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Do cartão à operação policial: como o caso Bruno Henrique se desenrolou

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/11/2024 15h58

Um ano e quatro dias separaram os cartões que Bruno Henrique tomou no Flamengo x Santos da chegada da operação da Polícia Federal à casa do jogador, em um processo de investigação após alerta de suspeita de manipulação de partidas.

Ao Flamengo, Bruno Henrique diz ser inocente. Ele também afirmou ao STJD que não participou de manipulação.

A punição foi dada pelo árbitro Rafael Klein após Bruno Henrique tentar acertar Soltedo, aos 52 minutos do segundo tempo. Depois disso, ele reclamou de forma acintosa e foi expulso.

Ao todo, o caso investigado pelas autoridades públicos tem dez envolvidos — contando com Bruno Henrique.

Como tudo começou

Inicialmente, as duas empresas/entidades de monitoramento Sportsradar e Associação Internacional de Integridade em Apostas (Ibia) consideraram o jogo normal. Não houve nenhum apontamento de movimentação atípica.

Posteriormente, a Betano indiciou a existência de apostas suspeitas na ocorrência de cartão amarelo para o jogador. Essas apostas, individualmente, tinham lucro individual de até R$ 6 mil. Outras duas empresas do ramo de apostas, Galera Bet e KTO, também tiveram movimentação de apostas nesta punição.

Entre outras pessoas, havia apostas e movimentações ligadas a Wander Nunes Pinto Junior, irmão de Bruno Henrique, Ludymilla Araujo Lima, cunhada dele, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do jogador.

Houve um aviso para a Fifa, que repassou a informação para a Conmebol. A partir daí, a Ibia refez o seu relatório e passou a apontar uma possibilidade de fraude por conta do cartão amarelo.

Esse relatório só estava disponível em junho de 2024 e foi encaminhado à Polícia Federal. Há um acordo entre a PF e empresas de monitoramento para receber avisos sobre suspeitas.

O material também passou pela unidade de integridade da CBF.

Inquérito arquivado

Também foram encaminhadas as informações ao STJD para investigação de manipulação de resultados. O caso foi arquivado com a alegação de que os valores eram irrisórios e que o lance não era necessariamente para cartão amarelo. O STJD também recebeu da Sportsradar a negativa sobre eventos fora do comum no Flamengo x Santos.

Bruno Henrique se defendeu, usou o advogado do Fla. Por isso, a operação da PF nesta terça não foi uma completa surpresa.

Sinais

No decorrer da investigação que também envolve o Ministério Público do Distrito Federal, dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio dos representantes legais indicados pela Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), apontaram que as apostas teriam sido efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda sob apuração.

A operação da Polícia Federal cumpriu 12 mandados de busca e apreensão em cinco cidades diferentes: Rio, Belo Horizonte, Lagoa Santa, Vespasiano e Ribeirão das Neves (as quatro últimas são mineiras).

Houve busca na casa do jogador, que foi acordado pelos agentes. Os policiais entraram e requisitaram o celular de Bruno Henrique, que o entregou. Ele forneceu a senha do aparelho. Uma busca no CT do Flamengo não resultou em nenhuma apreensão.

Até agora, não houve quebra de sigilo bancário de Bruno Henrique. Ele, por enquanto, é investigado em inquérito registrado na 7ª Vara Criminal do Distrito Federal. Ainda não houve denúncia no processo.

O Flamengo decidiu por mantê-lo na viagem a Belo Horizonte, onde enfrentará o Cruzeiro. Não há previsão de afastamento do atleta. A justificativa é a presunção de inocência.

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