Socos, sequestro e vício em traições: o que diz o BO contra Caio Paulista
O UOL teve acesso ao conteúdo do boletim de ocorrência realizado por Ana Clara Monteiro, 21, ex-companheira de Caio Paulista, nesta terça-feira (17). Em depoimento à polícia, a tatuadora alega ter vivido uma relação abusiva com o jogador do Palmeiras, além de ter sido vítima de violência física e psicológica por cerca de dois anos e de ter descoberto traições.
Caio Paulista nega as acusações de violência doméstica.
Agressões e sequestro no Rio de Janeiro
Ana Clara alega que os primeiros sinais de violência começaram ainda em 2022, pouco tempo depois de iniciar o namoro com o atleta. À época, Caio atuava no Fluminense e frequentava a boate onde ela trabalhava como caixa, onde se conheceram.
Em abril daquele ano, os dois teriam passado a viver juntos no apartamento do jogador.
No depoimento que durou pouco mais de uma hora, a tatuadora diz que Caio passou a demonstrar muito ciúmes, inclusive de fotos que ela publicava nas redes sociais, e a proibiu de trabalhar.
Segundo Clara, as primeiras agressões aconteceram na madrugada de 30 de setembro, após ela dizer que iria sair de casa por uma suposta traição dele.
No episódio, a jovem conta que acordou às 4h, percebeu que o jogador ainda não tinha retornado para casa e acessou as redes sociais e viu que uma mulher havia publicado um vídeo com Caio.
Acreditando que se tratava de uma traição, ela alega ter arrumado as coisas para sair do apartamento dele. Às 5h, Caio teria voltado bêbado para casa e iniciado uma discussão.
Ela dizia 'eu quero terminar! eu não aguento mais isso! não estou mais feliz'. Nesse momento, ele passou a agredi-la fisicamente, desferiu um chute no seu joelho e ela foi ao chão. Então ele passou a agredi-la com chutes na costela, coxa e pés.
Trecho do BO
Após as agressões, Caio teria se sentado na cama e começado a chorar, pedindo perdão para a ex-namorada. Ela alega que, por medo, se trancou no banheiro. Ao sair, ele pediu que ela o esperasse retornar do treino para que pudessem conversar.
Ele saiu e a deixou trancada em casa. O casal só tinha uma chave e costumavam deixar a porta aberta quando saíam separados. Nesse dia, ele a trancou por várias horas. Quando ele voltou do treino, conseguiu convencê-la a ficar. Segundo a declarante, "manipulá-la emocionalmente", dizendo que nunca mais iria agredi-la, que estava sob efeito de álcool e pediu perdão.
'Vício em traições'
Em um dos trechos do depoimento, Ana Clara afirma que Caio Paulista chegou a procurar ajuda com a psicóloga do Fluminense por um "vício em traições".
Segundo a jovem, o jogador mantinha conversas e casos com várias mulheres. O marido de uma delas chegou a procurar Clara para contar sobre a traição.
As brigas por causa dos affairs do jogador teriam continuado após a mudança do casal para São Paulo, em janeiro de 2023. A tatuadora estava grávida da filha do casal, Maria Clara.
Newsletter
OLHAR OLÍMPICO
Resumo dos resultados dos atletas brasileiros de olho em Los Angeles 2028 e os bastidores do esporte. Toda segunda.
Quero receberSoco e olho roxo
Na madrugada do dia 22 de outubro do ano passado, Ana Clara relata ter sofrido mais um episódio de agressão. O jogador teria saído para visitar alguns amigos em Itaquera, bairro da Zona Leste de São Paulo, no dia 21.
De acordo com a versão, por volta das 20h, Clara foi questionada por Deborah, irmã do jogador, "se ela sabia do noivo dela". Na mesma hora, um amigo de infância do lateral-esquerdo postou uma foto no Instagram, na qual ele aparecia com várias mulheres. Então, a cunhada foi até o local para tirar satisfações.
Clara decidiu ir sozinha para uma balada para "espairecer" e deixou a filha com a babá. Na sequência, Caio teria se passado pela irmã em mensagens de texto para perguntar o local onde ela estava.
Ele lhe enviou mensagem mandando que ela saísse do local, dizendo que se ele entrasse, seria pior. A declarante não tem mais as mensagens devido a um problema no seu celular. Quando ela saiu, por volta de 02:40 da manhã da madrugada do dia 22/10/23, ele a empurrou pelo cabelo [coque], mandando que ela entrasse no carro. A cunhada e o noivo estavam no veículo. Ela segurou na lateral do carro para não entrar, e ele a forçou, a empurrou e lhe desferiu um soco (um gancho) no rosto. A declarante acredita que tenha desmaiado.
Trecho do BO
A jovem não procurou atendimento médico na ocasião, nem registrou boletim de ocorrência, mas fotografou a lesão na face. Ela aceitou as desculpas do atleta e seguiu com o relacionamento.
Última agressão e separação em 2024
De acordo com Clara, a relação se deteriorou, mas um novo episódio violento, em 17 de fevereiro deste ano, foi determinante para que ela pedisse a separação.
No depoimento, ela conta que estava com Caio Paulista em uma boate no Tatuapé, quando uma mulher entrou no camarote e pegou uma bebida. A situação teria gerado uma discussão, e o atleta lhe desferiu um "murro" na boca.
Após o incidente, o jogador se mudou para o apartamento da mãe, que ficava no mesmo prédio, mas eles continuaram a manter um relacionamento. Em maio, no "mesversário" de dez meses da filha, ela terminou.
Desde então, Clara e Caio entraram em litígio para pagamento de pensão alimentícia.
O que diz a defesa de Clara
No dia de hoje, 17 de setembro de 2024, em procedimento conduzido pela Delegada de Polícia Dra. Cristine Nascimento G. Costa, da Delegacia de Defesa da Mulher (01ª DDM), nossa cliente Clara Monteiro prestou depoimento para apuração dos fatos referentes às agressões sofridas por ela durante seu relacionamento com o Sr. Caio Fernando de Oliveira, noticiadas no último sábado, dia 14 de setembro de 2024, em suas redes sociais.
Sobre a ação na esfera cível, tendo em vista que o processo tramita sob segredo de Justiça, não serão reveladas mais informações além das já noticiadas na nota anterior.
No momento oportuno serão prestadas atualizações sobre os desdobramentos do caso.
O que diz a defesa de Caio Paulista
A advogada Ana Beatriz Saguas passou a representar, a partir desta terça-feira, 17 de setembro, o jogador Caio Paulista no que diz respeito às supostas acusações de agressão por parte da mãe do seu terceiro filho.
"Estamos recebendo de forma voluntária diversos relatos que desmentem as versões de agressões e comprovam a inocência do Caio. Quando tivermos acesso ao depoimento que foi dado na Delegacia da Mulher, vamos nos posicionar publicamente. Aproveito para informar que estamos compartilhando todas essas informações com o Palmeiras, e que a advogada Sônia Canale segue defendendo o Caio no processo que corre em segredo de Justiça na Vara de Família", afirmou a advogada Ana Beatriz Saguas.
O que diz o Palmeiras
A Sociedade Esportiva Palmeiras esclarece que, tão logo tomou conhecimento sobre a carta aberta publicada pela mãe de um dos filhos do atleta Caio Paulista em uma rede social, o jogador foi convocado pela diretoria para uma reunião, ocorrida na noite de sábado. Questionado a respeito do relato e das imagens divulgados, Caio Paulista negou ter cometido qualquer agressão e disse não haver processo ou investigação contra ele na esfera criminal. É de conhecimento público que o Palmeiras não tolera qualquer forma de violência e tem no respeito pela mulher um de seus valores fundamentais. Todos os colaboradores do clube devem seguir as normas de conduta estabelecidas internamente, que preveem diferentes medidas punitivas, a depender da gravidade do fato e da comprovação penal. O Palmeiras seguirá acompanhando o caso com a devida atenção.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
Deixe seu comentário