Mulher de Robinho fala sobre prisão: 'Ninguém no Brasil sabe mais que eu'

Vivian Guglielmetti, esposa de Robinho, falou pela primeira vez sobre a condenação do ex-jogador na Itália a nove anos por estupro coletivo em 2013. Ela deu entrevista ao Metrópoles.

Robinho está preso na Penitenciária II de Tremembé, no interior de São Paulo, desde março de 2024. O julgamento para que ele cumprisse a pena do Brasil ocorreu após a publicação, com exclusividade, das gravações da polícia italiana no podcast UOL Esporte Histórias - Os Grampos de Robinho.

O que aconteceu

Vivian disse que acredita que Robinho é inocente: "Está há oito meses pagando por algo que não aconteceu". Diante das evidências contra o marido e do julgamento na Justiça, comentou: "Ninguém no Brasil sabe mais desse caso que eu".

A esposa afirmou que o ex-jogador foi "condenado por áudios". Ela criticou o conteúdo das mensagens entre Robinho e amigos, mas rebateu que não se trata de um crime e que ele "está sempre na brincadeira".

Vivian defendeu o marido, declarou que o erro dele foi tê-la traído e que vai lutar por sua família. Ela visita o ex-jogador na prisão de Tremembé frequentemente e desabafou sobre o que passa com os filhos. A mulher, que esteve na boate italiana na noite do ocorrido, também deu a sua versão sobre a linha do tempo do caso.

A esposa contou que pensou em se separar de Robinho na época, mas que mudou de ideia ao ser convencida por ele de que não houve estupro. "Eu cheguei em casa e falei: 'Vou embora, vou pegar meus filhos e estou indo embora'. Ele: 'Não, pelo amor de Deus. Meu erro foi ter te traído, não vou mais fazer'. Vivian completou que se decepcionou por achar que a Justiça brasileira ia ver o "quanto ele foi injustiçado na Itália".

O Robinho foi condenado por áudios entre amigos, imorais, horrorosos. Só que isso não é um crime. A traição que houve comigo não é um crime. Está muito distante de ser um crime. Entre um ato imoral e um crime tem uma distância muito grande. Ele está há oito meses pagando por algo que não aconteceu. Vivian Guglielmetti, ao Metrópoles

São horríveis aqueles áudios, são vergonhosos, imorais. É triste. Me dava raiva porque eu sei quem é o Robinho, de levar as coisas sempre na brincadeira. Na minha percepção, ele tinha tanta tranquilidade de que ele não tinha feito nada, que ele brinca: 'Ah, que se dane'.

Eu poderia estar em qualquer lugar hoje com os meus três filhos, sem querer saber desta história. Não, eu estou aqui. Eu vou lutar pela minha família, pelo meu casamento, pelos meus filhos. As minhas questões pessoais de marido e mulher, resolvi lá atrás. O erro foi a traição. Eu fui traída e hoje ridicularizada mundialmente. Mas escolhi lutar pela verdade.

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Quando falaram de vir o processo para o Brasil, a gente teve um acalento. 'Caramba, é o nosso país, é o nosso povo. A Justiça brasileira vai ver isso daqui, vai analisar e ver o quanto a gente foi injustiçado na Itália'. Não aconteceu. Não quiseram analisar o processo, não quiseram saber.

O que mais ela disse

Honra da família: "É muito difícil para mim, por tudo isso que tem acontecido. É tudo muito pesado para nós. [Falo] pela honra da minha família, pela nossa dignidade, para a gente poder andar de cabeça erguida pela rua."

Visitas na prisão: "Vou lá todas as semanas. Levo a comidinha dele, os produtos de higiene, os produtos de limpeza. Graças a Deus, ele tem uma cabeça muito boa. Eu, às vezes, vou para tentar acalmá-lo, e é ele quem me acalma."

Conversa com filhos: "Eu converso muito com nossos filhos. O Robinho também. Eles vão em algumas visitas. Quando vamos todos, aí vira aquela bagunça. Ele entra naquele papel de pai total, eles brincam muito, conversam. Eu abri todo o processo para os meus filhos. Aconteceu isso, isso, isso. E eu falo para eles: vai ter um dia em que a gente vai ver a Justiça de fato."

Noite da acusação: "Era uma noite tranquila, de segunda-feira, chamada 'serata braziliana', em que os brasileiros tocavam pagode. Nas fotos, dá para ver casais de pessoas mais velhas. Não era aquela discoteca lotada de gente. À 0h43, eu estou cortando o bolo e entregando para todo mundo. Ainda sentei para comer, eu lembro disso. Deu 1h, 1h10, eu falei: 'Robinho, eu vou embora, hoje é segunda-feira, os meninos têm escola amanhã, você tem treino'. Ele falou: 'Meus amigos só vão ficar cinco dias, deixa eu ficar mais um pouquinho'. Eu, não querendo ser a chata, falei: 'Tá bom, não demora'. Eu lembro que ele chegou em casa mais ou menos meia hora depois. Eu tinha tomado um energético, porque estava lá desde às 15h. Na hora em que eu fui dormir, fiquei com meu coração acelerado. Fui dar uma caminhada na esteira. Eu estava angustiada, talvez até por causa da situação. O Robinho abriu a porta da academia e falou: 'O que você está fazendo? Sai daí, vamos dormir'."

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Versão da vítima: "Ela alega que, em 22 minutos, ficou com falta de ar, desmaiou, acordou no camarim, que o Robinho e o Alex estão em cima dela. Ela se veste, coloca a roupa toda, vai até o carro, troca de carro, esquece a bolsa."

Soube do caso pela polícia italiana em março de 2014: "Eu estava deitada fazendo drenagem linfática. Coloquei meu roupão, me assustei. Era uma policial mulher e um homem. Ela foi para dentro do quarto comigo, sentou e falou: 'Você sabe por que estamos aqui? O seu marido está sendo chamado para depor. Houve um episódio em janeiro de 2013? Tem uma moça alegando que foi violentada por eles."

O crime e a condenação de Robinho

Robinho e mais cinco amigos foram denunciados por estupro por uma mulher albanesa. O caso aconteceu no dia 22 de janeiro de 2013, na boate Sio Cafe, em Milão, na Itália. Até hoje, apenas ele e Ricardo Falco foram condenados.

Os outros quatro amigos de Robinho não foram julgados. Como todos já haviam deixado a Itália durante as investigações, eles não foram localizados pela Justiça para serem notificados para a audiência preliminar que aconteceu em 31 de março de 2016. Assim, o juiz resolveu separar os casos

Em 2014, Robinho admitiu ter mantido relações sexuais com a vítima, mas negou violência sexual. Ele reforçou o discurso em 2020, em entrevista ao UOL.

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Ainda em 2020, quando já havia sido condenado em primeira instância, ele acertou seu retorno ao Santos. O Peixe, no entanto, suspendeu o contrato com o atacante dias depois por causa da pressão da torcida e da imprensa pelo caso.

Em 2022, Robinho foi condenado na terceira e última instância da Justiça italiana a nove anos de prisão. Entretanto, ele nunca foi preso por já estar no Brasil, que não extradita seus cidadãos. Sendo assim, a Itália pediu para que o Brasil julgasse a possibilidade de o ex-jogador cumprir a pena em solo brasileiro.

O Ministério Público Federal se manifestou a favor da prisão de Robinho neste ano. O vice-procurador geral da República, Hindenburgo Chateaubriand, mencionou as gravações feitas pela Justiça italiana, publicadas pelo UOL, que levaram à condenação de Robinho. O podcast UOL Esporte Histórias - Os Grampos de Robinho trouxe áudios inéditos usados pela Justiça italiana para condenar Robinho e Ricardo Falco pelo estupro.

Os ministros do STF estão analisando um pedido de habeas corpus da devesa de Robinho para reverter a prisão. O placar atual tem cinco votos a favor para que o ex-jogador continue preso, e um pela soltura. Falta apenas um voto para que o Supremo tenha maioria pela manutenção da prisão, já que são 11 votos. O julgamento no plenário virtual vai até dia 26.

Todos os episódios de UOL Esporte Histórias - Os grampos de Robinho

Você pode ouvir todos os episódios nos links abaixo.

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Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

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Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.

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