Denúncia contra torcedores do Peñarol tem até calote em porção de camarão
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O UOL teve acessos aos depoimentos de testemunhas que foram vítimas de atos criminosos de torcedores do Peñarol presos no Rio de Janeiro. Além dos já conhecidos casos de racismo, roubo, depredação, incêndio e violência, foi denunciado também um calote no pagamento de porções de camarões e batatas fritas que teria dado início à confusão no quiosque.
O que aconteceu
Os depoimentos foram feitos por funcionários do estabelecimento, ambulantes e policiais militares. Segundo os comerciantes, os uruguaios se negaram a pagar pelos petiscos e partiram para o quebra-quebra, furtos e agressões.
Eles também denunciaram à Polícia Civil que um deles estava armado e efetuou quatro disparos. O homem foi reconhecido pelas testemunhas na delegacia.
Veja trechos dos depoimentos transcritos pela Polícia Civil
Soube que a torcida estava no local desde às 5h consumindo bebidas alcoólicas. A partir das 10h, começaram a pedir porções de camarão com batata, mas na hora do pagamento, por volta das 15h, começou a confusão. Eles não queriam pagar e começaram a fazer mímicas de macaco. Logo depois, começaram a quebrar as mesas, cadeiras. Que vários deles tinham facões e paus de barraca e partiram para cima do declarante e dos outros funcionários. Quando os autores foram levados, o declarante voltou e verificou que além de quebrarem o quiosque pegaram dinheiro do caixa, documentação de licença da Prefeitura, todo o material de consumo do quiosque como bebidas e lanches diversos
Funcionário do quiosque
Percebeu que os torcedores do Peñarol começaram a saquear os quiosques; Que além do saque, os mesmos começaram a fazer gestos racistas de " MACACO"; Que um dos torcedores estava com arma de fogo, sendo ele gordinho, branco, por volta de 1,67m e uma tatuagem do Peñarol no peito; Que esse gordinho efetuou quatro disparos na direção do declarante e de outros ambulantes; Que o declarante percebeu que os ânimos estavam exaltados quando vários torcedores, dentre os quais agora sabe se chamar Jorge Lucio da Silva e Jose Telechea, subtraíram sua mochila com casaco, bermuda, dinheiro e chaves; Que o torcedor que portava arma foi quem iniciou toda ocorrência e os outros praticaram o roubo; Que os torcedores quebraram o quiosque; Que pôde perceber que também incendiaram uma moto e quebraram outro carro
Ambulante
Presos alegam que foram agredidos por policiais no local e na delegacia
Na audiência de custódia, os torcedores do Peñarol alegaram que sofreram violência policial. Eles declaram que foram agredidos tanto na praia do Recreio quanto na delegacia.
Dos 21 que tiveram a prisão preventiva decretada, dez foram soltos nesta terça (5). O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, porém, proibiu os mesmos de deixar o Brasil até o julgamento e de frequentar estádios. O TJ-RJ também os obrigou a comparecer ao Juizado do Torcedor e de Grandes Eventos a cada dois meses.
Alguns dos presos estão sendo defendidos pelo escritório brasileiro "Gomes & Benfica". Os advogados alegaram que seus clientes sofreram uma "pescaria policial" e uma "tentativa de criminalização coletiva" por não terem provas contra eles. E pediram também a soltura de Felipe Pedrini, de 33 anos, por ele ter deficiência auditiva e precisar de cuidados externos.
Quem também está praticando a defesa dos torcedores é o escritório uruguaio "Jorge Barrera & Asoc", que pertence a Jorge Barrera, ex-presidente do Peñarol.
Os uruguaios estão presos preventivamente em Bangu 8, no Complexo de Gericinó (RJ). A Secretaria de Administração Penitenciária garante que eles estão sendo tratados com "isonomia", recebem quatro alimentações por dia e têm direito a kits de higiene, roupas de cama e permissão para falar com advogados.