Jorge Luís Sampaio Santos, ex-presidente da Mancha Verde, se entregou à polícia no início da tarde desta quarta (11) em meio às investigações da emboscada contra a Máfia Azul, do Cruzeiro, que deixou um morto e 17 feridas no final de outubro. Ele tem um mandado de prisão provisória e estava há mais de um mês foragido.
O que aconteceu
Jorge Luís cumpriu sua promessa e se apresentou às autoridades nesta manhã. Em nota pública divulgada no início da semana, ele havia antecipado que se entregaria, embora não tivesse cravado uma data, "apesar de reconhecer a dificuldade dessa decisão" e de ter se declarado inocente de envolvimento no ataque.
Ele compareceu ao prédio do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), no centro de São Paulo, acompanhado de seus advogados. Jorge chegou no local caminhando pela calçada, usando um moletom com capuz e óculos. O torcedor organizado raspou a barba e o bigode e tentou passar despercebido, escondendo o rosto, mas foi flagrado pela reportagem.
O ex-presidente da Mancha, que renunciou ao cargo no início dessa semana, estava foragido da Justiça desde novembro. A polícia realizou no início do último mês uma operação para cumprir mandado de prisão contra Jorge e outras lideranças da organizada, mas não localizou os alvos. O caso, inicialmente sob responsabilidade da Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), agora está com o DHPP.
Ele se entregou 44 dias depois da emboscada organizada por palmeirenses contra torcedores do Cruzeiro em Mairiporã (SP). A investigação policial mapeou que cerca de 150 pessoas participaram do ataque ocorrido na madrugada do dia 27 de outubro, na rodovia Fernão Dias. O reconhecimento de parte deles foi possível por gravações de câmeras de monitoramento e por imagens divulgadas nas redes sociais.
O vice-presidente da Mancha, Felipe Mattos, também se entregou à polícia. Fezinho, como era conhecido, também estava foragido e compareceu na unidade policial nesta quarta. Ele foi reconhecido em imagens de câmeras de monitoramento nos arredores do local do ataque, em Mairiporã (SP), usando uma vestimenta camuflada.
A polícia já realizou 15 prisões até o momento. Os dois primeiros suspeitos de envolvimento foram detidos no mês de novembro, com um intervalo de 25 dias entre eles. Na semana passada, mais dez palmeirenses foram presos em nova operação.
Ao se entregar, Jorge atendeu a um apelo do pai. Balbino Santos esteve na delegacia no início de novembro, chorou e disse que teria entregado o filho à polícia se soubesse onde ele estava, embora tenha defendido sua inocência. Em sua carta de renúncia ao cargo na Mancha, Jorge afirmou que queria preservar sua família e se dedicar exclusivamente à sua defesa.
O ex-presidente da Mancha trocou de advogado em meio às investigações. Antes representado no início do caso por Gilberto Quintanilha, que segue sendo o advogado da organizada no caso, ele agora está com o escritório Jacob Alcaraz.
Indícios do envolvimento de Jorge
O ex-presidente da Mancha é apontado pela polícia como o "mentor intelectual" da emboscada à Máfia Azul, de acordo com a investigação inicial do caso. Descrito como um indivíduo de "alta periculosidade", ele seria o "principal interessado" no revide por causa de um confronto anterior entre as organizadas, ocorrido em 2022, em que foi espancado e teve documentos roubados por cruzeirenses.
Jorge não havia sido identificado nas gravações da emboscada quando teve o mandado de prisão expedido, mas outros indícios sustentaram o pedido das autoridades. A localização do celular do ex-presidente apontou que ele esteve onde ocorreu o ataque aos cruzeirenses, e um suspeito ligado à liderança da organizada aparece ao lado de Jorge em foto antes do ocorrido usando as mesmas vestimentas em que foi flagrado em imagens durante a ação criminosa. Além disso, um agressor foi gravado esbravejando o nome do então presidente da Mancha enquanto chutava a cabeça de uma vítima: "É a tropa do Jorge".
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