O advogado Rui Fernando, que presta serviços ao Corinthians desde 2019, revelou à Polícia Civil que a primeira minuta do contrato entre Corinthians e Vai de Bet teve o campo de intermediário deixado em branco.
O que aconteceu
Segundo fontes da polícia, Rui afirmou que deixou a área de intermediação do contrato em branco a pedido do então diretor jurídico do clube, Yun Ki Lee, demitido em julho. O depoimento do advogado foi concedido à 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), nesta quinta-feira (5).
A versão de Rui bate com a do próprio Alex Cassundé, que intermediou o contrato de patrocínio entre o Corinthians e a Vai de Bet. Em junho, o empresário disse não ter intermediado o contrato com a casa de apostas e que só foi colocado no documento para receber R$ 25 milhões em comissão. De acordo com ele, a negociação teria sido conduzida pelo presidente Augusto Melo, junto com Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing).
Para os investigadores, a situação é incomum e levanta suspeitas, principalmente pelo posicionamento oficial do Corinthians afirmar que Cassundé participou de todas as tratativas com a Vai de Bet desde os princípio.
"O Sport Club Corinthians Paulista esclarece que desde sempre, assim como é de prática habitual do mercado, houve a atuação de uma empresa interveniente, cuja responsabilidade foi de captação e intermediação da negociação entre a marca e o clube e sem a qual não teria sido possível celebrar o maior acordo de patrocínio da história do futebol brasileiro", disse o clube por meio de comunicado, em maio.
Detalhes do depoimento
Segundo o depoimento de Rui, no dia 28 de dezembro de 2023, Yun Ki Lee pediu a Rui que elaborasse uma pré-minuta apenas com informações da Pixbet (CNPJ da Vai de Bet).
Ainda segundo Rui, no 2 de janeiro, após a posse de Augusto Melo, Yun voltou a conversar com Rui e pediu que a primeira versão do contrato fosse feita com os dados da Vai de Bet, de André da Rocha Neto, CEO da casa de apostas, de Aislla Rocha, co-CEO, mas com o campo de intermediário em branco.
No dia seguinte, o advogado recebeu de Yun o nome e os dados de Alex Cassundé para ser colocado no contrato.
O contrato foi firmado dias depois, com total anuência do departamento jurídico do clube.
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