Como loucura do Chelsea no mercado ameaça Estêvão e rival do Equador
Estêvão e Kendry Paéz, duas das maiores promessas do futebol mundial, se enfrentarão em Brasil x Equador nesta sexta-feira (6). A dupla se encontra antes de tentar quebrar uma "maldição" recente com jovens sul-americanos no Chelsea.
O que aconteceu
O Chelsea não tem sido um bom lugar para os mais novos. Dentre os brasileiros, Ângelo, Deivid Washington e Andrey Santos são exemplos recentes.
O clube inglês investe alto, mas apresenta dificuldade para cuidar da evolução de jovens atletas. O time B ou o Strasbourg, clube satélite na França, são os destinos mais comuns para os que não se firmam.
A gestão mudou, mas o sucesso sul-americano no Chelsea, principalmente entre os mais jovens, é raro historicamente, vide os casos de Kenedy, Nathan Pescador, Wallace Oliveira e Lucas Piazón. Duas exceções são Enzo Fernández e Oscar.
Estêvão e Kendry Paéz tentarão superar essa sina a partir de 2025, quando completarão 18 anos e se apresentarão aos Blues. Ambos têm a promessa do clube de que estão nos planos do elenco profissional.
A dupla de 17 anos já é destaque em Palmeiras e Independiente del Valle e também nas suas seleções. O encontro que poderia ser no sub-20 já ocorrerá nas Eliminatórias nesta sexta.
Ele se adapta a qualquer estilo de jogo. O Chelsea tem um grande projeto pra ele, tem tudo pra dar certo. Acho que vai ser um projeto muito bom pra ele. Eu vejo um clube que está formando um time jovem, muito forte. É óbvio que formar um time não é fácil. Talvez a gente seja a cereja do bolo André Cury, empresário de Estêvão, ao UOL
A estratégia de mercado do Chelsea
O Chelsea tem adotado uma política diferente de outros clubes no mercado de transferências. Na janela do verão europeu, a equipe londrina foi quem mais comprou (R$ 1,6 bilhão) e quem mais vendeu (R$ 1,3 bilhão) jogadores.
Na pré-temporada, o clube chegou a ter 45 jogadores no elenco. Atualmente, são 30 atletas contratados — na Europa, os clubes costumam ter elencos profissionais entre 20 e 25 jogadores.
De acordo com empresários ouvidos pelo UOL, a equipe inglesa tem um plano bem definido ao comprar uma grande quantidade de atletas, sobretudo jovens. Há dois objetivos principais: um esportivo, outro financeiro.
A ideia, desde o ponto de vista financeiro, é ter jogadores que possam ser emprestados e depois revendidos por valores superiores ao de compra. O Strasbourg, da França, tem sido um destino comum para atletas da equipe londrina. Atualmente, são três os jogadores cedidos à equipe francesa, entre eles o brasileiro Andrey Santos, ex-Vasco.
Um exemplo recente do modus operandi do clube é outro brasileiro: Ângelo. Comprado ao Santos por 15 milhões de euros (R$ 93 milhões) em 2023, ele foi vendido ao Al-Nassr, da Arábia Saudita, por 23 milhões de euros (R$ 142 milhões). Na temporada passada, também jogou emprestado ao Strasbourg.
Com esse modelo, o clube planeja ter, em médio prazo, rendimentos suficientes para ter mais margem de pagar salários altos, sem ter problemas com o fair play financeiro na Inglaterra, conhecido como PSR (sigla em inglês para Regras de Lucro e Sustentabilidade).
A regra, apontada como uma das responsáveis pelo arrefecimento do mercado na Premier League nesta temporada, prevê punições a clubes que gastarem mais do que arrecadam. Na temporada passada, o Everton já foi punido por este motivo com a perda de pontos.
O olhar do Chelsea na América do Sul
O clube londrino investe em captação e quer vencer cada vez mais a disputa por jovens jogadores do futebol mundial.
Na América do Sul, o trunfo é o analista Alysson Marins. Ele chefia o scout no continente após passar mais de 10 anos no Corinthians.
No clube do Parque São Jorge, Alysson foi observador técnico, analista e coordenador de captação na base, com diversas promoções. Ele deixou o Timão em 2023 por desavenças políticas com Jaça, funcionário extraoficial que tomava decisões importantes no departamento.
O profissional que viu as principais promessas da base desde criança foi rapidamente absorvido pelo mercado e chegou ao Chelsea, onde indicou tanto Estêvão quanto Kendry Páez.
Como a seleção enxerga o Chelsea?
A CBF não está preocupada com a dificuldade dos talentos brasileiros no Chelsea. O entendimento é que essa situação é normal.
Um exemplo é Savinho, que precisou jogar no time B do PSV, Troyes e Girona antes de chegar ao Manchester City com status de realidade.
A confederação brasileira crê que esse empréstimo ao Strasbourg pode ser mais valioso ao atleta que não jogar com frequência no próprio Chelsea.
A CBF conhece os jogadores independentemente da afirmação no clube londrino e usa esse histórico para avaliar. 15 dos atuais convocados do técnico Dorival Júnior passaram pela base da seleção.
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