O X de Elon Musk pagou uma multa de R$ 28,6 milhões e está perto de ser liberado no Brasil. A notícia anima os produtores de conteúdo dos clubes de futebol do país.
A volta do antigo Twitter representa mais trabalho para os administradores dos perfis das equipes, mas isso não é problema. Os profissionais de social media sentem a falta da "rede social das notícias".
As equipes migraram para o Threads ou Bluesky e adaptaram a comunicação no Instagram, porém, o X tem suas especificidades. Ao mesmo tempo que tolera mais brincadeiras, é também o local onde há mais cobrança do torcedor.
As principais entregas comerciais são feitas no Instagram. Só que o X, mesmo com menor engajamento e número de seguidores nos perfis, tem seu público cativo.
Por mais que o seu banimento resulte nesta grande migração de público, é impossível que, em tão pouco tempo, outra rede social acabe herdando completamente esse hábito que o X/Twitter criou ao longo dos anos. Faz muita falta. O apelido de "diário" que ele recebia de alguns usuários não era por acaso. É uma plataforma que cria um vínculo muito forte com o usuário e substituí-la não é algo simples, ainda mais quando muitos ainda nutrem uma grande esperança em seu retorno.
Ricardo Cardoso, head de mídias sociais do Santos
Muitos torcedores não escolheram uma rede social substituta. "Acabaram não migrando para outras redes, justamente pela característica única que o Twitter tinha em relação ao conteúdo", disse Leandro Boeira, content creator do Avaí.
Há três principais aspectos da falta do X na rotina dos clubes: anúncios, material de serviço e a "transmissão" dos jogos.
O X ficou famoso pelas interações entre clube e torcedor antes de anúncios como contratações de reforços ou renovações de contratos. Esse "suspense" não funciona bem em outras redes.
Muitos torcedores se informavam por meio do antigo Twitter pela venda de ingressos, horário de atendimento, visitação aos clubes e até de quando ia para o ar algum vídeo importante, como de bastidores de vitória. O UOL ouviu que o Palmeiras, por exemplo, recebeu mais ligações com dúvidas de associados nos últimos dias.
Outra diferença é o "Tempo Real" dos jogos. Os clubes publicavam lance a lance o que ocorria nas partidas e boa parte da torcida sem acesso à televisão no momento ou fora do estádio recebia notícias por ali. No pós-jogo, em caso de vitória, eram normais a zoação aos rivais, enquetes de melhor em campo e outros conteúdos.
Esse modelo não funciona da mesma forma no Threads, que é ligado ao Instagram, e não tem o mesmo impacto no BlueSky.
"O impacto que era gerado no X ainda está longe de ser igualado", resumiu Ricardo Cardoso.
Fora do ar desde o dia 31 de agosto, o X gera saudade nos usuários e em quem produz conteúdo na plataforma. Para sorte deles, Elon Musk parece perto de um acordo para reativar a rede no Brasil.
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