dias para convocar uma assembleia geral de associados para votar o impeachment em última instância.
A decisão dos sócios é a definitiva e o pleito funciona no mesmo sistema de maioria simples.
Segundo o Art. 108, ao ficar vaga a cadeira da presidência por cassação de mandato, quem assume as funções é o 1º vice-presidente.
Neste cenário, Osmar Stábile assumiria o cargo e teria 30 dias para convocar uma eleição indireta, na qual apenas os conselheiros podem votar.