Dorival avalia seleção: 'Não estou feliz. Poderíamos estar melhores'

O técnico da seleção brasileira, Dorival Júnior, reconheceu que chega para o último jogo do Brasil no ano sem estar feliz com o time e o momento atual. O desafio que encerra 2024 é o Uruguai, nesta terça-feira (19), em Salvador, pelas Eliminatórias da Copa 2026.

"É um processo de recuperação que vem acontecendo. Ainda teremos coisas muito melhores para acontecer. A equipe dá resposta boa em vários aspectos, em outros tenta encontrar equilíbrio ainda maior. Feliz? Não estou. Poderíamos estar melhores, mas por tudo que foi falado, pelo momento vivido, crescemos muito e temos possibilidade de uma melhora muito grande. Estamos encontrando nomes importantes que assumem um papel de protagonismo e tudo isso acontecerá com tempo, trabalho e repetição", disse o treinador, nesta segunda-feira, na Arena Fonte Nova, antes do último treino.

Não era e ainda não é uma situação tranquila. Técnica e taticamente a equipe evoluiu muito nesse primeiro período de trabalho. Os resultados ainda precisam ser melhores e eu reconheço isso, temos essa necessidade.

Mas o que falta para ficar feliz? "Tudo é processo de conhecimento. Ministramos trabalhos perto do que fazíamos em clubes, agora aceleramos abordagem, colocação, amostragens, desenvolvimento. Muito mais dinâmicos, mais curtos, repetições. Agora mais específico pelo que queremos. O entendimento deles é muito bom. Agora é acelerar criando processo para cada partida, observando última linha adversária, meio-campo, funções dos atacantes se baixam ou não. Assim a gente cria trabalho para infiltrar, penetrar, e é passado mais direto, sem um trabalho muito abrangente de estrutura. A gente especifica e busca correção individual. Foi a grande mudança depois da Copa América, gerando uma situação mais próxima do que precisamos".

O técnico ainda confirmou que a volta do lateral-direito Danilo é a única mudança no time titular, em relação ao jogo anterior, contra a Venezuela. O experiente jogador, de 33 anos, substitui Vanderson, suspenso.

Em Salvador, Dorival foi perguntado por uma repórter local sobre uma analogia com o carnaval, se tem alguém que estava dando ritmo a essa seleção. Foi comedido:

Nesse momento buscamos o equilíbrio do conjunto, não temos ainda o que se destaque para estar à frente de um trio elétrico.

O que mais Dorival disse

Conversa com Vini / quem bate pênalti?

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"Começando pelo final, Raphinha e Vini estavam preparados para os pênaltis. Vini bateu, amanhã caso tenha o Raphinha vai ser o cobrador. O que eu vejo é que só se amadurece com experiências. Passando por 'n' situações na vida e na carreira. Individualmente o atleta, coletivamente a comissão técnica. Damos liberdade para os homens de ataque. Temos respeito às posições, mas com liberdade de movimentação. Perde bola, volta setorizado por dentro ou por fora, todos têm funções, mas com liberdade. Quem vai encontrar a melhor condução da partida é ele próprio. Nós conversamos, no seu clube muita coisa é falada, mas individualmente cada um encontra caminho e soluções em campo. São jogadores de alto nível, que precisam ser orientados, organizados, mas com liberdade de ações. Que se repita com ele e com todos porque são jogadores de poder de definição muito bom, habilidade rara, e precisam aproveitar tudo isso que vem acontecendo".

Como vê o Uruguai? O que podem esperar do Brasil?

"Podem esperar essa entrega que vem acontecendo. Criar o máximo que pudermos. E neutralizar uma equipe perigosa, que já enfrentamos algumas vezes. Temos noção do que representa a partida de amanhã. A seleção uruguaia vem encontrando um caminho, jogando sempre com dinamismo e determinação grandes, marcação quase que individualizada o campo todo. Jogadores de muita qualidade, também distribuídos em todos os clubes do mundo. Isso comprova as qualidades das equipes sul-americanas, de como foram reforçadas por essa condição de terem atletas do outro lado do mundo, nas melhores ligas. Será jogo bem complicado, para nós e para eles. Vamos fazer de tudo para realizar a melhor partida em relação às últimas".

Vini: que fazer para que o Bola de Ouro renda mais? O Real Madrid é muito melhor que a seleção?

"Os clubes sempre serão mais compactos, organizados e coesos em relação às seleções. Vi uma seleção que jogou de maneira regular entre uma Copa e outra, sempre em alto nível, a de 1982. Júnior está aí e pode confirmar. Todo mês tinha amistoso, no mínimo um grande jogo. Equipe adquiriu um padrão absurdo, mesmo faltando um ou dois o rendimento nunca caiu. Após a Copa se criou sensação de perda marcante em todos nós. Coletivamente todas as equipes são diferentes de seleções. Em seleção se recebe jogador em cima de competição. Treino, readaptação, característica dentro do clube, com obrigações e situações deixadas de lado para provocar uma condição ao atleta atuar, ou que a equipe atue para esse atleta. Não só Messi foi cobrado, outros brasileiros foram, agora também. Europeus também são cobrados para rendimento melhor nas seleções. O principal é o comportamento coletivo que ainda inexiste em todas as relações. Poucas mantém regularidade e se sobressaem às demais".

Quando vai ter a equipe ideal para ganhar a Copa?

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"Gostaria de tê-la dentro da Copa, vamos alcançar a classificação, é uma confiança grande. Nos aproximamos do topo, amanhã podemos nos aproximar ainda mais. Subida gradativa da equipe, mas o principal é estar consciente da evolução da equipe, dos acertos a serem feitos, das correções. Esse é o trabalho. Tinha consciência do pouco tempo de treinamentos, não é choro, é constatação. Daqui a sete ou oito meses, com crescimento desses jovens mais encorpados, vamos ter coisas muito mais coletivas nessa fase importante".

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