Textor nega problema com Casares e rebate Landim sobre fair play financeiro

Após o empate no Nilton Santos, John Textor, dono da SAF do Botafogo, falou sobre os problemas com Julio Casares, presidente do São Paulo. Ele defendeu que os dois têm boa relação e também citou declarações recentes de Rodolfo Landim, mandatário do Flamengo, que tem disparado contra os altos investimentos do Alvinegro.

Eu realmente aprecio que o Julio [Casares] esteja aqui esta noite. Ele foi um dos primeiros que me recebeu no Brasil de uma forma muito boa. Sei que vocês todos estão reportando um monte de conversas sobre tudo o que aconteceu no ano passado, ou talvez não tenha acontecido, sobre as questões do fair play financeiro. É importante para as pessoas entenderem que os presidentes ainda podem ser amigos, eles podem ser muito civis um com o outro, podem advogar por seus pontos de vista de política pública. Como amigo, eu diria que foi ótimo vê-lo aqui. Demos um abraço forte porque não nos víamos há muito tempo. Nos dias de Libra, foi uma das pessoas que me recebeu melhor.

Nós estamos construindo uma organização, uma equipe. Estamos fazendo investimentos em jogadores e nós estamos gastando consideravelmente menos do que diz a lei do fair play sobre os 75% dos nossos rendimentos em vendas e em salários de jogadores. Acho que o Landim no outro dia disse que precisávamos ter regras porque lugares como o Brasil não têm essas regras, se um investidor vem e se aproveita do fato de que não temos as regras. Mas estamos em total concordância com todas as definições do fair play financeiro ao redor do mundo. Fui o primeiro a falar sobre isso. Eu disse que se não fazemos algo sobre teto salarial e convidarmos investimentos estrangeiros, vão vir de nações de riqueza soberana com dinheiro e petróleo, então nós realmente temos um problema. Sou um advogado para o fair play financeiro.

Casares já teve rusgas com o dono da SAF do Glorioso em meio às acusações de manipulação de partidas do Brasileiro de 2023. A rixa, porém, ficou em segundo plano diante da grande repercussão dos embates de Textor com Leila Pereira, presidente do Palmeiras. A diretoria do Tricolor paulista acionou o dono da SAF do Botafogo em diversos âmbitos judiciais.

Com relação a Landim, o presidente do Flamengo tem criticado em várias entrevistas o alto investimento do Botafogo. Ele defende que o Brasil precisa de fair play financeiro para frear o dinheiro das SAFs.

O que mais Textor disse?

Fair play financeiro: "Eu acho que é impressionante. Quando eu cheguei aqui dois e meio anos atrás eu tinha três jogadores que jogaram na Série A. Comprei o time em março de 2022. Foi reportado que nós compramos mais cedo, mas isso não é verdade. A temporada começa cerca de 15 de abril. Tínhamos que construir do nada. Provavelmente é verdade em termos de investimentos, compra de direitos e de jogadores. Eu tinha que construir tudo de novo, enquanto nossos competidores têm grandes bases, grandes rendas e alto orçamento.

É claro que eu estaria gastando mais do que eles estão gastando para construir meu time e ser competitivo. Me lembro de um torcedor de 17 anos que sempre me enviava comentários no Instagram. A maior parte do tempo era difícil, ele me dizia o quanto me amava, nós perdíamos um jogo e eram xingamentos. Mas ele disse: construa para nós um time competitivo, nós só queremos competir. Então, é isso que eu estou fazendo.

Segundo, estou fazendo exatamente o que a lei da SAF diz. Não sei por que isso ofende outros clubes. A estrutura desses negócios é que eles te entregam o clube e você se compromete a fazer um investimento significativo. Você preferia que eu comprasse banners ou extensões ou que comprasse jogadores para aumentar o valor? Se eu compro um jogador por 20 milhões e ele chega até a seleção brasileira, então talvez ele valha 30 milhões. A lei da SAF convidou as pessoas para um investimento, os contratos me mandam investir. Agora que eu estou investindo de maneira inteligente, sinto dizer às pessoas, mas nossas vendas cresceram cinco vezes mais.

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Nós estamos construindo uma organização, uma equipe. Estamos fazendo investimentos em jogadores e nós estamos gastando consideravelmente menos do que diz a lei do fair play sobre os 75% dos nossos rendimentos em vendas e em salários de jogadores. Acho que o Landim no outro dia disse que precisávamos ter regras porque lugares como o Brasil não têm essas regras. Se um investidor vem e se aproveita do fato de que não temos as regras... Mas estamos em total concordância com todas as definições do fair play financeiro ao redor do mundo.

Fui o primeiro a falar sobre isso. Eu disse que se não fazemos algo sobre teto salarial e convidarmos investimentos estrangeiros, vão vir de nações de riqueza soberana com dinheiro e petróleo, então nós realmente temos um problema. Sou um advogado para o fair play financeiro, mas, por favor, não venham, olhem para o Botafogo e digam que estamos quebrando as regras e nós não poderíamos fazer isso em outros países porque nós poderíamos.

Por último, tem a questão dos vários clubes. Nós temos só uma vantagem sobre os outros clubes e é chamado de confiança. Quando eu tenho um problema com um zagueiro e preciso ir ao mercado encontrar um jogador, eu poderia ir para outro clube, eu poderia fazer um acordo com eles, poderia encontrar alguém que não está jogando muito e contratar. Como Alex Telles. Se eu estou fazendo um acordo com outro clube, ou um acordo com um dos meus clubes, eu ainda tenho que ir no jogador que o convencer do projeto. Você não pode apenas dizer-lhes onde ir. Dizer que talvez você não esteja jogando agora, ou talvez não esteja com contrato, mas venha e nos ajude a ganhar títulos. Todo clube no Brasil pode fazer a mesma coisa que eu faço. Pegue o telefone, chame o outro clube, encontre um atleta, venda o projeto e contrate. A razão pela qual as pessoas estão vindo para nós agora é porque gostam do nosso projeto.

Se não fosse o Adryelson, que veio do nosso clube, seria o Vitinho, que veio de outro clube. Seria o Alex Telles, que veio de outro clube. Então, jogo justo significa que todos têm a mesma oportunidade. Todo clube pode ser um pouco mais criativo e fazer as coisas que eu estou fazendo. A lei da SAF significa que todo pequeno clube tem a oportunidade de ir e encontrar um investidor. Coloque um plano de negócio, faça uma proposta, diga-lhes que o Criciúma é uma ótima oportunidade e deixe esse pequeno clube trazer um investidor. Isso traz dinheiro para o Brasil. É por isso que eles passaram a lei. Essa lei significa que todo pequeno clube pode ganhar uma campeonato. E o que eles estão falando agora é: "ei, mudem essas regras". Se os investidores aparecerem, nós temos problemas. Se os multiclubes aparecerem, nós temos problemas. Não deixe que eles te digam que precisam de fair play. Isso é Palmeiras e Flamengo, e esses grandes clubes se lamentam. É um pouco engraçado, certo? Acredito que todo pequeno clube no Brasil deve sonhar em ganhar uma campeonato. Eu amo o Rodolfo [Landim], eu amo o Julio [Casares]. É um bom debate sobre política pública. Eu vou falar com alguns dos outros presidentes. Acho que devemos ter essa conversa abertamente. Talvez um grande painel, todos nos juntarmos, deixamos o público ouvir. Respeitamos as ideias sobre o futuro do futebol do Brasil. É por isso que devemos fazer a liga que falamos. Podemos ter essas reuniões produtivas o tempo todo, como líderes desses clubes. Eu não acho que um grupo de cinco clubes se juntar e dizer que vamos nos encontrar, fazer sugestões e vamos dizer a todos o que fazer. Isso parece justo? Então, eu acolho o debate."

Vai a São Paulo no jogo da volta? "Não tentem ler muito o fato de eu não ir para São Paulo assistir um jogo. Eu tenho uma família que mora em Flórida, tenho outros clubes e eu olho o calendário. Vou admitir que amo os jogos de casa, amo o amor. Não gosto muito de ir para outros estádios e ver as pessoas levantando o dedo no meio para mim, falando a expressão que os fãs de São Paulo estavam gritando quando eu estava passando por eles. Mas, não, só porque eu não vou para o outro jogo, não quer dizer nada. Na próxima semana eu tenho a primeira viagem do Lyon para a Europa League. Vamos jogar com o Olympiakos, que o dono é um grande amigo. Vou para este jogo por isso. Eu não estou evitando São Paulo. Ando pelo aeroporto de lá o tempo todo. As pessoas são muito boas para mim quando não estão na arquibancada gritando contra. Acho que as pessoas apreciam que eu trago boas ideias ou más ideias, mas sempre ideias novas. Sinto muito amor dos fãs do Brasil. Não estou evitando São Paulo na próxima semana."

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