Vitor Roque sobre o Barcelona: 'Pensei que o tratamento seria diferente'
A mágoa de Vitor Roque está refletida nas palavras usadas para descrever a passagem de seis meses pelo Barcelona.
Agora no Betis e ainda emprestado pelo time catalão, o atacante contou seu ponto de vista a respeito da experiência negativa no início da trajetória na Espanha. Na lista, um incômodo não só pelo que (não) aconteceu dentro de campo.
"Eu falo do todo. Pensei que seria diferente, tanto o tratamento, a forma de jogar e a forma de a diretoria falar comigo. Mas agora já passou. Fico feliz de ter a oportunidade no Betis e novamente estar vestindo a camisa da seleção", descreveu o jogador, após o amistoso vencido pela seleção-20 sobre o México, por 2 a 1, em São Januário.
Como foi a negociação de Vitor Roque para o Barcelona:
Fixo: 40 milhões de euros (213,4 milhões na época)
Bônus: 21 milhões de euros (R$ 112 milhões) - gols, partidas, títulos, finalista da Bola de Ouro e conquista a Bola de Ouro
Impostos e taxas: 13 milhões de euros (R$ 69,3 milhões)
Total: 74 milhões de euros (R$ 394,8 milhões)
Os problemas no clube
Apesar dos valores e da expectativa, a relação não fluiu. Roque até começou com uma marca de dois gols nos cinco primeiros jogos — sempre entrando durante as partidas.
Mas a fonte secou. Perdeu espaço no time de Xavi e terminou fora dos planos do clube para a temporada. Até por isso foi emprestado ao Betis, depois de negar propostas da Arábia Saudita e até empréstimos ao futebol brasileiro.
"Foi um pouco complicado para mim. Cheguei, tive algumas oportunidades, mas não da forma que pensei que seria. Estou com a cabeça tranquila, focado no Betis. Agradecer a Deus pela oportunidade de estar vestindo a camisa da seleção agora aqui", disse ele.
Curiosamente, segundo o jogador, o momento da saída de empréstimo para o Betis foi a ocasião na qual conseguiu mais abertura e proximidade à diretoria do Barça para dialogar sobre a relação entre eles e as expectativas.
"Quando eu saí, conversei, sim (com o Barcelona). Uma das primeiras vezes. Procurei entender por que estavam acontecendo muitas coisas, que não convém falar aqui. E me acolheram muito bem (no Betis), estou muito feliz de ter a oportunidade de estar no Betis", explicou.
Mas quando perguntado diretamente sobre o papel ou culpa de Xavi no processo todo, Vitor Roque evitou criticar diretamente o antigo treinador e ídolo do clube.
"Foi um sonho realizado só de estar lá. Não culpo ninguém. Talvez quem eu tenha que culpar sou eu, de não ter feito as coisas bem. Mas agora estou feliz no Betis, o que é o mais importante", disse.
E a comparação com Endrick
Vitor Roque foi capitão da seleção sub-20 e, mesmo com experiência no Barcelona, sabe que existe uma comparação com Endrick, que está na principal. Até por serem basicamente da mesma geração e terem sido negociados praticamente ao mesmo tempo com gigantes rivais da Espanha. Mas Roque rechaça o paralelo.
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Quero receber"O pessoal brasileiro tenta sempre criar uma rivalidade entre Endrick e eu. Eu fico tranquilo. É um cara com quem eu converso sempre depois dos jogos. Fico feliz dele estar crescendo, na seleção. Estêvão está indo para o Chelsea, também converso bastante", disse ele, sobre a dupla de jovens da seleção principal.
O que mais Vitor Roque disse
O que, de repente, as pessoas fora do clube não viram nos bastidores?
"Acho que é muito difícil sair muito jovem e ir direto para um clube grande assim. Você não vê o que está dentro, tipo a forma como as pessoas tratam você e como isso ajuda. Às vezes, a cabeça não fica boa, procuro trabalhar o máximo o meu psicológico. Mas às vezes é difícil. É duro. Os jornalistas não entendem e batem na tecla sobre dentro do campo. E se você não está bem, vão julgar. Só que não veem o entorno. Mas agora a cabeça tranquila, estou feliz, é o mais importante", acrescentou.
Como lidar com isso?
"Eu sempre fiz terapia, com coach mental. Isso sempre me ajudou, desde os 16 anos, quando subi para o profissional. Passei por obstáculos e sempre me ajudou. Procuro fazer, tem me ajudado bastante."
Sem volta ao Brasil ou Arábia
"Teve sondagem da Arábia, sim. Minha família, empresários e eu conversamos. E vimos que não era a hora de ir para lá. Focar agora na Espanha. Estou há sete, oito meses. Tentar adaptar mais rápido para fazer uma excelente temporada agora no Betis. Do Brasil, teve proposta de empréstimo também, mas vimos que não era a hora certa de retornar e escolhemos ficar na Espanha."
Volta à seleção sub-20
"Estou muito feliz, é sempre um prazer vestir a camisa da seleção, independentemente se é sub-20 ou principal. Claro que o sonho de todos é estar na principal, mas é processo. Sempre respeitei o processo e respeito. Sempre um prazer estar aqui, fico feliz de ter a oportunidade."
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