Gabi Portilho vai da reserva à indicação de melhor do mundo no Corinthians

Indicada à Bola de Ouro, Gabi Portilho vai em busca do quinto título de Brasileiro Feminino pelo Corinthians, neste domingo (22), na final contra o São Paulo, às 10h. A atacante faturou medalha de prata com a seleção, em Paris 2024 e, menos de dois meses depois, disputa mais uma decisão pelas Brabas do Timão.

Vivendo o melhor momento da carreira, Gabi passou por um longo processo no clube paulista antes de se firmar como titular e peça essencial do ataque.

A minha trajetória no Corinthians é bem diferente, porque, hoje eu falo para muitas meninas, você tem que suportar o processo para conseguir chegar aonde quer, sabe? Cheguei no Corinthians um tanto quanto despreparada e fui evoluindo com o tempo.
Gabi Portilho, em entrevista ao UOL

Vivi momentos altos e baixos. Cheguei, fiquei um ano e meio no banco [de reservas], era taxada como a jogadora de segundo tempo e em nenhum momento isso me afetou, porque eu sempre acreditei em mim e sempre acreditei que eu não tenho controle sobre o que as pessoas podem escolher, decidir.

Do banco à titularidade

O reencontro com o técnico Arthur Elias na seleção feminina teve muita emoção no vestiário, principalmente após a conquista da medalha olímpica. Isso porque o treinador teve um papel fundamental para a evolução da atleta.

Eu falo que o Arthur me transformou na atleta que eu sou hoje por acreditar, por confiar no meu trabalho e saber que tinha algo de bom ali. Então, eu não tinha controle sobre as escolhas do Arthur, de começar jogando ou não. Fui confiando no processo e acreditando que eu estava evoluindo, não só como atleta, mas como ser humano. E isso me fez querer continuar aqui.

Quando chegou o momento, eu estava mais do que preparada e agarrei a oportunidade como nunca. Jogar no Corinthians, a disputa é muito grande, você não pode dar mole, você não pode deixar a desejar em um jogo ou um treino. Esquece! Senão você perde sua vaga.

Auge da carreira na seleção

Gabi Portilho comemora a classificação do Brasil à final do futebol feminino das Olimpíadas de Paris-2024
Gabi Portilho comemora a classificação do Brasil à final do futebol feminino das Olimpíadas de Paris-2024 Imagem: Andrew Boyers/REUTERS
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Gabi se fixou como titular no Corinthians, adquiriu protagonismo no futebol brasileiro e colecionou títulos. Porém, até os 29 anos não tinha recebido a oportunidade de disputar Jogos Olímpicos ou Copas do Mundo.

Justamente no período de renovação da equipe verde e amarela, Portilho ganhou a grande chance de ir à Paris 2024. Arthur, que deixou o Timão para assumir o comando técnico da seleção canarinho, foi quem abriu as portas.

Logo após a convocação, que teve seis nomes do Corinthians na lista e inúmeras jogadoras que atuam no Brasil, houve desconfiança. E a conquista da prata foi a resposta que a torcida precisava para confiar no processo de Arthur, assim como fez Portilho há alguns anos.

Eu sempre comento que a gente saiu daqui do Brasil desacreditada. Acho que, desde que saiu a convocação, nós fomos desmerecidas. Falaram que a gente não ia passar da primeira fase, que era um grupo muito jovem, primeiras Olimpíadas de muitas, então, isso ficou muito duvidoso para as pessoas de fora. A gente, que estava dentro, acreditou muito, desde quando o Arthur entrou. Ele sempre teve a mentalidade que a gente ia ganhar as Olimpíadas, que a gente ia chegar até o final, e ele conseguiu carregar o grupo nisso, e o grupo também confiou muito nisso.

O gol que mudou tudo

Ainda que a primeira fase não tenha sido das melhores para a seleção, a remontada das brasileiras teve grande participação de Gabi Portilho. Após a classificação no sufoco para o mata-mata, a atacante fez parte do momento que mudou o roteiro do Brasil em Paris.

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Nas quartas de final, Portilho marcou o gol da vitória sobre a anfitriã França e derrubou um tabu. Até então, as brasileiras nunca haviam conseguido passar das francesas em fases eliminatórias.

Foi um gol muito importante, que ficou marcado na minha vida e na história aqui do futebol brasileiro, né? Quebrar um tabu, ganhar da França dentro da casa delas, classificar a gente para uma semifinal 16 anos depois. Então, fico extremamente feliz por esse momento, está guardado para sempre no meu coração, na minha memória e na história.

Indicação à Bola de Ouro

Gabi Portilho apareceu na lista das 30 atletas indicadas ao prêmio Bola de Ouro 2024, realizado pela revista francesa France Football, que elege a melhor do mundo. A jogadora é a única indicada que atua no futebol sul-americano.

Fiquei muito surpresa, né? Eu não sabia que teria essa indicação. E quando saiu a lista, fiquei muito feliz, sem acreditar, confesso. Acho que viver um momento como esse, ver a história do futebol feminino brasileiro sendo reconhecida, porque isso representa todas as atletas do futebol brasileiro, não só a mim. Eu estou lá, com meu nome, por tudo que eu venho fazendo e fiz, hoje no Corinthians, quanto na seleção.

Tradição da 'Gabi Fitilho'

Gabi Portilho adotou o apelido "Fitilho" pela forma inusitada de comemorar os títulos com papel picado
Gabi Portilho adotou o apelido "Fitilho" pela forma inusitada de comemorar os títulos com papel picado Imagem: CRIS MATTOS/CBG
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Em mais uma final do Brasileirão Feminino pelo Corinthians, Gabi pode conquistar o seu quinto título pelo clube. Neste domingo (22), às 10h, na Neo Química Arena, as Brabas recebem o São Paulo pela decisão do campeonato.

A expectativa é de casa cheia. Pela boa vantagem adquirida pela equipe na casa das adversárias no jogo de ida (3 x 1), o penta nacional tem grandes chances de acontecer. Inclusive, a atacante do Timão já projeta mais um capítulo em sua tradicional comemoração com os papéis picados do pódio.

Decidir em casa com o nosso torcedor, que empurra a gente todo segundo, faz muita diferença. Espero que seja uma final linda, uma festa linda, mas que a 'Gabi Fitilho' volte a viver isso de novo.

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