Tite conta detalhes após arritmia e alerta sobre La Paz: 'Vai dar problema'
Tite celebrou o retorno ao Flamengo, na vitória contra o Bahia, após sofrer uma arritmia no jogo da equipe em La Paz, na Bolívia, na semana passada. O treinador, porém, fez um alerta sobre atuar na altitude.
Dá para escrever um capítulo de livro. Pelo lado humano, o que todo mundo passou. O que o doutor passou. Eu sentia do doutor a responsabilidade, os cuidados, o diagnóstico. Ele queria saber o por que e ficava do meu lado a viagem toda. Meu filho pedi para ficar na minha frente e ele quis ficar atrás. Me senti cuidado por eles. Tomara que as pessoas deem ouvido à ciência. Está aí para que a gente possa usufruir dela humanamente. Jogar em La Paz é muito difícil. Não vou usar o termo desumano, mas te traz uma série de problemas muito fortes. Eu não gostaria de dizer isso, mas se não derem um intervalo de parar no primeiro e no segundo tempos, vai dar problema. Deu comigo e vai dar mais sério. Estou antecipando.
É absurdo a Conmebol obrigar as equipes a estarem um dia antes lá. É um desrespeito à ciência. Todos os médicos sabem que a partir de seis, sete, oito horas começa a ter uma série de coisas. Queremos chegar na hora do jogo e o clube é multado. Só sosseguei na hora que fiz todos os exames. O doutor falou para a esposa, para o filho, a direção toda. Obrigado ao departamento médico do Flamengo. Tite, em entrevista coletiva
Em 2022, Tite se envolveu em polêmica ao dizer que La Paz era desumano. Desta vez, ele evitou usar a palavra. Na época, o comandante, ainda na seleção brasileira, pediu desculpas e disse que o termo foi infeliz.
O que mais ele disse?
César Sampaio sobre punição da Conmebol por atraso: "Temos a nossa direção que nos representa. Cabe a nós dentro do que nos é passado nos ajustar para defender o Flamengo com o que tem de melhor. É difícil se posicionar sobre isso".
Formação: "Queríamos mais jogo apoiado com o Gerson. A flutuação do lado direito com o Juba, que fica mais atrás, dava essa liberdade maior. No segundo tempo, continuamos, demos um volume maior e na jogada aconteceu o gol e as oportunidades. O Luiz também se adaptou ao lado esquerdo, teve velocidade e pressão em cima dos zagueiros. A equipe tem opções durante o jogo. O Léo Ortiz tinha um cronista esportivo no Rio Grande do Sul que falava: ele é um grande jogador de futebol. Não importa a função, é um grande jogador. Ele jogou muito e a equipe também".
Voltar à Neo Química Arena, contra o Corinthians: "Só Bahia e o jogo de hoje. Tem bastante coisa para falar. A felicidade pela performance da equipe, as decisões que temos de tomar em cima de uma sequência, as entradas dos atletas. O Igor que não vinha entrando, entrou bem. Depois machucou um atleta e ficamos com 10 homens. A recomposição, BH de 9. Tem um monte de coisa legal".
César Sampaio, sobre lesões: "Todas as equipes tem tido problema com o calendário. Cabe a nós desenvolver soluções. Estamos procurando a saúde dos atletas, a fisiologia sempre nos passa a realidade de cada um para o próximo jogo. Estamos planejando em cima de uma revisão, ver os que estão em condições. Tem sido assim. Estamos conseguindo performar nas três competições assim. Vamos avaliar principalmente o caso do Michael. Cabe a nós tomar as decisões dentro do que temos em mãos e eles tem correspondido".
Lesões: "Talvez não tenhamos tempo o suficiente para ficar falando a respeito. Talvez em outro momento dê para falar o quanto se influencia em todo o trabalho e o quanto se trabalha em função disso. Para que a gente possa tomar a decisão sem expor o atleta, mas acaba acontecendo. Dói. Precisou do Michael porque não tínhamos ninguém, jogou o jogo todo lá. Não era para jogar a partida toda, mas jogou, foi decisivo. Aí precisamos aqui, ele quase ia fazer o segundo gol, porque não foi falta. Não foi nada [no lance]. Ele tirou o corpo. Só para deixar registrado. Um jogador decisivo e perde ele na sequência. Tentamos controlar, tomar decisão, preservar, mas é duro".
Bola aérea: "Sim [houve mudança]. Ficamos observando e houve ajustes sim, ninguém fica escondido atrás das responsabilidades. Nos ajustamos e a equipe foi primorosa em termos de bola parada e bola aérea. Ajustamos".
Jogo: "Se quiser se defender, está mais perto de perder. Nossa proposta aqui é jogar da mesma forma, com pressão onde a bola estiver. Senão vai perder. Podemos e vamos perder, mas a equipe não vai se acovardar. Pode ser por uma circunstância do jogo, é diferente de se posicionar atrás. No segundo tempo fomos melhores, aumentou posse de bola, ficamos perto do segundo gol. A equipe que precisa do placar começa a abrir espaços. Inevitável".
Matheus Cunha: "Com o atleta e toda a equipe: dois grandes atletas competindo de forma leal eles elevam o nível. É assim, foi assim com o Matheus. Uma atleta que foi titular ano passado, mostrou a qualidade. Rossi fazendo um grande campeonato. Você tem dois atletas competindo e elevando o nível técnico. Dá tranquilidade para o desafio que for, eles vão estar preparados".
Reforços: "Primeiro enaltecer. E a torcida tem de passar o carinho para todos os atletas. Muitas vezes entrando em funções diferentes, por todo o número de atletas saindo por lesão, seleção e mantivemos o padrão. Não estou fazendo média, são jogos difíceis, vamos precisar do torcedor no Maracanã para nos ajudar como o torcedor do Bahia ajudou. O grupo acaba inevitavelmente perdendo atletas importantes, por mais que a gente cuide. Agradeço a direção por ficar sensível por isso. Aliás machucou até o técnico e eles me deixaram numa sensibilidade danada. Ganharam o último e falaram que se não ganhasse iriam colocar o filho e a comissão (risos). Brincando para dizer que a força quando se tem energia de grupo ajuda e o Flamengo tem tido isso. Agradecimento às contratações pela necessidade que o Fla tem de abraçar a causa. É importante para todos nós".
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