Da ofensa ao incentivo: como surgiu o apelido de 'porco' do Palmeiras

Uma cena inusitada marcou a vitória do Corinthians sobre o Palmeiras por 2 a 0 na noite desta segunda-feira (4): uma cabeça de porco foi arremessada no gramado da Neo Química Arena.

A ação, protagonizada por torcedores do Corinthians, é uma alusão ao apelido do clube alviverde. O termo "porco", que inicialmente carregava um tom pejorativo, hoje é um símbolo de orgulho para a torcida palmeirense, após uma transformação que começou há quase quatro décadas.

Como surgiu o apelido

Teve origem em um contexto trágico. Em abril de 1969, dois jogadores do Corinthians, Lidu e Eduardo, morreram em um acidente de carro. Poucos dias após a perda, o clube alvinegro solicitou à Federação Paulista de Futebol permissão para substituir os jogadores mortos por outros atletas, mesmo após o fim do prazo de inscrição.

A votação entre os clubes foi breve, mas decisiva. Enquanto os primeiros times deram aval ao pedido, o Palmeiras, quando consultado, foi o único a negar, alegando que a decisão precisava de aprovação de órgãos superiores.

Negativa gerou reação do presidente corintiano da época. Insatisfeito, Wadih Helu disse que o Palmeiras havia agido com "espírito de porco". Com o tempo, torcedores adversários adotaram o termo de forma pejorativa para se referir ao clube.

A ressignificação aconteceu em 1986. Naquele ano, o então diretor de marketing do Palmeiras, João Roberto Gobbato, decidiu transformar o termo "porco" em um símbolo de identificação positiva. Com o apoio de líderes das principais torcidas organizadas do Palmeiras, a torcida abraçou o apelido durante um clássico. A imagem do "porco" ao lado do mascote tradicional, o periquito, foi então consolidada como um grito de torcida.

Desde então, o apelido deixou de ser uma ofensa e passou a ser um grito de incentivo: "Dá-lhe, porco!". O mascote de porco acabou se tornando um símbolo de força e resiliência para o Palmeiras, e hoje faz parte da identidade do clube e de seus torcedores.

Cabeça de porco 'entrou' no estádio em sacola

Peça suína foi levada por torcedores do Corinthians antes da abertura dos portões ao público. O arremesso foi flagrado por trabalhadores da festa de recepção da equipe corintiana, que perceberam um homem lançando a sacola com a cabeça por cima das grades.

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Dois torcedores foram detidos no setor sul da arena e levados ao Jecrim (Juizado Especial Criminal) presente no estádio.
Um terceiro homem, conhecido nas redes sociais como Rafael Modilhane "Cicatriz", também está sendo investigado. Ele publicou um vídeo mostrando a compra da peça suína, no Mercadão de São Paulo.

Detidos negaram envolvimento no caso foram liberados após depoimento. O Ministério Público estuda medidas legais, incluindo o banimento deles de eventos esportivos.

Sobre meninos e porcos

"Sobre meninos e porcos" é a terceira temporada do premiado podcast "UOL Esporte Histórias", que conta a história de como as torcidas organizadas saíram da festa e chegaram à violência. O relato é centrado no assassinato de Cleo Sóstenes Dantas nos anos 1980, considerado o marco da chegada das armas de fogo às brigas de torcida. Você pode conhecer essa história em um podcast de seis episódios.

Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir "UOL Esporte Histórias", por exemplo, no Spotify, na Apple Podcasts e no Youtube.

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*Com informações de matéria publicada em 28/04/2019 e 05/11/2024

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