Filipe Luís brinca com água, cita 'máquina na mão' e explica uso de Gabigol
Após estrear com vitória no comando do Flamengo, o ex-lateral Filipe Luís mostrou bom-humor em sua primeira entrevista coletiva como técnico da equipe carioca. O treinador cravou que tem uma "máquina na mão", falou sobre Gabigol e, de quebra, protagonizou um momento curioso com um copo de água posicionado em sua bancada.
Água "boa" e espanhol automático
"Eu posso tomar essa água aqui? É boa ou é de mentira?", perguntou Filipe aos assessores do Fla ao iniciar uma das respostas, já na parte final da sessão.
O ato arrancou risadas dos jornalistas presentes e, ao ser "autorizado" a se hidratar, ele deu alguns goles antes de falar sobre a mudança em sua rotina.
Classificação e jogos
O técnico também se confundiu com os idiomas quando foi questionado por um comunicador chileno sobre a atuação de Erick Pulgar.
Assim que foi orientado a responder em português, Filipe engatou o espanhol. Após a confusão, o ex-lateral se desculpou e exaltou o volante e ex-companheiro de clube.
O que mais Filipe falou?
Retomada de Gabigol. "O Gabriel é um ídolo histórico e eu, mais do que ninguém, sei o que ele pode nos oferecer. Um jogador não melhora da noite para o dia, ele precisa de minutos, sequência, carinho e cuidado. Não só o Gabriel: há jogadores que podem ter mais ou menos minutos, é natural. Ele foi uma escolha minha porque sei o que ele pode oferecer. Imaginei como poderia atacá-los e o plano foi em cima dele como 9 e com Bruno Henrique mais aberto. Ele fez um bom jogo e tem muito a evoluir, tanto fisicamente quanto na confiança. Quando a primeira entrar, ele volta a ser o Gabriel mentalmente e, depois, fisicamente. Vou tratar ele e todos com muito carinho."
"Máquina na mão". "Foram 19 finalizações e sete delas no gol. São muitas finalizações. Tendo chances, a bola vai entrar. Meu dever é fazer com que, cada vez que meus laterais chegam no fundo, estejam três jogadores na área. Meu dever é fazer que, quando o Arrascaeta pega a bola, existam jogadores atacando o espaço. E por aí vai. Vão fazer gol sempre? Com certeza, não. Existem dias melhores e piores. Existem grandes goleiros do outro lado, como o de hoje, que foi meu companheiro. Vi um time que criou muitas chances e que conseguiu finalizar, incomodando o adversário em todo o momento. Fiquei feliz, é questão de tempo para a bola entrar. Eu tenho uma máquina na mão."
Ex-colegas em ação. "Vi meus companheiros correndo por mim e me senti muito orgulhoso. Sou um privilegiado. Quando a torcida quer ganhar o jogo, ela ganha sozinha. O apoio de hoje refletiu nos jogadores, e fico feliz de ter conseguido trazer essa energia. É com união que temos que crescer cada vez mais, e conseguiremos isso dentro do campo se correspondermos às expectativas."
Sonho realizado. "Eu tinha um planejamento e um objetivo muito claro no pós-carreira. Me preparei durante muitos anos e estudei bastante. Estou aqui. Antes ou depois, aconteceria, eu sabia que aconteceria. Tentei me preparar o mais rápido possível para viver deste lado. Não é fácil. Estou falando na vitória, isso é mais fácil, mas existirão dias em que falarei na derrota e vai doer. É a profissão que escolhi. Sou muito apaixonado pelo que faço. Tentei deixar tudo mastigado para os jogadores. Eu não tenho dúvida que, fazendo as coisas com paixão, a gente está no caminho certo."
Estreias no Fla como jogador e técnico. "Como jogador, estava com receio porque vinha de lesão. Na Bahia, ficava olhando para as placas do Brasileirão. Não fui aquelas coisas, mas como treinador, é 100% diferente, não tem nada a ver. O que vivi nestes últimos dias foram [o equivalente a] sete anos da minha vida, foi muito intenso, muita preparação para ajeitar as coisas para o jogo. Ficar no banco de reservas não é uma novidade para mim porque já vivi isso, vim aqui no sub-20. O que mais me impressionou foi ver meus companheiros correndo e fazendo o que eu falava. Antes, eu jogava com eles, e agora eu ajustava as posições. Foi o que mais me emocionou."
Pressão no adversário. "A pressão pós-perda, que já estava antes de eu chegar, era forte e sempre foi. É herança do trabalho do Tite. As linhas altas eu quero fazer e colocar alguns ajustes para deixar do meu jeito. É um time que sabe fazer e já fez, eles pressionam todos juntos."
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Quero receberAlex Sandro. "É um jogador extraordinário. Ele atuou por time grande, jogou Copa do Mundo, dispensa apresentações... Pode ser que, em algum momento, ele seja questionado, mas ele faz o time ser mais completo. Foi difícil escolher entre ele e o Ayrton Lucas, eu adoro o Ayrton, foi um cara que vi crescer e que me botou no banco. Ele vai ter os minutos dele. O Alex Sandro tem a idade que eu tinha quando cheguei aqui. Ele não vai conseguir jogar todos os jogos. Eu preciso do Ayrton e ele tem muita margem de evolução: ele já chegou na seleção e pode se manter. Tenho três laterais que é só pegar, fechar o olho e colocar no campo porque sei que vai solucionar meu problema. É a máquina que tenho na mão.
Ritmo menor no 2° tempo. "Depois das trocas e dos ajustes táticos que o Corinthians fez, foi mais complicado porque eles mudaram o sistema e foram para um 5-2-1-2, e não é a mesma coisa pressionar assim. Os jogadores são anárquicos e se mexem muito pelo campo. É difícil ter uma referência de quem vai pressionar. Com as trocas e sem poder ter treinado uma pressão, claro que desajusta, é natural. A gente tentou ajustar e até o minuto 25 foi bem. Depois, realmente o time caiu, mas mesmo assim controlou bem. A linha de quatro fez um jogo fantástico e não tomamos gol. Tem que saber sofrer, não existe time que ataque 90 minutos."
Léo Ortiz e Fabrício Bruno. É o mesmo do Alex Sandro e do Ayrton. O Fabrício e o Léo também são assim, são dois jogadores fantásticos. São seguros e não tem erro, foi uma opção tática e seguindo nosso plano de jogo. Encaixava melhor o Léo neste jogo. No outro jogo vai ser o Fabrício, depois o Davi... costumo fazer estes ajustes dependendo muito do adversário. O Fabrício é um dos capitães, eu adoro ele, sei o quão difícil é ficar fora, mas ele é importantíssimo e será até o final."
Questão física. "É importante porque os problemas físicos podem existir, e o que peço aos jogadores não é fácil. Pressionar os 90 minutos não é fácil, mas quero tentar porque sei que dá, eu já fiz isso. Vão existir problemas físicos, sei o que risco que vou correr porque existe uma mudança de metodologia e treinamentos. É um risco que quero correr, da mesma forma que pressionar é um risco. O mais fácil é ficar em bloco baixo, você corre menos risco. Sei o risco que corro ao pressionar e na parte física. Os jogadores que estão fora, quando houver problema físico, são tão bons quanto os que estão jogando. Eu não reclamo, é um privilégio estar vivo na Copa do Brasil e ter um Brasileirão para jogar."
Convite e mudança rápida. "Dormi no domingo tranquilamente, a gente tinha um jogo contra o Porto Vitória no sub-20, o time, aliás, ganhou. Acordei de manhã com uma ligação do Marcos Braz com o convite. A partir disso aí, não parei mais. Fui para o CT e, praticamente, vivi ali. São muitas decisões a tomar e, por sorte, tenho uma comissão fantástica, de pessoas únicas que me ajudaram demais. Com certeza, isso não é só o Filipe Luis. Eles conseguiram dar uma informação clara para os jogadores nestes dois dias. Sonhei bastante com o Flamengo e esqueci de almoçar um dia. Quando a gente é apaixonado pelo que faz, não é trabalhar, é prazer."
Papo com Zico. "Ontem, estava indo para a cama e vejo no meu celular: 'Arthur Coimbra'. É interessante, é muito bom ter o Zico como amigo. Nunca me parece normal. É um privilégio. Ele me ligou, me deu conselhos e falou um pouco da vida dele como treinador. Não consigo ficar normal perto de Zico, Júnior, Athirson... são ídolos, mas estou me acostumando."
Pulgar. "Erick é um ex-companheiro, conheço ele perfeitamente. Sei como ele estava e o que ele poderia dar. O Dorival adorava ele, mas não conseguiu colocar ele no time. No ano passado, ele foi um dos três melhores da temporada. Todo jogador do mundo passa por altos e baixos. O Erick pode ter tido um momento mais difícil. Acho ele um cara mais posicional, é um volante que monitora bem e sabe perfilar. Para o meu jogo, é fundamental. Hoje, fez um baita jogo. Dei parabéns para ele porque, para mim, os jogadores mais importantes para mim são os dois volantes. São o coração do time. Ele cumpre bem, fica na posição, cuida da defesa, compacta bem o time para frente... vou ter muito cuidado. Difícil falar que é titular porque outros também podem, mas fico feliz por ter recuperado a confiança dele."
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