Abel define em uma palavra o que diferencia Palmeiras de outras equipes

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, exaltou o lado mental de sua equipe após assumir a liderança nesta rodada do Brasileirão e definiu em uma palavra o que faz seu time sobressair aos rivais: a resiliência.

O que ele disse

Há um aspecto que ninguém toca, que é o lado mental. Ninguém toca nisso porque ninguém sabe. Ninguém mais do que os jogadores sentem a pressão de ser obrigado a ganhar. É preciso saber lidar com esses momentos. Vocês lembram quando se casaram a primeira vez? Estavam todos à vontade, como se fosse com um amigo em um restaurante. É diferente [jogos da reta final], são jogos diferentes, com responsabilidade muito maior. O Palmeiras não anda nisto há um dia, são três ou quatro anos seguidos na disputa. É uma sensação que já sentimos, sabemos o que é, mas ninguém fala nele porque ninguém sabe. As pessoas acham que os jogadores são máquinas. O que eu pedi aos jogadores hoje foi: chegar aqui, por a bola no chão, não deixar o Atlético-GO sair da defesa e fazer três ou quatro gols. Mas os jogadores têm emoções, tem o adversário, mas vocês nunca colocam isso na equação. Abel Ferreira, em entrevista coletiva após o jogo.

"Não conheço nenhuma equipe, nem o Manchester City, que consegue manter a regularidade de desempenho o ano todo. Quando o desempenho não está lá, os três pontos tem que aparecer. Isso é que faz uma equipe melhor que a outra, é a resiliência. Eu chego a pensar que todas as equipes são todas perfeitas, mas não há nenhuma equipe perfeita, nenhum treinador perfeito no mundo e meus jogadores são homens, têm emoções, e é muito difícil lidar com elas. Sobretudo, quando pegamos as expectativas e estamos há três anos como o alvo a ser battido. Fomos eliminados pelo vencedor da Copa do Brasil, fomos eliminados pelo finalista da Libertadores e estamos na disputa palmo a palmo com um grande adversário. Logicamente que o fator psicológico é determinante neste momento. Os jogadores não são máquinas, são homens, tem inseguranças, medo, alegria e cada jogador é um mundo. Nós temos que falar com eles, montar nossa estratégia e ganhar. Quando não se joga bem, ganha-se. Quando não dá pra ganhar é porque o adversário também é bom e o lado mental aponta muito em momentos decisivos. Só quem não percebe o futebol que não pensa nesse aspecto", acrescentou.

Veja outros trechos da coletiva de Abel Ferreira

Duelo decisivo contra o Botafogo: "Esse jogo é importante, claro que sim. Mas só é importante porque nós conseguimos chegar até aqui, mas faltam três jogos. Não nos podemos esquecer, não vou alterar aquilo que eu disse, ficamos fora da Copa do Brasil com o vencedor, e ficamos fora da Libertadores com um dos finalistas. O Botafogo tem uma equipe brilhante, treinador excelente, grandes jogadores. Vamos focar em recuperar para os jogadores, temos dois. Se não ganhássemos aqui não adiantava nada o próximo. Faltam três, o próximo jogo é o mais importante, em casa, contra uma grande equipe. Hoje conseguimos a mesma pontuação do ano passado, não vai chegar, vamos ter que continuar a se superar. É brilhante a campanha do Botafogo, a qualidade dos jogadores, uma boa parte deles internacional, e respeito máximo ao Botafogo. Terça é mais uma batalha porque faltam três e tudo pode acontecer".

Jogo difícil contra o Atlético-GO e substiuição precoce de Raphael Veiga: "Senti [que a vitória corria risco]. O futebol é mágico, um remate de fora da área, um gol contra, pode acontecer. Pedi a São Pedro, estava no hotel e começou a chover dentro do meu quarto, busquei toalhas, comecei a rezar para que o campo se portasse minimamente bem, pesado, duro. O GPS disse que eles tiveram que correr muito, tirar muito de dentro deles. Já tinha sido extremamente difícil na Bahia, campo difícil, calor, desidratação da equipe absurda. O jogo foi duro, difícil, contra uma equipe que não tinha nada a perder. Agora não há como: o importante é ganhar. Ninguém vai lembrar que somos melhor o ataque, ninguém vai lembrar. Vão lembrar das vitórias. Hoje era preciso sair do corpo. Não só pelo adversário, mas sim do maior adversário que foi o gramado pelo peso que isso causou a nossa equipe. Gosto muito de vir aqui, os torcedores nos receberam de forma calorosa no hotel e fui agradecer no final. Precisamos estar todos juntos, é preciso acreditar muito. O maior talento da nossa equipe é o trabalho coletiva, o esforço, trabalho duro, resiliência. Faltam três jogos, um de cada vez, e vamos nos preparar para isso".

Trabalho com os meninos da base: "Esse é um trabalho que nós começamos desde que chegamos aqui, abrimos o espaço para os jogadores da equipa B treinar conosco. Estão conosco a falar os jogadores. Vanderlan começou a treinar comigo desde que eu cheguei. Fabinho começou a treinar comigo desde que eu cheguei. Por exemplo, o Naves tinha o Michel que está conosco à frente, mas em função de uma lesão que o Michel teve, passou o Naves à frente do Michel. Falaste bem no Vítor [Reis], mas é preciso o treinador apostar. O Kuscevic quis sair. O Breno [Lopes] quis sair. Eu não gosto de prender jogadores quando eles não querem ficar, eu entendo.. Há jogadores que não se sentem bem quando não são tão bem utilizados. Não há nada como falarmos com os jogadores e encontrarmos as melhores soluções. Há riscos que se correm, eu sei disso. Uma coisa é irmos contratar um jogador pronto e outra é apostar nos jogadores que nós temos. O treinador da equipa acho que já mostrou mais que uma vez a sua ousadia e o risco que ele corre. Mas eu também gosto disso e também já falei várias vezes quando vocês comparam com as 4, 5 ou 6 equipas que estão na frente. É verdade o que tu disseste que nós somos a equipa que mais arrisca na formação, sendo que me exigem título e não que forme jogadores".

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