Carille vê críticas exageradas e diz que Corinthians fez pressão aumentar

O técnico Fabio Carille avaliou o ano no comando do Santos e explicou como a sondagem do Corinthians no meio do ano fez a pressão aumentar. O treinador deixou o Peixe nesta segunda-feira (18), dois dias após conquistar o título da Série B.

O que aconteceu

Carille acredita que houve um exagero nas críticas sobre o seu trabalho no Santos. O treinador afirmou que a torcida não jogou junto com o time em alguns momentos e citou um episódio em específico.

Foram exageradas [as críticas]. Em alguns momentos, [os torcedores] não jogaram com a gente. Por exemplo, a gente estava liderando contra o Vila Nova, viram o jogo 0 a 0 em casa, o Vila ainda com chance. Saímos do campo com eu vaiado, alguns jogadores vaiados. Calma, criamos, teve bola na trave do Giuliano de cabeça, teve lance do Guilherme para fazer gol, teve outro lance com três ou quatro chances assim que a gente não fez no primeiro tempo. Fazendo um jogo consistente, jogo de Série B, lutando pela liderança, saímos todos vaiados, jogadores muito chateados. No segundo tempo, fizemos três gols, ganhamos o jogo. Sei que os últimos anos não foram fáceis com o torcedor santista, a gente também tem que entender isso, mas acho exagero, não só comigo como com os atletas, principalmente durante o jogo. Principalmente no intervalo do jogo, você brigando pela liderança, brigando pela ponta, e a gente saindo do intervalo do jogo embaixo de vaia, é algo que eu achei que foi demais. Fabio Carille, ao canal do André Hernan, no YouTube

Carille, no entanto, não tirou a razão dos torcedores pelas vaias após a derrota para o CRB no último domingo (17). O treinador afirmou que o clima e a preparação para o jogo foram diferentes por causa do título já garantido.

A relação com a torcida começou a estremecer muito antes, segundo Carille. O técnico relatou que sentiu o clima mudar após o Corinthians realizar sondagens no meio do ano, após a demissão de António Oliveira. Ele, no entanto, destacou que nunca chegou uma oferta oficial do Timão.

Não chegou nada para eu me posicionar. A partir daí, houve a mudança da torcida comigo. Nem quando nós tivemos as quatro derrotas no primeiro turno, que a gente machucou João Paulo, Gil, João Schmidt, Julio Furch, Pedrinho e Guilherme, a gente sentiu... foram quatro derrotas. Nem naquele momento foi tanta pressão. Não foi a maior pressão.

Retranqueiro? Carille comenta DNA do Santos

Carille não escondeu que prefere começar a armar suas equipes pensando, primeiro na defesa. O treinador, no entanto, negou que tenha estilo de jogo retranqueiro. Segundo ele, é preciso se adaptar com os jogadores que se tem no elenco e citou o zagueiro Gil.

A minha passagem pelo Santos em 2021 talvez foi o time mais leve que eu tive dentro de campo. Era um sistema com três zagueiros, eu tinha atacantes como alas, que eram o Marcos Guilherme e o Lucas Braga na maioria dos jogos. Tinha um meio de campo solto que tinha Zanocelo, Camacho. Muitas vezes até o Felipe Jonatan jogando por dentro que também é um cara técnico. Tinha três atacantes... Marinho, Tardelli, Leo Baptistão, Marcos Leonardo, Ângelo, Pirani. Era um time mais leve. Eu sou um técnico que eu sempre vou respeitar as características dos jogadores... Falando do Gil, que é um cara da minha confiança, que eu consegui trazer pra cá, que está com 37 anos e que perde muita coisa nessa idade. Sei que o Gil tinha que jogar protegido. Sei que o Gil, bem posicionado, pode me dar muitas coisas. Não tem mais aquela idade, agilidade, faz parte de todo ser humano. Com 37 anos tem que buscar ponta toda hora na lateral, é um cara que vai sofrer, mas que posicionado ele pode me dar muita coisa como deu. Tem uma leitura na área muito boa, tem uma saída boa, antevê muito bem, até pela experiência e pela qualidade que tem. Então vou começar sempre por trás, porque não adianta eu ter jogadores que pressionam lá na frente se eu não tenho uma zaga que pode sofrer se ela ficar exposta.

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Carille comentou o 'DNA ofensivo' do Santos ao longo da história. O treinador citou a queda para a Série B com a equipe atuando neste modelo de jogo.

E o Santos com essa história de DNA? Foi para a Série B. Tem que jogar, tem que jogar, tem que jogar... Mas tem jogador para jogar? Então a gente tem que ter muita calma, muita paciência. Por isso que as coisas aqui dentro do Santos, como em todos os lugares, elas foram muito claras do que eu penso do elenco, do grupo, do futebol. Por isso até que eu continuei. Eu acho que se não tivesse essa clareza com os dirigentes e com os atletas, provavelmente eu não teria ficado até esse final. Mas é isso, eu sou de respeitar as características, começando com a parte de trás.

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