Skatista se desespera ao ver pista atacada por torcida do Peñarol

Além de quiosques e veículos, o vandalismo da torcida do Peñarol também afetou a prática de esportes radicais no bairro do Recreio dos Bandeirantes. Um local para guardar pranchas de uma escolinha de surfe foi queimada e uma pista de skate foi afetada, colocando em desespero um instrutor que dá aulas no local.

O que aconteceu

A chamada "Pista do Pontal" é uma das mais tradicionais do Rio de Janeiro. Arquitetada para privilegiar a modalidade park, ela fica situada bem ao lado de onde as motos e o ônibus foram incendiados durante a confusão.

Garrafas e pedras foram arremessadas no lugar, além de chamas que foram acessas. Professor de skate, Gabriel dos Santos Ferreira se desesperou ao presenciar a cena:

"Isso aqui é meu ganha pão. Quando cheguei e vi o pessoal jogando pedra, garrafa, tacando fogo, tudo dentro da pista, eu falei: 'cara, ferrou. Eu que não tenho nada a ver com isso não vou poder trabalhar, não vou poder mais dar aula porque estão depredando um patrimônio nosso", disse o instrutor, complementando:

É meu local de trabalho. No momento estou trabalhando só com isso. Ou seja, se isso aqui for destruído eu vou trabalhar como? Vou sustentar minha família como?
Gabriel dos Santos Ferreira, instrutor de skate

Pista foi pintada pelos próprios skatistas

Instrutor de skate Gabriel dos Santos: ao fundo pista de park e ônibus incendiado durante confusão
Instrutor de skate Gabriel dos Santos: ao fundo pista de park e ônibus incendiado durante confusão Imagem: Bruno Braz / UOL

As condições melhoradas da pista foram fruto de uma luta vencida pelos skatistas contra a Prefeitura. Eles precisaram ingressar na Justiça para a construção de uma rampa e também fizeram por conta própria a pintura do local.

A manutenção do concreto também é realizada periodicamente pelos skatistas. Isso porque por ser à beira-mar, o piso sofre com a maresia.

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Estamos zelando por isso faz tempo. Isso aqui quem pintou foi a gente, não foi a Prefeitura, não. A Prefeitura demorou mais de seis meses para deixar a rampa pronta. Isso foi na Justiça que batalhamos. Fizemos um mutirão e pintamos a pista para depois chegar aqui, ter que dar aula hoje e presenciar esse cenário de guerra. Um absurdo! Os caras saem do país deles para vir aqui no nosso quebrar as coisas?
Gabriel dos Santos Ferreira, instrutor de skate

Quase 300 uruguaios detidos

Torcedores do Peñarol transformaram a praia do Recreio em uma verdadeira praça de guerra. Os uruguaios saquearam um quiosque, atearam fogo em motos, depredaram carros e entraram em confronto com banhistas e policiais militares munidos de pedras, mesas e cadeiras.

Um uruguaio roubou um celular de dentro de uma padaria. O criminoso foi identificado e preso pela Polícia Militar. Logo em seguida, a confusão aumentou. Moradores também relatam que atos de racismo motivaram o tumulto.

Um dos ônibus dos uruguaios também ficou em chamas. O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar o fogo.

Ao todo, 283 pessoas foram detidas após a chegada do Batalhão de Choque. Entre essas, 42 eram mulheres. Uma arma foi encontrada em um dos ônibus.

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No início da noite, 21 já haviam sido autuadas, continuaram presas e responderão pelos crimes. As acusações são de porte de arma, racismo, roubo, associação criminosa, incêndio, dano qualificado e resistência à prisão. O restante será escoltado até sair do Estado do Rio de Janeiro.

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