Dorival diz que não se ilude com goleada e quer evitar recaídas da seleção

O técnico da seleção brasileira, Dorival Júnior, evitou euforia desenfreada por causa da goleada por 4 a 0 sobre o Peru, pelas Eliminatórias.

Foi a primeira vez sob o comando dele que o Brasil conseguiu duas vitórias seguidas — a outra fora contra o Chile.

"Não me iludo muito com qualquer situação, assim como não me desesperei quando as contestações estavam afloradas. Temos que agir dentro do que observamos, trabalhando no dia a dia. Sempre posicionei sobre o que víamos nos treinamentos, diferentemente do que alcançamos no jogo. Pé no chão, tranquilidade, daqui a pouco vamos dar um passo maior diante do momento que temos", disse o treinador.

Dorival disse que tentará evitar o que definiu como "recaída" da seleção. Ele já tinha conseguido uma vitória por 4 a 1 na Copa América, por exemplo, sobre o Paraguai. Mas o desempenho do time não se sustentou.

"Temos que ter consciência de que é um grupo em formação, que carece de ajustes. Não adianta eu afirmar que podem ficar tranquilos e teremos esse nível de atuação. A equipe vai oscilar, talvez tenhamos jogos melhores que essa. Não demos uma chance de gol sequer, retomamos a bola rápida. Raras foram as situações em que trocaram um pouco de passes. São pontos positivos. Mas é um processo oscilatório e natural. Eu entendo se tivermos recaída. Vamos trabalhar para que não aconteça, que possamos diminuir essa condição".

Primeiro para o segundo tempo. "Se defenderam ao extremo no primeiro tempo e tentamos de todas as formas. Jogo não estava fluindo como deveria e como nos preparamos. Imagino que mesmo assim conseguimos o gol, que foi importante. Na segunda etapa, com o 2 a 0, o adversário se abriu um pouco mais, nos dando tudo aquilo que nós queremos: campo para trabalhar. Fico feliz de modo geral, não especificamente pelo segundo tempo. Buscamos fazer tudo que foi trabalhado".

O que mais Dorival disse

Melhora do time e gols no segundo tempo

"O gol do Andreas, se voltarmos um pouco, tivemos pressão na bola na saída, retomada, a troca de lado, as infiltrações antes da bola bater nos pés novamente do adversário. Tentaram saída, não conseguiram, estávamos bem montados à frente da área. A bola bateu no goleiro, recomeçamos a construção, lado esquerdo, direito e a jogada definida com a finta do Luiz e o belo gol do Andreas. Todos os comportamentos são importantes, tudo que foi treinado e trabalhado aconteceu. A dinâmica da troca de passes do segundo tempo mudou pelo segundo gol, com adversário mais exposto. No primeiro tempo era impossível pela forma que estava, circulação um pouco lenta, podíamos ter sido mais simples. Melhoramos e isso foi importante para a construção do resultado".

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Laterais novos

"Vínhamos tendo sustentação defensiva na maioria dos jogos. Nos faltavam ataques em profundidade. Queríamos as bolas nos pés de cada jogador, com aproximação se trabalhava na mesma linha, passando comodidade ao adversário. A partir dessa data batemos um pouco mais em cima. Temos que trabalhar coletivamente, às vezes temos necessidade de trabalhos específicos. Trabalhamos muitas infiltrações no CT do Palmeiras, movimentos sujos que dizemos de quem não recebe a bola. Foi nosso maior ganho. Antecipação, chegada, Danilo também teve boa saída no último jogo, por dentro e por fora. Hoje mais ímpeto, natural, equipe se soltando mais. Muito trabalho, concentração, para criar sem sofrer no sistema defensivo. É a busca por regularidade que todos nós queremos".

Goleada como resposta à cobrança

"Não entendo dessa maneira, não coloco assim. Vivemos no nosso país há algum tempo como atleta, auxiliar, outro tempo maior como treinador. Eu sei o que eu enfrentaria, condições que estávamos, o que havia como necessidade e que teríamos dificuldades. Eu falei ao presidente que não seria um mar de rosas, não, essa mudança nesse momento, possível reformulação necessária, respeitando os que aqui estavam e podem estar novamente. Fico feliz de ver a cumplicidade do torcedor novamente, em Curitiba e em Brasília, o carinho que nos passaram. Nos enchem de orgulho para defender a camisa da seleção, para retomarmos o respeito dentro do cenário mundial do futebol. É o desafio de todos nós que fazemos parte desse ambiente. Temos que resgatar a paixão do torcedor pela seleção. Fico feliz de ver e acompanhar em todas as cidades, o tratamento nos aeroportos. Por estarem vendo a nossa tentativa de mudar para melhor, para buscar a confiança e que passemos isso ao torcedor".

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