Tite e preparador tentam explicar lesões no Flamengo: 'Não tem como fugir'

O técnico Tite e o preparador físico Fábio Mahseredjian foram à entrevista coletiva tentar explicar a alta quantidade de lesões no Flamengo. Eles negam que haja erro de planejamento do clube, especialmente no primeiro semestre, quando a conquista do Campeonato Carioca foi priorizada.

Ganhamos a Guanabara e o Carioca. É pouco para o Flamengo, mas estabelecemos como prioridade e me orgulho disso. É construção desse trabalho. Pegamos duas decisivas na altitude, essa sequência. Queríamos ter vencido e jogado melhor? Claro que sim. Poderia ter jogado melhor taticamente, mentalmente, fisicamente. Não nos isentamos disso. Conseguimos classificar na altitude, contra o Palmeiras classificar. "Mas perdeu lá", ganhou de 2 a 0 no primeiro jogo e jogando muito. Não estamos nos isentamos, temos que tomar pau e ficar quietos. Só vir aqui, externar as ideias e buscar com que sejam analisadas no contexto. Tite

É um fenômeno que tem ocorrido no mundo todo. Não só no Flamengo. Tem times no Brasileiro com 12 atletas no DM, o Botafogo que teve um atleta machucado ontem logo no início de jogo com posterior de coxa. Hoje aqui no Corinthians mesmo também. Um outro saiu no segundo, não sei se lesionado, mas também com a mão no posterior de coxa. Não é um fenômeno exclusivamente do Flamengo. Fábio Mahseredjian

O que Tite disse?

Planejamento: "Vê como é contextual. O nível do Carioca é diferente do nível técnico do Brasileiro. Temos de contextualizar isso. Se não fica "ganhou está bom, perdeu não está". Se deixar com que o calendário determine o que tem que fazer... temos de vir aqui tomar as decisões, vocês tem de vir elogiar ou criticar. Ter uma capacidade de analisar ou não, entender ou não, normal. Faz parte do jogo. Apenas informações que não sejam verdadeiras eu cobro muito. Cuidado que tempos de recuperação são diferentes, viagens são diferentes. Jogamos na Bolívia quinta e chegamos em casa às 8h. Para jogar no domingo contra o Bragantino. Segunda, terça e quarta joga contra o Bahia. Seis dias, dois jogos e duas viagens. Qual o tempo de recuperação? Qual a viagem? Gostaria que o Corinthians tivesse jogado com o time inteiro contra o Juventude porque viria com uma intensidade menor, mas não teve. Não dá para fazer as duas. Ganhamos a Guanabara e o Carioca, é pouco para o Flamengo, mas estabelecemos como prioridade e me orgulho disso. É construção desse trabalho. Pegamos duas decisivas na altitude, essa sequência. Queríamos ter vencido e jogado melhor? Claro que sim. Poderia ter jogado melhor taticamente, mentalmente, fisicamente. Não nos isentamos disso. Conseguimos classificar na altitude, contra o Palmeiras classificar. "Mas perdeu lá", ganhou de 2 a 0 no primeiro jogo e jogando muito. Não estamos nos isentamos, temos que tomar pau e ficar quietos. Só vir aqui, externar as ideias e buscar com que sejam analisadas no contexto. O Corinthians deixou um time "fresh" para atuar no jogo que era mais importante. Nós fizemos isso contra o Botafogo. Era muito difícil. Tínhamos outro jogo. Peguei seis jogadores e falei, três vão jogar no primeiro tempo e três no segundo. Passo para a diretoria. Planejei metade do tempo Arrasca e metade Nico. Foi seguindo e o Nico não recuperava. Arrascaeta nos chamou e disse "deixa que eu jogo mais tempo. Estou bem". Ele machucou com oito minutos. Gerson a mesma coisa. Não é uma máquina. Nós temos de compreender tudo isso e respeitar quando a crítica vem. Tomamos decisões. É sempre um contexto físico, técnico, tático e emocional que determina. Está tomando pau agora pela parte física, mas é o conjunto, sabemos disso."

Queda de produção: "Tem que voltar no padrão Palmeiras, Bolívar, Bragantino. Se tivéssemos um pouco mais de lucidez na parte ofensiva hoje teríamos feito mais gols. Vai recuperar os atletas machucados para ter um padrão parecido com esses jogos. Vai precisar."

Queda no segundo tempo: "Isso de se desorganizar eu associo ao número de oportunidades do adversário no segundo tempo. Não vi um número grande. O Botafogo criou bastante, sim. Mas hoje não. Teve efetividade. Foi uma bola de profundidade no contra-ataque que até o cruzamento do outro lado, montra a linha de três, teve a cavada do Yuri e o Talles marcou. As circunstâncias te moldam. Quando a equipe vem com bastante modificações, não fica sempre bem. As vezes vai oscilar pelas modificações, pelas lesões e porque do outro lado tem um adversário de qualidade."

Defesa: "Temos que procurar equilíbrio. Minhas equipes são equilibradas, não primam por uma ou outra situação. Se eu me autodenominasse, seria camaleão. Não posso fazer o que eu imagino ser o melhor, mas sim o que as equipes tem. Se espelhar minha história, tem um 3-5-2 com o Grêmio, 4-4-2 com o Caxias, 4-2-3-1, 4-1-4-1. Tenho que me adaptar, é a minha função. Dentro desses aspectos, equilibrar de uma forma ou de outra. Inclusive em bola parada ou bola aérea. Hoje de bola parada não, de novo fomos bem, mas de bola aérea. Teve o cruzamento, a qualidade do adversário. É uma jogada construída, não de falha".

O que o preparador disse?

Lesões: "É um fenômeno que tem ocorrido no mundo todo. Não só no Flamengo. Tem times no Brasileiro com 12 atletas no DM, o Botafogo que teve um atleta machucado ontem logo no início de jogo com posterior de coxa. Hoje aqui no Corinthians mesmo também. Um outro saiu no segundo, não sei se lesionado, mas também com a mão no posterior de coxa. Não é um fenômeno exclusivamente do Flamengo. Ano passado saiu uma reportagem no Mirror, da Inglaterra, que na rodada da Premier League 30 jogadores não iriam atuar porque estavam com lesões de posterior de coxa. Foram as três que fomos acometidos. Gabriel, Michael, Pedro e Nico. Esses nos assustaram mais e foi concentrado. Dá uma imagem que parece que está tudo errado, mas não está. Está tudo equilibrado, sabemos o que estamos fazendo. Essas lesões vão continuar ocorrendo. No primeiro semestre participei de um coletiva e disse que as lesões iriam ocorrer. Não tem como fugir. Porque o futebol está mais intenso. Existem artigos científicos disso. Tem um da Premier League que acompanhou sete temporadas. A distância percorrida foi a mesma, uma diferença de 2%. O que aumentou foi o número de piques em 85%, a distância percorrida em alta velocidade (entre 20 e 25 km/h), 30%. A distância em sprint, acima de 25 km/h, em 35%. O futebol mudou. Nós e outras equipes enfrentamos 13 jogos consecutivos agora nesse período congestionado pós final da Copa América. Com decisões duras, viagens longas. Jogar na altitude é difícil e foi uma decisão. Esse ano e ano passado o acréscimo do jogo aumentou, hoje foram 18 minutos. Só o Gerson, nesses 13 jogos seguidos, jogou 14 jogos e meio. Quase um jogo e meio a mais por causa dos acréscimos. E contra o São Paulo e Botafogo ele jogou somente um tempo. A lesão do Arrascaeta foi de adutor. Ninguém esperava e nenhum exame detectou a possibilidade. É difícil prever uma lesão. Tenta atenuar, mas prever ou prevenir é muito difícil. Não é uma realidade só nossa. É sazonal. Esse intervalo que vamos ter agora nos dará um tempo de nos reequilibrar e recuperar os atletas. Não vamos mais ter 13 jogos consecutivos, e sim oito. Depois, se tudo der certo e avançarmos nas competições, mais oito partidas seguidas.

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Ir com força máxima no Carioca foi erro de planejamento? "O Carioca acabou em abril. Dou certeza que esse não foi o fato de ter alguns jogos que a performance física pode ter influenciado. Aconteceu do final de fevereiro a abril, então com certeza não. O que posso afirmar é que a sequência de jogos agora, os 13 consecutivos, com partidas decisivas contra equipes de altíssimo nível, como foi com o Palmeiras, influencia. Jogamos três vezes contra eles em condições adversas para nós com o sintético. Não vejo tantos jogos assim de termos um desequilíbrio físico no fim. Foi assim contra o Botafogo? Acredito que sim. Tivemos um decréscimo físico e estou aqui para assumir. Mas muitas vezes jogamos contra equipes que tem um dia a mais de descanso do que nós. Foram várias vezes que atuamos quinta e domingo e o adversário jogou quarta. Ou atuamos quarta e sábado e a equipe na terça. Teve o Bragantino que entrou em campo terça e nós quinta, com a viagem ainda para a Bolívia. Muitas vezes tivemos desvantagem de descanso em relação aos adversários. Mas com certeza o Carioca não teve erro de planejamento, não"

Contato com a seleção: "Quando estávamos lá recebíamos dos clubes e o Flamengo já enviou à comissão técnica os dados dos dois atletas. Principalmente nesse período congestionado. As métricas do GPS, se tem alguma reclamação. No caso do Pedro, o Tannure (chefe do DM do Flamengo) conversou com o Rodrigo Lasmar (DM da seleção), ele recebeu os exames. Todos os dados que tem dentro do Flamengo foram comunicados à CBF. Temos certeza que eles vão estar muito bem resguardados".

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