Caio Paulista depõe à polícia, nega agressão e dá versão sobre briga com ex

O jogador Caio Paulista, do Palmeiras, prestou depoimento à Polícia Civil na manhã da última terça-feira (24) sobre as acusações de agressões feitas por sua ex-namorada Ana Clara Monteiro.

O que aconteceu

O lateral negou as agressões e a acusação de sequestro — de que a teria trancado em casa. Ele compareceu à 1ª DDM-Centro (Delegacia de Defesa da Mulher), no Cambuci, acompanhado de sua advogada, Ana Beatriz Saguas Presas. O UOL teve acesso aos documentos apresentados pela defesa.

Ele falou sobre o relacionamento com a ex e deu sua versão sobre o que ela afirmou. Ana Clara relatou em Boletim de Ocorrência que os episódios de agressões ocorreram pelo menos três vezes entre agosto de 2022 e fevereiro deste ano, quando estiveram juntos. O jogador depôs que eles ficaram um período separados porque "brigavam muito por besteiras".

Perguntado sobre as lesões corporais apresentadas em fotografia por Ana Clara, ou seja, diversos hematomas na costela e no pé, afirma que desconhece referidos ferimentos e que não se recorda de ter a ouvido contar sobre as lesões em questão. Trecho do depoimento de Caio Paulista

Caio Paulista rebateu que tenha vício em traição ou que tenha procurado ajuda psicológica por causa disso. Afirmou que não se envolvia com outras pessoas enquanto estava com ela, mas que Ana Clara "sempre o acusava" de estar com mulheres. Ele, por sua vez, relatou que tinha ciúmes "de uma pessoa normal".

Quanto às alegações de Ana Clara de que o declarante tinha "vício" por traição e que teria procurado ajuda com a psicóloga do Fluminense, afirma que são inverídicas. Inclusive apresenta uma declaração da profissional respectiva negando acompanhamento. Trecho do depoimento

Disse ainda que foi mordido e atacado em crises de ciúmes dela, mas que não revidou, e que desconhece as lesões que a ex apresentou. Sobre o celular de Ana que foi derrubado em um dos episódios, declarou isto ocorreu quando ele estava se defendendo de um golpe que sofreu dela. Também a acusou de manipular mensagens.

Após receber a mordida, puxou o celular da mão de Ana Clara, que escapou e caiu no chão. Ana levantou com raiva e começou a agredir o declarante com socos e joelhadas. (...) Caio declara não ter agredido Ana Clara e que a polícia não foi acionada. Trecho do depoimento

Caio publicou uma carta sobre o caso e acrescentou que apresentou documentos às autoridades. "Uma das minhas maiores decepções foi receber um testemunho de que foi outro homem que causou essas agressões das fotos de setembro de 2022 que ela me acusa, e que ela também é capaz (com base em episódios passados) de se machucar intencionalmente para manipular situações a seu favor", destacou.

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O jogador afirmou que a ex deu quatro relatos contraditórios sobre uma das acusações — a de agressão em boate. Ele completou que as alegações são falsas e que "reafirma categoricamente" que não a agrediu. Caio Paulista segue se apresentando no Palmeiras, que aguarda o andamento da investigação — Leila Pereira disse que ele apresentou "provas robustas" de sua inocência.

O que Caio disse em carta

Venho, através desta carta, detalhar tanto os episódios específicos das supostas agressões, bem como de outras narrativas e informações inverídicas que foram trazidas por ela.

1 - Suposta agressão na madrugada de 30/09/2022

Tenho provas (inclusive com imagens) e testemunhas que na noite do dia 29/09/2022, eu, dois amigos e a minha ex-namorada jantamos descontraidamente na minha residência. Na manhã seguinte, eu e ela saímos juntos de casa. Eu fui me apresentar para cumprir minha programação profissional de treino e viagem para o jogo contra o Atlético Mineiro, em Belo Horizonte, e ela para a casa dela na Rocinha. Inclusive, ela manda áudio e mensagens para minha mãe confirmando não só essa informação relatada como nossa programação na volta da minha viagem. Também possuo as nossas conversas pessoais afetuosas ao longo dessas datas. Na falsa acusação dela, é alegado que eu a agredi e, depois, a tranquei em casa até retornar do treino. E ela também inclui no processo um episódio de ciúmes por parte dela ocorrido no mês anterior, como se fosse a causa de uma possível briga de casal neste dia de setembro.

2 - Suposta agressão na boate em 2023

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Sobre essa falsa alegação, é difícil saber até em qual versão acreditar, pois já foram quatro relatos diferentes para a mesma ocasião: um na vara familiar, um na delegacia, um em entrevista na TV e outro em entrevista no YouTube. Em cada uma delas existem detalhes contraditórios que são facilmente desconstruídos nos testemunhos de pessoas que presenciaram tudo que aconteceu. De qualquer maneira, naquela noite não entrei na boate e não sei o que se passou lá dentro. E que nunca saí de dentro do meu carro, onde sempre estive acompanhado da minha irmã e do meu cunhado, que testemunharam o seu desequilíbrio ao me jogar um copo de bebida alcoólica ao entrar no veículo e as seguidas agressões a mim. Ela chega a alegar que minha mãe e seu marido presenciaram a nossa chegada na garagem do prédio e o hematoma no olho, mas isso não aconteceu. Naquela noite, dormimos na mesma cama junto da nossa filha (a babá é testemunha disso). A primeira vez que percebi que seu olho estava avermelhado, e não roxo, foi pela manhã, assim que ela saiu do banheiro. Questionei o que tinha acontecido e ela se recusou a falar do assunto. Tenho conversas com ela nesse sentido e reafirmo categoricamente que não fui eu que machuquei o olho dela.

3 - Agressão que sofri em 17/02/2024

Esta última situação é completamente oposta ao que foi relatado pela minha ex-namorada, uma vez que o agredido da história fui eu. Tenho até hoje uma cicatriz no braço de uma mordida extremamente violenta, fruto de ciúmes dela sem qualquer fundamento. Neste caso, ela também deu diversas versões contraditórias, ora dizendo que joguei um celular na boca dela, ora dizendo que soquei o rosto dela. Mas tenho testemunhas que viram ela me agredindo com chutes e socos, e me mordendo.

4 - Pensão alimentícia

A mãe da minha terceira filha tem propagado mentiras nas redes sociais e na televisão, afirmando que eu não pago pensão e que nossa filha está passando necessidades. Mais uma acusação completamente falsa. A pensão está bloqueada judicialmente desde o dia 04/09/2024 à disposição dela, conforme consta comprovante bancário. Além disso, continuo arcando com uma série de despesas da minha filha mesmo após esse bloqueio. E tenho todos os comprovantes que nos últimos quatro meses (de 06/05/2024 a 11/09/2024) arquei com R$127 mil entre depósitos para ela e contas pagas.

5 - Outras inverdades

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Minha ex-namorada declara que era caixa da boate em que nos conhecemos. Mais uma inverdade dita à polícia, pois ela era presença vip, informação confirmada oficialmente pelos donos da casa noturna.

Ao tentar desqualificar o vídeo da própria irmã que a desmentiu publicamente em suas redes sociais, insinua que um relacionamento amoroso entre nós seria a causa desse apoio a meu favor. E que essa era a razão da minha ajuda financeira para a família da irmã. Confirmo apenas esta ajuda, mas sempre a pedido da minha ex-namorada enquanto ainda estávamos juntos e em depósitos na conta da mãe delas (cujos comprovantes bancários também são provas materiais).

Um indicativo a mais da conduta da minha ex é a manipulação ao incluir uma foto minha com a minha atual namorada, tentando utilizar como prova de uma inexistente união estável entre nós. Além disso, ela também anexou ao processo uma conversa de WhatsApp adulterada, onde favoritou apenas mensagens que lhe interessavam, ocultando o contexto completo da nossa troca de mensagens.

Para concluir, uma das minhas maiores decepções foi receber um testemunho de que foi outro homem que causou essas agressões das fotos de setembro de 2022 que ela me acusa, e que ela também é capaz (com base em episódios passados) de se machucar intencionalmente para manipular situações a seu favor.

Acusações da ex-namorada

Ana Clara alega que os sinais iniciais de violência começaram ainda em 2022, pouco tempo depois de iniciar o namoro com o atleta. À época, Caio atuava no Fluminense e frequentava a boate onde ela trabalhava como caixa, onde se conheceram. Em abril daquele ano, os dois teriam passado a viver juntos no apartamento do jogador.

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Segundo Clara, as primeiras agressões aconteceram na madrugada de 30 de setembro, após ela dizer que iria sair de casa por uma suposta traição dele.

No episódio, a jovem conta que acordou às 4h, percebeu que o jogador ainda não tinha retornado para casa e acessou as redes sociais e viu que uma mulher havia publicado um vídeo com Caio.

Acreditando que se tratava de uma traição, ela alega ter arrumado as coisas para sair do apartamento dele. Às 5h, Caio teria voltado bêbado para casa e iniciado uma discussão.

Ela dizia 'eu quero terminar! eu não aguento mais isso! não estou mais feliz'. Nesse momento, ele passou a agredi-la fisicamente, desferiu um chute no seu joelho e ela foi ao chão. Então ele passou a agredi-la com chutes na costela, coxa e pés.
Trecho do BO

Após as agressões, Caio teria se sentado na cama e começado a chorar, pedindo perdão para a ex-namorada. Ela alega que, por medo, se trancou no banheiro. Ao sair, ele pediu que ela o esperasse retornar do treino para que pudessem conversar.

Ele saiu e a deixou trancada em casa. O casal só tinha uma chave e costumavam deixar a porta aberta quando saíam separados. Nesse dia, ele a trancou por várias horas. Quando ele voltou do treino, conseguiu convencê-la a ficar. Segundo a declarante, ele conseguiu "manipulá-la emocionalmente", dizendo que nunca mais iria agredi-la, que estava sob efeito de álcool e pediu perdão.

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'Vício em traições'

Em um dos trechos do depoimento, Ana Clara afirma que Caio Paulista chegou a procurar ajuda com a psicóloga do Fluminense por um "vício em traições".

Segundo a jovem, o jogador mantinha conversas e casos com várias mulheres. O marido de uma delas chegou a procurar Clara para contar sobre a traição.

As brigas por causa dos affairs do jogador teriam continuado após a mudança do casal para São Paulo, em janeiro de 2023. A tatuadora estava grávida da filha do casal, Maria Clara.

Soco e olho roxo

Na madrugada do dia 22 de outubro do ano passado, Ana Clara relata ter sofrido mais um episódio de agressão. O jogador teria saído para visitar alguns amigos em Itaquera, bairro da Zona Leste de São Paulo, no dia 21.

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De acordo com a versão, por volta das 20h, Clara foi questionada por Deborah, irmã do jogador, "se ela sabia do noivo dela". Na mesma hora, um amigo de infância do lateral-esquerdo postou uma foto no Instagram, na qual ele aparecia com várias mulheres. Então, a cunhada foi até o local para tirar satisfações.

Clara decidiu ir sozinha para uma balada para "espairecer" e deixou a filha com a babá. Na sequência, Caio teria se passado pela irmã em mensagens de texto para perguntar o local onde ela estava.

Ele lhe enviou mensagem mandando que ela saísse do local, dizendo que se ele entrasse, seria pior. A declarante não tem mais as mensagens devido a um problema no seu celular. Quando ela saiu, por volta de 02:40 da manhã da madrugada do dia 22/10/23, ele a empurrou pelo cabelo [coque], mandando que ela entrasse no carro. A cunhada e o noivo estavam no veículo. Ela segurou na lateral do carro para não entrar, e ele a forçou, a empurrou e lhe desferiu um soco (um gancho) no rosto. A declarante acredita que tenha desmaiado.
Trecho do BO

A jovem não procurou atendimento médico na ocasião, nem registrou boletim de ocorrência, mas fotografou a lesão na face. Ela aceitou as desculpas do atleta e seguiu com o relacionamento.

Última agressão e separação em 2024

De acordo com Clara, a relação se deteriorou, mas um novo episódio violento, em 17 de fevereiro deste ano, foi determinante para que ela pedisse a separação.

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No depoimento, ela conta que estava com Caio Paulista em uma boate no Tatuapé, quando uma mulher entrou no camarote e pegou uma bebida. A situação teria gerado uma discussão, e o atleta lhe desferiu um "murro" na boca.

Após o incidente, o jogador se mudou para o apartamento da mãe, que ficava no mesmo prédio, mas eles continuaram a manter um relacionamento. Em maio, no "mesversário" de dez meses da filha, ela terminou.

Desde então, Clara e Caio entraram em litígio para pagamento de pensão alimentícia.

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