Torcedores do Peñarol brigam, ateiam fogo em moto e saqueiam quiosque no RJ

Torcedores do Peñarol transformaram a praia do Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio, em uma verdadeira praça de guerra na altura do posto 12. Os uruguaios saquearam um quiosque, atearam fogo em motos e entraram em confronto com banhistas e policiais militares munidos de pedras, mesas e cadeiras. O time de Montevidéu enfrenta o Botafogo nesta quarta-feira (23), às 21h30, no Nilton Santos, pelo jogo de ida das semifinais da Libertadores.

O que aconteceu

Tudo começou após um uruguaio roubar um celular de dentro de um quiosque. O criminoso foi identificado e preso pela Polícia Militar. Logo em seguida, toda a confusão começou.

A briga teve início na areia e se espalhou pelas duas pistas que dão acesso à praia. Os torcedores do Peñarol entraram em confronto tanto com os policiais quanto com banhistas brasileiros.

Duas motos que estavam estacionadas no local foram incendiadas. Um dos ônibus dos uruguaios também ficou em chamas.

Carros foram depredados e barracas de ambulantes quebradas. Mesas e cadeiras dos quiosques viraram armas nas mãos dos vândalos. Até mesmo caixas de cervejas foram saqueadas.

O Batalhão de Choque foi acionado assim como o Bepe (Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios). O Corpo de Bombeiros também chegou ao local para apagar o incêndio das motos.

Cerca de 200 uruguaios foram detidos. Eles serão conduzidos à Cidade da Polícia, onde serão autuados.

Torcedores do Peñarol já haviam se envolvido em briga no Recreio nas quartas da Libertadores. Na ocasião, o duelo foi com o Flamengo e uma confusão na altura da Praia da Macumba culminou até mesmo em tiros para o alto por parte dos policiais.

Governador: 'Rio não é lugar de baderna'

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, se manifestou na rede social "X". O político destacou que o Rio de Janeiro "não é lugar de baderna" e determinou que os uruguaios sejam escoltados até fora do estado.

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Briga com torcedores do Peñarol terminou em morte em 2019

No dia 3 de abril de 2019 uma batalha campal, em plena luz do dia na Praia do Leme, na Zona Sul (RJ), culminou na morte do capixaba Roberto Vieira de Almeida, então com 56 anos, agredido de forma brutal por torcedores do Peñarol antes da partida contra o Flamengo, pela Copa Libertadores.

Roberto era conhecido no Espírito Santo por fazer excursões, havia décadas, para jogos do Flamengo, e organizou o ônibus que, por volta das 17h daquele dia — segundo denúncia do Ministério Público — parou na Avenida Atlântica, altura do nº 458, para que os turistas conhecessem o local. Porém, o que era para ser um momento de alegria e boas recordações, tornou-se um pesadelo trágico.

Os rubro-negros — que não eram de organizadas — foram atacados pelos uruguaios e Roberto, que tentava apartar, levou a pior, sofrendo golpes na cabeça com socos, chutes, garrafadas e cadeiradas. Ele foi levado ao hospital Miguel Couto, na Zona Sul, já em estado grave.

A internação teve períodos de coma e alguns poucos momentos de esperança, onde chegou a acordar e falar brevemente com familiares. No entanto, morreu em 18 de fevereiro de 2020, após dez meses de internação.

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Imagem: Arte/UOL

Uruguaios ficaram presos por alguns meses

Após a pancadaria em pleno calçadão, e já com Roberto vitimado, a Polícia Militar chegou ao local, entrou em confronto com os uruguaios — que estavam em três ônibus — e conseguiu deter cerca de 151 torcedores do Peñarol.

Após investigação, três deles permaneceram presos: Dennis Oscar Viega González, Fernando Segundo Carreno Tucce e Gianfranco Steffano Cattapan Flores, enquadrados nos artigos 41-B do Estatuto do Torcedor (praticar violência), além dos 129 (lesão corporal grave) e 329 (apresentar resistência) do Código Penal.

Eles ficaram em reclusão até 11 de junho de 2019, quando tiveram as prisões preventivas convertidas para medidas cautelares mediante o pagamento de fiança. A exigência foi a de permanência no Brasil, com endereço fixo, enquanto o caso tramitasse.

Durante este período, tiveram a ajuda financeira de familiares e de organizadas do Peñarol — que fizeram "vaquinha" — para se manterem no país. Também sobreviveram de "bicos".

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O episódio gerou certa rusga entre torcida e a diretoria do Peñarol. Insatisfeitos com o silêncio da cúpula do clube, torcedores levaram ao estádio faixas em apoio aos detidos em um jogo contra o Danúbio, pelo Campeonato Uruguaio daquele ano. Na versão deles, o efetivo policial era pequeno e a confusão começou após provocação de rubro-negros.

Em maio de 2022, em segunda instância, foi dado "parcial provimento aos recursos para redimensionar a resposta penal" à sentença que condenou os uruguaios. No caso de Dennis Gonzales, para dois anos de reclusão, mais dois meses de detenção em regime inicial semiaberto; de Fernando Tucce para um ano e oito meses de reclusão, mais dois meses de detenção em regime inicial semiaberto; e de Gianfranco Steffano para sete anos e oito meses de reclusão, mais dois meses de detenção em regime inicial fechado.

O UOL teve acesso aos termos de comparecimento de Gianfranco Steffano. Ele assinou mensalmente a presença em cartório de 6 de outubro de 2021 até 8 de maio de 2024.

Em julho de 2022 um recurso especial não foi admitido. No mês seguinte, o caso chegou ao STJ, que concordou com os documentos apresentados até então.

Em julho deste ano, após todas as apelações realizadas, o caso foi encaminhado para arquivamento.

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