Rodri, meio-campista do Manchester City, bateu Vinicius Jr na disputa da Bola de Ouro — prêmio dado ao melhor jogador do mundo pela revista France Football — e afirmou que o brasileiro "tem coisas a melhorar" e que "quanto mais estiver concentrado no campo, melhor será".
Será que o atacante do Real Madrid precisa deixar sua luta contra o racismo em segundo plano para ter uma chance de ser eleito o melhor jogador do mundo?
O que dizem os colunistas do UOL
Vini não tem porque mudar em nada sua luta contra os racistas. O que poderia mudar é seu comportamento exageradamente irritadiço com as arbitragens. No mais é continuar jogando sua bola redonda pelo Real Madrid. Se a Bola de Ouro não vier, azar do prêmio. Renato Maurício Prado
Querer determinar como Vini Jr. deve levar sua vida fora de campo seria absurdo e até hipócrita. Aliás, vale notar que ele jogou o melhor futebol do mundo mesmo sendo vítima constante de ataques racistas, mostrando força e focos descomunais. Vini superou desafios que seus colegas brancos nunca enfrentarão. Alicia Klein
Não vejo Vini perdendo o foco em campo por causa de sua luta. Agora, se o posicionamento do jogador perante o nojento racismo de boa parte da Europa vai impedi-lo de levar o prêmio, isso diz mais sobre quem vota do que sobre ele. Milton Neves
Eu acho que o Vinicius Jr é espontâneo, e isso é uma grande virtude no ser humano. Quem tem dentro de si a luta por justiça, contra preconceito, não tem que se calar. Ele é um grande jogador de futebol, mas é também um grande cidadão do mundo. Se calar para ganhar um prêmio de futebol é violentar a própria natureza de um cara de luta. Lutar é um privilégio de uma minoria, porque se calar é mais cômodo e não se corre riscos. O Vinicius Jr tem que se comportar com o que vem de dentro de seu coração e não do jeito que outros pessoas querem. Walter Casagrande
Considero que as duas coisas não são excludentes. Focar no campo não inviabiliza a luta importantíssima que ele encabeça. E vice-versa. O que me parece que Vini Jr precisa melhorar é o comportamento em relação a adversários e arbitragens, constantemente conflituosos e agressivos. E isso nada tem a ver com prêmios, com ser ou não melhor jogador, com ser ou não um grande representante da luta antirracista. Tem a ver mesmo com respeito a quem divide o campo com ele. Julio Gomes
Vini Jr. deve fazer o que ele bem quiser. Esse é seu direito como jogador e cidadão. Além do mais, lutar contra o racismo não é algo que tira seu foco do futebol e atrapalha seu rendimento em campo. De qualquer forma, Vini é livre para se posicionar da forma como quiser... Ou até mesmo, de não se posicionar, caso assim queira. Rafael Reis
Acho que Vini deve atuar na luta antirracista da forma como quiser e puder, pensando sempre em sua saúde física, mental e emocional. Lutar contra sistemas de poder tem um custo que apenas ativistas de grupos minorizados sabem qual é e como pode ser devastador. Só se deixa um legado sobre os destroços de si mesmo. Por isso, Vini precisa se proteger. Em campo, deve apenas seguir com a alegria que sempre fez parte do seu jogo. Fica difícil ser alegre diante de tantas injustiças jogadas sobre ele, claro, e o nervosismo se revela, o que também pode ser bem vindo. Raiva organizada é ferramenta de luta. Assim como alegria desorganizada, farta e sem motivo. Como diz o professor Luiz Simas, a gente não faz festa porque a vida é mole, mas porque ela é dura. Que ele tenha serenidade para não perder nem a raiva e nem a alegria de vista. Milly Lacombe
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