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Técnico campeão no Aspirantes deixa Bragantino: 'Sequência na carreira'

Maurício Souza, técnico do sub-23 do Red Bull Bragantino Imagem: Fernando Roberto/Red Bull Bragantino

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

04/12/2024 05h30

Técnico campeão do Brasileiro de Aspirantes, Maurício Souza não vai permanecer no Red Bull Bragantino. Dias após a conquista, o treinador conversou com o clube e, agora, mira novos desafios. O Massa Bruta venceu o Botafogo na final por 5 a 0, em casa.

Antes do fim da competição, o clube já havia comunicado o encerramento da categoria sub-23 ao fim da temporada.

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Eu não fico no Red Bull, já tive uma conversa interna. Sem dúvida a condição do treinador é mais difícil de realocar, e algumas coisas eu também não aceitaria. Agora, estou novamente no mercado e tenho conversado com alguns clubes. A minha intenção é dar sequência à minha carreira em uma equipe profissional.
Maurício Souza

"Quando vim para o Red Bull Bragantino, vim porque sempre foi considerado uma equipe B, disputava campeonatos profissionais, como a Série A-3 e a Copa Paulista, além do Brasileiro de de Aspirante. Esse foi um dos motivos que me fez pensar na volta [ao Brasil]. Acreditava no projeto, mas estou tranquilo", completou.

Na nota do Red Bull Bragantino que informava sobre o futuro da categoria, o diretor esportivo Diego Cerri comentou que o clube conseguiu "realocar 90% dos profissionais da equipe sub-23 dentro do projeto da base e do profissional".

O treinador citou como foi trabalhar com os jovens jogadores após o aviso sobre o término do time de Aspirantes. "Não foi fácil. A maioria soube pela internet que não disputaríamos a Série A-3, e aí ficou aquele rumor de que, talvez, a categoria fosse acabar. Isso foi às vésperas do jogo contra o Fluminense, e não foi fácil conter. O medo era o futuro. Alguns jogadores têm contrato até o final de 2025, outros se encerram agora em dezembro, e ficou um ambiente um pouco conturbado".

Passei para eles que a competição poderia ajudar muito mais naquele momento, para que eles pudessem se mostrar para o clube e a nível nacional, que era uma competição que eles estavam esperando o ano todo. Eles mostraram uma superação muito grande. Naquele momento se fecharam muito também, imbuídos de que precisavam vencer, até para que pudessem ser vistos. E foi assim. Maurício Souza

Red Bull Bragantino celebra título no Brasileiro de Aspirantes Imagem: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Com longa passagem no Flamengo, Maurício Souza foi técnico na base, por vezes, interino no time principal, onde também chegou a integrar a comissão. Ele deixou a Gávea no começo de 2022, com a chegada de Paulo Sousa.

Alguns meses depois, assumiu o comando do Vasco, que disputava a Série B do Brasileiro, mas o período em São Januário foi de apenas sete jogos. Posteriormente, esteve no Madura United, da Indonésia.

O que mais ele falou?

Título no Brasileiro de Aspirantes. "Quem olha só para o jogo final, acha que a competição foi fácil, mas não foi. Mostramos uma grande evolução durante o torneio. Ganhamos o primeiro jogo do Goiás, em casa, perdemos para o Santos, fora, e empatamos com o Vila Nova em casa. Fomos fazer um jogo muito difícil contra o Cuiabá lá, ganhamos por 1 a 0, e, ali, acho que engrenamos na competição. A partir dali acredito que tenhamos feito uma competição muito sólida".

Experiência na Indonésia. "A Indonésia é um país que vem crescendo muito no futebol, vem investindo. É claro que eles ainda precisam investir em estrutura, os clubes dão pouco valor a isso, o treinador é o grande personagem de todo o clube, que cuida, praticamente, de tudo. Isso me trouxe uma experiência muito bacana, que eu ainda não tinha vivenciado. Tem jogadores de todos os centros, do mundo, muitos treinadores de fora também. São pouquíssimos os treinadores locais, mas as comissões normalmente são feitas por profissionais locais. Eu fiquei surpreso positivamente com o desenvolvimento do futebol lá, jogos bacanas de se assistir, de participar, equipes que jogam um futebol moderno. É claro que eles precisam investir no desenvolvimento da base, porque a base ainda é precária, mas é um país que investe forte no futebol. Tem muitos jogadores indo para lá justamente por causa das questões financeiras".

Você foi treinador do Vinicius Júnior na base do Flamengo. Como viu a polêmica eleição da Bola de Ouro? "Eu torci demais por ele e eu votaria nele. Acho que não teve ninguém nessa temporada melhor que ele. Ele merecia ter sido eleito. É um jogador que dispensa comentários, mas foram escolhas, né? Cada um que teve direito a voto vê de um jeito. Eu fiquei triste porque eu acho que ele merecia, além de ser um cara espetacular. Mas não tenho dúvidas que ele vai brigar de novo".

Fabio Matias, Rafael Paiva... Alguns técnicos da base ganharam espaço recentemente. "Vejo, primeiramente, com um olhar de esperança porque o treinador que vem da base está extremamente preparado, passa na maioria das vezes por todas as categorias. Não tenho dúvida que todos têm muito conhecimento. É claro que precisa de ajuda em um primeiro momento, mas costumo falar que todos temos que ser um pouquinho de gestor. Temos de entender como é que se relaciona com pessoas, tentar passar a nossa ideia e fazer com que os atletas consigam entender. Fico esperançoso para que isso vire rotina, para que os clubes olhem para os profissionais que eles estão formando".

Muitos treinadores estrangeiros têm vindo ao Brasil... "Eu acho que tem espaço para todo mundo, não tem essa coisa de nacionalidade. Só acho que o treinador brasileiro tem de ser um pouco mais respeitado. Aqui, nos preparamos, estudamos. Vejo uma safra de treinadores muito forte, com muito conhecimento, mas a paciência que existe com os brasileiros é bem menor. Então, vale muito mais às vezes o benefício da dúvida de trazer um treinador estrangeiro e ver no que vai dar do que apostar em um treinador que veio da base, treinador de casa. Não vejo problema em treinadores estrangeiros, mas acho que nós temos de ser mais respeitados, assim como eles são aqui dentro".

O time profissional do Red Bull está em situação complicada no Brasileiro, na luta contra o rebaixamento. "Uma queda sempre é traumática, mas não acho que vá ter algum tipo de impacto financeiro. Mas é claro que não está no projeto da equipe, que demorou um certo tempo para alcançar a elite do futebol brasileiro, cair. Tenho esperança ainda que o time consiga livrar, confio muito no Seabra, acho que ele é um cara extremamente capaz. O tempo que convivi com aquela rapaziada, é um time que trabalha, que batalha. Sei que está em um momento delicado, mas está aberto ainda, espero que não caia. Está todo mundo em estado de alerta, ninguém quer que isso aconteça, mas, caso aconteça, acho que eles vão aguentar bem, vão conseguir segurar esse tranco e, se Deus quiser, no futuro próximo, vão estar na elite novamente".

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