Se algumas das vítimas do vandalismo de torcedores do Peñarol já foram ajudadas por famosos, ao menos quatro delas seguem sem encontrar soluções para seus respectivos veículos que foram queimados ou depredados pelos uruguaios, que transformaram a Praia do Pontal, na zona oeste do Rio, em uma verdadeira praça de guerra na última quarta-feira (23).
O professor de surfe Marcelo Barbosa, por exemplo, continua sem ajuda e com seu carro totalmente destruído. O veículo está no mesmo local em que foi atacado pelos vândalos. Com todos os vidros quebrados, o automóvel está coberto com uma capa para que não entre água nesse período de chuvas que o Rio de Janeiro atravessa.
Sua escolinha, chamada "Recreio Open", tem mais de 30 anos na Praia do Pontal. Além de aulas particulares, também atende jovens da comunidade do Terreirão, que fica na região. O carro era utilizado não só para transportar pranchas como também para levar os alunos para praias próximas.
O veículo de Marcelo, conhecido na região como Hiena, não tem seguro. Ele vive a expectativa de receber ajuda do Governo do Estado do Rio. Em entrevista coletiva na última quinta (24), o secretário de Segurança, Victor Santos, disse estar "empenhado" em indenizar as vítimas desde que elas comprovem seus prejuízos.
Classificação e jogos
Não tive nenhum socorro, continua na mesma, meu carro está lá todo quebrado. Eu forrei para não entrar água. Escutamos que o secretário disse que vai indenizar, mas estou aguardando, né? Estou junto com o pessoal aguardando para ver o que que vai rolar nisso aí. Não posso trabalhar com o carro porque está com os vidros todos quebrados. Tanto o dianteiro como o traseiro e as laterais também
Marcelo Barbosa
Motos queimadas também seguem largadas
Ao menos três que tiveram suas motos queimadas também seguem com as situações indefinidas: Leandro Ribeiro, Natan Nunes e Peterson Ribeiro.
O UOL conversou com o trio neste domingo (27) e recebeu uma atualização dos casos: Natan e Peterson, inicialmente, receberam uma negativa de seus seguros, que alegaram que não cobrem prejuízos derivados de atos de vandalismo.
Após a resposta frustrante, porém, os seguros abriram um diálogo com os dois, que trabalham usando as motos. No caso de Natan, ele diz que está "aguardando a análise". Já Peterson recebeu um posicionamento para esperar por 15 dias úteis, algo que não o deixou satisfeito.
"O seguro não nos dá resposta de nada, se irá pagar ou não. Algumas pessoas estão achando que ganhei moto zero, mas não ganhei nada, não. Alguns influencers me procuraram dizendo que iriam ajudar, mas até agora nada", disse Peterson.
Já Leandro não tem verba para pagar a franquia de seu seguro no momento. Ele diz que "a perspectiva é negativa".
Luciano Huck e influencer ajudam
O quarteto não teve a mesma sorte que um motoqueiro e um dono de quiosque, ajudados por Luciano Huck e um influencer. O apresentador da TV Globo colaborou e divulgou a vaquinha do quiosque "Estação 12", que conseguiu arrecadar mais de R$ 72 mil. Já o influencer Caík Mísera doou motos zero para dois motoqueiros que tiveram suas motocicletas queimadas por torcedores do Peñarol.
No caso do Estação 12, a empresa Orla Rio já havia ajudado também. Ela repôs mesas e cadeiras quebradas, além de itens que foram roubados como microondas, estufas para salgados, entre outros. A reforma será iniciada nesta segunda (28).
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Quero receberRecreio vira praça de guerra e 20 estão presos
Torcedores do Peñarol transformaram a orla do Recreio em uma verdadeira praça de guerra. Os uruguaios saquearam um quiosque, uma padaria, atearam fogo em motos, depredaram carros e entraram em confronto com banhistas e policiais militares munidos de pedras, mesas e cadeiras.
Um dos ônibus dos uruguaios também ficou em chamas. O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar o fogo.
Ao todo, 283 pessoas foram detidas após a chegada do Batalhão de Choque. Um revólver foi encontrado em um dos ônibus.
Em audiência de custódia na última sexta (25), a Justiça converteu para preventiva a prisão de 20 uruguaios. Somente um foi liberado. Eles já se encontram em um presídio no Rio de Janeiro.
Os torcedores do Peñarol foram autuados por diversos crimes: porte de arma, racismo, roubo, associação criminosa, incêndio, dano qualificado e resistência à prisão. Além disso, responderão também por artigos do Estatuto do Torcedor.
Os demais detidos na quarta (23) - cerca de 260 - foram escoltados no mesmo dia até a fronteira do Rio. Eles também responderão por artigos do Estatuto do Torcedor.
O Peñarol emitiu uma nota e culpou o Brasil e a Polícia Militar. O clube também contratou advogados para defender os torcedores que estão presos no Rio.
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