O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, assassinado na tarde desta sexta-feira (8) no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, apontou a relação de agentes de futebol com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em março deste ano, ele fez acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP).
O que aconteceu
De acordo com a delação de Gritzbach, Danilo Lima de Oliveira, sócio da Lions Soccer Sports, teria participado de um sequestro, em 2022, a mando do PCC. O caso do sequestro foi arquivado pela Justiça.
Lima foi um dos representantes de Emerson Royal em sua transferência ao Barcelona, em 2021. À época, o negócio foi realizado por meio da UJ Football Talent que, no inquérito, é apontada como uma "empresa sem lastro financeiro". Atualmente, o agente representa atletas em clubes da Série A do Brasileirão e em gigantes europeus.
O empresário também apontou a atuação de Rafael Maeda Pires, conhecido como "Japa", que era da cúpula do PCC, com a FFP Agency Ltda, que possui atletas de destaque na Série A e na seleção brasileira. Japa foi encontrado morto em 14 de maio de 2023, no subsolo de um edifício no Tatuapé.
As provas obtidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) mostram que Japa participou de negociações de Du Queiroz e Igor Formiga com Corinthians, em 2021. Os atletas não estão mais no clube.
De acordo com o MP, os clubes e atletas não possuem envolvimento com o PCC, mas os agenciadores sim.
Gaeco investiga envolvimento do PCC com futebol
Em agosto, o UOL entrevistou o Lincoln Gakiya, do Gaeco, responsável por investigar o PCC há cerca de 20 anos, que cravou a relação da sigla com o mercado da bola. Na visão de Gakiya, o crime organizado está instalado e lavando dinheiro com negociações de jogadores.
Uma coisa é você ouvir falar, outra coisa agora é você ter um depoimento e ter provas. Eu acredito que vão surgir mais nomes, de atletas, de clubes. A princípio não há envolvimento interno com nenhum clube de futebol, nem com o Corinthians, porque, como eu disse, é uma empresa de futebol ligada a criminosos.
Inclusive, ouvi empresários, que saíram do país porque estavam sendo ameaçados pelo PCC ou por integrantes do PCC. Os integrantes também entraram nesse nicho de negócio e ameaçavam: 'Ou você vai lá e compra o sujeito [jogador] que é promissor, por livre e espontânea vontade, ou você toma o jogador'.
O que diz a Lions Soccer Sports
O empresário Danilo Lima sempre esteve à disposição da Justiça e já esclareceu todos os fatos que foram objeto de ampla investigação, as quais, inclusive já foram devidamente arquivadas, após requerimento do próprio Ministério Público de São Paulo. A equipe do staff desconhece o teor da suposta delação. Assim que nos for dado acesso, nos manifestaremos publicamente.
Adiantamos ao Estadão que não há qualquer envolvimento em atos e/ou negociações ilícitas, muito menos envolvimento com o crime organizado, de sua parte.
O que diz a UJ Football Talent
A UJ Football Talent esclarece que é uma empresa individual, conhecida como Eireli, sendo conduzida de maneira unipessoal, ou seja, sem o envolvimento de múltiplos sócios. Dessa maneira, o senhor Danilo Lima, citado na reportagem, não é e nunca foi sócio ou participou da empresa.
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Quero receberReiteramos, ainda, que desconhecemos qualquer referência à UJ nas investigações realizadas e a citação de seu nome, o desvirtuamento da verdade, de forma irresponsável, poderá gerar apuração de responsabilidade na esfera cível e criminal.
A empresa opera e sempre operou de forma transparente e ética, seguindo todas as normas legais e regulamentares. Desconhecemos, portanto, qualquer tipo de relação com quaisquer das pessoas mencionadas na investigação.
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