Abel Ferreira perde recurso contra Mauro Cezar e terá de pagar R$ 10 mil
Do UOL, em São Paulo (SP)
28/08/2024 15h40
Classificação e Jogos
A Justiça paulista rejeitou o pedido de recurso feito pelo técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, no processo contra o jornalista Mauro Cezar Pereira, colunista do UOL, por comentários feitos na Rádio Jovem Pan.
O técnico moveu duas ações: uma cível e uma criminal. Em novembro do ano passado, a Justiça decretou a derrota de Abel na esfera civil, e ele não recorreu. Na criminal, ele perdeu, recorreu e sofreu nova derrota em segunda instância, na última terça-feira (27).
A decisão do ano passado foi mantida. Abel tem de pagar R$ 10 mil em honorários aos advogados de Mauro e da Jovem Pan (R$ 5 mil cada). E isso foi confirmado com uma nova derrota.
Abel pedia uma indenização por danos morais de R$ 50 mil, e disse no processo que Mauro Cezar é "um notório torcedor do Flamengo" e que, em "razão da paixão futebolística, muitas vezes emite comentários parciais desprovidos de caráter informativo".
"Foi uma vitória importante, onde a justiça foi novamente feita. O Abel havia ingressado com duas ações contra o Mauro, uma ação na esfera civil, pedindo uma reparação por eventual dano moral, e ficou caracterizado no processo que não houve, que a fala do Mauro não ofendeu a honra ou a moral do Abel. E teve o processo criminal também, no qual o Abel tentou imputar alguma conduta criminosa contra o Mauro e ao juiz em primeira instância conseguimos mostrar que não houve, que ele estava desenvolvendo seu papel de jornalista, não teve nenhuma injúria, difamação ou calúnia. O Abel, não contente com o resultado, recorreu e o Tribunal de Justiça manteve a decisão de primeira instância, dizendo que não houve nenhum crime por parte do Mauro. Então saímos muitos felizes com o resultado, foi aquele que deveria ter acontecido, a justiça foi feita", comemorou o advogado de Mauro Cezar, João Henrique Chiminazzo.
Entenda o caso
Em julho de 2022, Mauro Cezar disse que Abel tinha visão de colonizador após uma entrevista coletiva. Nela, o treinador analisa um jovem atleta (Gabriel Veron) e diz que os jogadores brasileiros tinham muito a evoluir em relação à formação.
De longe, são os melhores que eu já joguei, mas mentalmente têm muito que evoluir, a nível de educação, a nível de formação enquanto homens. Eles não têm essa formação. Eles, às vezes, não têm noção do que estão a fazer, não tem noção nenhuma e apostar na formação é isto. Abel Ferreira.
O jornalista disse que o comentário de Abel era "papo de colonizador". "Então europeu não bebe, não faz bobagem, é todo mundo disciplinado. Eu não gosto quando os portugueses vêm para cá com esse papo furado. Abel fala em tom professoral, como se estivesse ensinando para nós brasileiros como a gente deve se comportar. Não, não é assim".
O treinador disse que as afirmações do jornalista eram injuriosas e tinham conotação xenofóbicas.
Na defesa apresentada à Justiça, o advogado João Chiminazzo, que representa Mauro Cezar, disse que o processo era uma tentativa de silenciá-lo e que não é a primeira vez que Abel Ferreira tem problemas com jornalistas que estão apenas fazendo o seu trabalho. "Por diversas vezes, foi deselegante e agressivo com jornalistas."
O advogado afirmou que, ao dizer que Abel tem "tom colonizador e professoral, o jornalista apenas emitiu sua opinião, de forma sóbria". "Ao que parece, Abel acredita que somente ele pode emitir sua opinião, não conferindo tal direito ao jornalista", declarou o advogado no processo, ressaltando que Mauro Cezar já fez diversos comentários críticos em relação a membros do Flamengo.