Basso diz que Santos cumpriu objetivo e minimiza vaias na festa do acesso

Objetivo cumprido. O Santos estará na Série A em 2025. João Basso pode se dizer orgulhoso de recolocar o Peixe no seu devido lugar na próxima temporada, após um ano de luta, incertezas e pressão.

O alvinegro praiano terminou a segunda divisão com o título, mas sem muita margem para os adversários, que brigaram até as últimas rodadas com o Peixe pelo troféu. A torcida esperava uma competição sem sustos, mas os rivais mostraram que a Série B não era 'moleza', algo que o elenco santista viveu na pele.

Em entrevista ao Zona Mista do Hernan, do UOL, Basso vê como normal a crítica por parte do torcedor, que entende que, por sua grandeza, o Santos não deveria estar ali.

Quando a gente pensa em Santos, eu até próprio falava com parentes, amigos, isso em janeiro, antes de começar todo o campeonato, que as pessoas que viessem para cá teriam que ter a consciência que o Santos, antes de entrar no campeonato, teria que ser equipe que subiria em primeiro lugar. Porque a grandeza do clube demanda isso. Então, as expectativas eram altas. E acho que a crítica é normal, porque o torcedor passou muito tempo acostumado com muitos títulos, títulos grandes, importantes, que fazem a grandeza do clube. Então, quando você está numa situação dessa, onde, com todo o respeito a todas as outras 19 equipes, nenhuma equipe da Série B chega perto do Santos em termos de grandeza, você cria essa expectativa de fazer um campeonato bem mais tranquilo. Porém, o futebol hoje em dia é muito mais disputado. Você tem equipes que criam dificuldades diferentes. Depois na Série B, você tem a questão do campo, da logística. Você vai jogar em estádios completamente diferentes daquilo que você está acostumado na primeira divisão Basso, ao UOL

João Basso diz que, apesar das ressalvas da torcida por conta do desempenho na Série B, o plano foi cumprido. O título está em mãos, apoio não faltou e, agora, o foco é olhar para cima, rumo à elite do Campeonato Brasileiro.

Eu acho que o torcedor é muito apaixonado, então ele quer ganhar, quer vencer, e quando o clube não consegue corresponder às expectativas do torcedor, é normal ter essa frustração e essa cobrança. Mas o importante foi que, nos momentos certos, eles nos apoiaram. Então, acho que foi uma junção muito boa. No final de tudo, o mais importante foi que todo mundo saiu satisfeito. Nós, jogadores, cumprimos o plano que foi proposto, que é a subida e o título. E os torcedores estão felizes porque acabou logo esse sofrimento e o clube está de volta à Série A

Festa sob vaias

"Não é mole, não. Quero um time para gritar: 'é campeão'". Foi sob vaias e xingamentos ao técnico Fábio Carille e elenco que a torcida alvinegra "celebrou" a conquista da Série B do Campeonato Brasileiro, na derrota por 2 a 0 do Santos para o CRB, na Vila Belmiro.

A partida, que ficaria marcada pela celebração com o troféu, se tornou uma 'água no chope' para o elenco alvinegro. Para Basso, a frustração veio por conta da derrota, que influenciou na reação dos torcedores presentes no jogo.

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"Eu acredito que a nossa derrota influenciou isso. Porque é um jogo que você prepara para ser um jogo festivo, onde você já foi campeão sem precisar entrar em campo, então você espera que você vença, também para proporcionar isso para a torcida. E depois foi uma frustração geral, até porque nós também queríamos vencer o jogo, acabamos não vencendo. A torcida acho que também tinha essa expectativa de vencer, porque se você for analisar antes do jogo e durante a partida, o clima era de festa, estava todo mundo comemorando".

A partida foi paralisada no décimo minuto do primeiro tempo. Para festejar o título da Série B e o consequente retorno para a Série A, os santistas viraram a faixa da Torcida Jovem, principal organizada do clube, que ficou exposta de cabeça para baixo durante toda a temporada na segunda divisão, como forma de protesto.

Basso conta que o ato simbólico da torcida do Peixe, que também homenageou Pelé no momento, o pegou de surpresa e minimizou as vaias no geral.

"Por acaso, eu não sabia que eles iam virar a faixa naquele momento, nem sabia que ia ter essa homenagem. O árbitro parou o jogo, o Pituca levanta a camisa 10, estou batendo palma, olho para o lado e vejo a bandeira sendo colocada na posição correta, então acho que foi uma homenagem muito bonita. Mas acho que no final ficou essa questão da derrota. Porque se você for analisar, em Curitiba, nós subimos, e por mais que as pessoas falassem que era obrigação subir, a torcida comemorou muito com a gente. Foi uma festa legal."

Neymar no Santos?

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A possível volta de Neymar ao Santos em 2025 vem tomando conta dos ânimos da torcida alvinegra e também já impactou o vestiário do time, como era de se esperar. O assunto virou motivo de expectativa no elenco santista, que não deixa de comentar entre si.

Basso conta que as notícias divulgadas na mídia deixam o grupo incerto se o camisa 10 irá voltar ou não, apesar do otimismo. Mas o zagueiro é firme: só vai acreditar quando Neymar vestir a camisa do Peixe e assinar o contrato.

"Houve as conversas. Daí às vezes chegava um e falava: 'Ele vai vir', depois outro: 'Não sei, acho que não' (risos). Você não sabe, né? A expectativa de ter um jogador desse é fantástica. Quem não quer jogar ao lado do Neymar? Então, você vê um jornalista cravando que ele vem, aí outro fala que já não sabe, você fica nessa dúvida. Eu vou acreditar na hora que a gente vier assinando o contrato, com camiseta do Santos."

Fã do craque, Basso também brincou sobre os "desencontros" com Neymar. O craque foi a dois jogos do Peixe na atual temporada, durante o Paulistão, período em que o zagueiro estava emprestado para o Arouca, de Portugal. No ano passado, o camisa 10 foi ao vestiário do Peixe duas semanas antes do defensor chegar ao clube.

Neymar também foi convidado para assistir ao último jogo do Santos na Vila Belmiro diante do CRB, pela Série B. O craque, porém, voltou para a Arábia Saudita, e o encontro com Basso foi novamente adiado.

"Falo que sou muito azarado nisso. Desde o ano passado, todas as vezes que ele vai no vestiário eu não estou. Esse ano eu tinha ido embora para Portugal, deu dois jogos e ele apareceu. Depois foi na final também. Ano passado, ele foi no vestiário, deu duas semanas eu cheguei no Santos. Daí tinha a expectativa dele ir para o vestiário agora (durante a Série B), mas o pessoal já quebrou a minha expectativa no meio da semana e falou que ele não ia."

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Adeus de Carille

Dois dias depois de conquistar o título da Série B do Campeonato Brasileiro, Fábio Carille teve seu contrato com o Santos rescindido. A decisão pegou João Basso de surpresa, já que o elenco do Peixe havia recebido folga após a derrota para o CRB.

O zagueiro estava em Curitiba, sua terra natal, descansando quando recebeu a notícia. Apesar do susto inicial, Basso vê como natural a decisão da diretoria, que enxergou como certo o fim de ciclo com o técnico após uma Série B com oscilações e o clima entre técnico e torcida já não ser dos melhores na reta final de temporada.

"Posso falar por mim, eu fui pego de surpresa. A gente teve dois dias de folga, e eu fui para casa (Curitiba). Vi a informação no Instagram, não fazia ideia. Depois até fui procurar no Instagram do clube para ver se tinha alguma nota oficial ou algo do gênero. A gente sabe como é o futebol, também principalmente aqui no Brasil, tem essa questão de mandar muitos técnicos embora ao longo do ano, e nós até tivemos um treinador que durou até a penúltima rodada do campeonato, talvez poucas equipes esse ano no Brasil tiveram um único treinador. Faz parte do futebol, é o ciclo natural, as coisas também se encerram. O presidente achou que era o momento de encerrar. O que importa foi que, no final de tudo, os planos foram traçados, foram conquistados e acho que isso é o que fica".

Perfil 'fora da caixinha'

Fã da Marvel e Harry Potter, João Basso tem um perfil considerado diferente para um atleta de futebol. No seu tempo livre, futebol é pouco explorado e outro hobby entra em cena: a leitura. Com perfil estudioso, o zagueiro chegou a iniciar a faculdade de educação física antes de rumar para Portugal, aos 19 anos, mas teve que trancar o curso ao ver que o futebol se tornaria uma coisa séria.

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Hoje, aos 27 anos, pensa em retomar a graduação. A rotina como atleta profissional impede, no momento, que Basso frequente uma faculdade presencial, mas o sonho de ter o diploma virá em breve, segundo conta o jogador.

"Ainda não me formei, tranquei, mas vou voltar, tenho que terminar. Eu era um ano adiantado na escola e passei na faculdade com 16 e entrei com 17. Só que com 19 eu vou para Portugal. Eu fiz esses dois anos e meio basicamente. Falta um ano e meio. Até busquei uma equivalência lá em Portugal, mas depois logística.. É, fazer direitinho, certo? Já dei um passo importante, falta pouco também."

O perfil 'fora da caixinha' faz Basso olhar para novos horizontes no futuro. Ainda com bons anos de carreira, o defensor não traça planos exatos para o pós-aposentadoria, mas o perfil de treinador já foi algo apontado por muitos e faz Basso pensar na possibilidade.

"Algumas pessoas falam que eu tenho esse perfil (para ser treinador). Eu acho que eu tenho, eu gosto de entender o jogo e perceber algumas coisas. Às vezes eu gostaria, talvez, de ter alguma coisa assim no meio do futebol, ainda não sei. Tenho aí um bom percurso para poder pensar, para poder me preparar também."

O Zona Mista do Hernan, apresentado pelo colunista do UOL André Hernan, vai ao ar às segundas-feiras, às 12h (de Brasília), no canal do UOL Esporte no YouTube.

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