Polícia questiona Corinthians sobre R$ 56 milhões pagos pela Vai de Bet
A Polícia Civil questionou o Corinthians pela primeira vez desde que as investigações sobre o caso Vai de Bet começaram, em maio de 2024. O inquérito policial apura repasses feitos pelo intermediário do patrocínio à empresa "laranja".
O que aconteceu
O delegado Tiago Fernando Correia questionou o Corinthians a respeito dos R$ 56 milhões pagos pela Vai de Bet ao clube por meio de intermediadoras financeiras que não constavam em contrato e não autorizadas.
No mesmo ofício, o delegado solicita o e-mail ou outra forma de contato de Luís Ricardo Alves, o Seedorf, superintendente financeiro do Corinthians, para notificá-lo do novo depoimento por videoconferência. No último dia 4 de setembro, Alves teve sua oitiva suspensa por ação deliberada de seu advogado em direcionar as respostas.
Esta é a primeira vez que a polícia notifica oficialmente o clube na investigação, desde que o departamento jurídico enviou as notas fiscais e informações do contrato de forma espontânea, em junho.
Entenda o caso
Em setembro, a reportagem do UOL revelou detalhes do depoimento de Rui Fernando, advogado que prestava serviços ao clube desde 2019.
Em seu relato, o advogado disse à polícia que a Vai de Bet usou três empresas que não constavam no contrato para transferir R$ 56 milhões ao Corinthians. Dois dos CNPJs das intermediadoras usadas pela casa de apostas são ligados à Pagfast EFX Facilitadora de Pagamentos e o outro pertence à OTSafe - Intermediação de Negócios.
Segundo a cláusula 3.4.1 do contrato, a Vai de Bet só poderia utilizar as intermediadoras Zelu Brasil e a Pay Brokers — inclusive, ambas foram alvos da Operação Integration, da Polícia Civil de Pernambuco.
A condição foi acrescentada justamente para que o clube pudesse fazer a "checagem cadastral" das intermediadoras que surgissem após a assinatura do contrato.
Caso a Vai de Bet desejasse pagar o clube por meio de outras financeiras, teria de solicitar a autorização por escrito com antecedência. Rui afirmou que tais solicitações nunca foram feitas, e a equipe não notificou a patrocinadora pelo descumprimento do acordo.
Dos R$ 66 milhões que o clube recebeu em cinco meses, apenas R$ 10 milhões foram remetidos por uma das empresas previamente autorizadas, no caso, a Pay Brokers.
As informações foram obtidas em planilha financeira anexada aos autos e já haviam atraído a atenção dos investigadores. Porém, o relato do advogado reforçou as suspeitas a respeito das transações.