Estudantes viram anfitriões em Buenos Aires com ArgenFogo e Galo Hermano

A ida para Buenos Aires foi uma oportunidade de estudar. Mas a necessidade de preencher o vazio com a distância para os clubes do coração criou espaço também para se reconectar, de alguma forma, com Atlético-MG e Botafogo. E foi assim que, nos últimos anos, surgiram o Galo Hermano e a ArgenFogo, coletivos de atleticanos e botafoguenses que moram na Argentina.

A maioria dos integrantes dos dois grupos está no país para estudar Medicina. A qualidade das faculdades, o custo mais baixo e a experiência de viver outra cultura atraem muitos estrangeiros, sendo os brasileiros em maior quantidade.

A saudade do time do coração, porém, foi um problema, e daí veio a necessidade de se interligar com os "irmãos de camisa" que vivem por lá.

Galo Hermano existe desde 2022

A Galo Hermano, por exemplo, surgiu em 2022 como mais um "consulado", que é como o clube classifica os coletivos de torcedores espalhados pelo Brasil e pelo mundo. No começo, poucos conheciam, mas atualmente há 110 integrantes somente entre os que moram em Buenos Aires.

"No início foi difícil porque não tinha tanta gente. As pessoas não sabiam que tinha, e aí começamos a fazer propaganda boca a boca, na faculdade, no Instagram, e participávamos de lives do Galo para falar. E aí, do ano passado para cá, aumentou muito porque o Galo veio jogar aqui, muito atleticano descobriu e o pessoal cresceu", explica Thalles Ferraz, fundador do consulado.

A classificação para a final da Libertadores gerou uma mudança total na rotina da Galo Hermano. Após receberam diversas mensagens pedindo dicas e orientações, o consulado criou grupos de WhatsApp com centenas de atleticanos que estarão em Buenos Aires para a decisão.

Tem sido uma loucura! É difícil conciliar com a faculdade. Aqui, 95% do pessoal é estudante de medicina, mas tem que conciliar. Eu tive que montar uma equipe, porque cresceu muito com o Galo na final.
Thalles Ferraz, fundador da Galo Hermano

ArgenFogo surgiu em jogo no interior da Argentina ao lado de Textor

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A ArgenFogo é mais recente e ganhou corpo meio ao acaso, mais precisamente em um jogo pouco balado e muito longínquo: Botafogo x Patronato, na cidade de Paraná, que apesar do nome, fica no interior da Argentina, a mais de 500 km de Buenos Aires, em duelo classificatório para as oitavas de final da Copa Sul-Americana de 2023.

Na ocasião, apenas cerca de 20 "guerreiros" alvinegros estiveram presentes e ganharam a companhia de uma figura ilustre: John Textor, simplesmente o dono da SAF botafoguense e que se juntou aos torcedores embaixo de chuva, em imagens que posteriormente se tornaram memes utilizados até hoje.

"Quando fui, não esperava que ali fosse virar a ArgenFogo. Era um jogo muito inviável, com quase 10 horas de viagem de ônibus. Jogo feio, estava 2°C de sensação térmica, chovendo, um clima horrível. Também não esperava o Textor ali [risos]", se recorda Luis Gabriel Palassi, de 21 anos, um dos fundadores do coletivo e que tem uma foto com o mandatário desse dia.

Dali, contatos foram estabelecidos e, no jogo seguinte na Argentina, contra o Defensa y Justicia, a turma já era maior. Foi o combustível necessário para organizar e passar a acompanhar os jogos do Botafogo sempre juntos em Buenos Aires.

Com a classificação à final, o direct "bombou" e, assim como o Galo Hermano, eles também assumiram o papel de anfitriões e têm dado orientações a centenas de botafoguenses em grupos de WhatsApp, além de agendarem festas e encontros para os dias que antecedem a decisão.

Já veio crescendo desde o jogo do Peñarol, mas nada exponencial como depois da classificação para a final. É muito surreal e muito gratificante. Criamos como uma brincadeira unindo o Botafogo, que é o amor que temos, com a cidade onde a gente mora. Formamos meio que uma família e estamos indo para uma final de Liberadores na cidade onde moramos. É um prazer estar ajudando a rapaziada. Caiu no nosso colo. No final do ano temos as provas mais importantes, ninguém aqui poderia estar indo para outro país nesse período, e a única chance de ver a final foi exatamente sendo aqui em Buenos Aires.
Luis Gabriel Palassi, um dos fundadores da ArgenFogo

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ArgenFogo e Galo Hermano se reúnem no mesmo bairro

A curiosidade é que tanto a ArgenFogo quanto a Galo Hermano se reúnem na mesma região: o bairro Abasto.

Os atleticanos assistem aos jogos no "La Parrilla de Jesus". Já os botafoguenses acompanham as partidas num pequeno bar que batizaram de "Papai Smurf", dada a semelhança do dono do estabelecimento com o personagem de animação.

A relação é pacífica, embora ainda não haja um convívio. Recentemente, porém, os coletivos conversaram para sincronizar suas respectivas festas em clima de paz.

O João (outro integrante) que está envolvido, ele que trocou ideia com o Galo Hermano em relação às organizações, de como está sendo feito, se estão seguindo a mesma linha. A relação é bem amistosa, nenhum tipo de problema, todo mundo querendo viver esse momento de final de Libertadores.
Luis Gabriel Palassi, um dos fundadores da ArgenFogo

As agendas da ArgenFogo e do Galo Hermano para a final

ArgenFogo

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27/11 - Recepção para a delegação do Botafogo (hora e local a confirmar)

28/11 - Encontro da ArgenFogo, às 19h, no Kraken Bar (Puerto Madero)

29/11 - Festa de Pré-Jogo com "pagode especial alvinegro", de 14h às 22h, no Club Morocco (Costa Salguero)

30/11 - Botafogo x Atlético, às 17h, no Monumental de Nuñez

Galo Hermano

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27/11 - Recepção para a delegação do Atlético-MG (local e hora a confirmar)

28/11 - Encontro de atleticanos, às 19h, na Plaza Serrano (Palermo)

29/11 - Encontro de consulados e Fan Fest (BNN Costanera, próximo ao Aeroparque)

30/11 - Atlético-MG x Botafogo - 10h (concentração e entrega de pulseiras do transfer), 13h (preparação para a saída dos ônibus), 17h (final no Monumental de Nuñez).

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