Como Textor se defende no STJD após ataques a Palmeiras, São Paulo e CBF

Em uma questão que se arrasta ao longo do ano, John Textor, dono da SAF Botafogo, será julgado nesta sexta-feira (13) pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Julgamento

O processo diz respeito às acusações do dirigente de que houve manipulação no Brasileirão de 2022 e 2023, beneficiando, supostamente, o Palmeiras. Como efeito cascata, isso afeta CBF, São Paulo, Fortaleza e o árbitro Raphael Traci.

As acusações contra Textor são: (1) ofender honra de alguém por fato relacionado ao desporto e (2) dar causa, por erro grosseiro ou sentimento pessoal, à instauração de inquérito ou processo na Justiça Desportiva.

A pena pode ser pesada. O gancho acumulado por todas as condutas de Textor pode chegar a 810 dias de suspensão, além de multa de R$ 500 mil.

Um ponto crucial na argumentação de Textor é que ele não foi o responsável por trazer a público os nomes dos jogadores apontados como responsáveis pelo "comportamento deficiente" nos jogos em questão.

O caso volta à pauta da 5ª Comissão Disciplinar (ou seja, ainda em primeira instância). Se houver mesmo julgamento, cabe recurso ao Pleno.

O que Textor trouxe aos autos?

Houve alguns adiamentos no processo e ele volta à pauta depois do Brasileirão e da Libertadores, vencidos pelo Botafogo.

O adiamento mais recente foi para que a resposta de Textor, a qual o UOL teve acesso, e um documento com perguntas frequentes sobre o trabalho da Good Game fossem passados para português por um tradutor público juramentado.

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Relatórios feitos pela empresa motivaram Textor a acusar por todos os cantos de que havia manipulação no Brasileirão.

O UOL já mostrou que esses documentos da Good Game apontam supostos comportamentos deficientes de jogadores no Palmeiras 5 x 0 São Paulo, por exemplo.

Um vídeo do fundador Pierre Sallet e do CEO Thierry Hassanaly tenta explicar a metodologia e chega a usar um dos gols no clássico paulista como exemplo.

Textor também tenta provar que houve manipulação por parte do VAR Raphael Traci no fatídico Botafogo 3 x 4 Palmeiras, pelo Brasileirão do ano passado.

O dono da SAF Botafogo e a Good Game se baseiam em análises comportamentais dos jogadores. Não há elementos ligados ao mercado de apostas.

Textor bate na tecla que queria justamente forçar o STJD a investigar os eventos, a partir dos relatórios apresentados e dos jogos atribuídos como "manipulados".

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Os relatórios da Good Game se baseiam em mais de 10 anos de experiência como especialista líder e respeitada na detecção de manipulação de jogos, e acredito que as conclusões que chegaram em relação a jogos reais envolvendo o Palmeiras seriam suficientes para justificar uma investigação em qualquer foro europeu.
John Textor

O que mais tem nas respostas de Textor

Como o assunto se arrastou, mas não morreu, Textor foi instado a responder perguntas por escrito feitas pelo relator do caso no STJD.

"Algumas delas (perguntas) acabaram por me transformar no verdadeiro investigado, quando, desde o início, eu estava apenas tentando fazer com que o STJD iniciasse uma investigação sobre possíveis manipulações", disse Textor em um trecho.

A manifestação ao STJD é bem menos incisiva do que os textos que o dirigente publicou no seu site. Nas publicações anteriores, Textor usou a Good Game para citar textualmente que o Palmeiras x São Paulo de 2023 e o Palmeiras x Fortaleza de 2022 foram "manipulados".

John Textor no Estádio Nilton Santos durante jogo do Botafogo
John Textor no Estádio Nilton Santos durante jogo do Botafogo Imagem: Wagner Meier/Getty Images
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O dono da SAF alvinegra foi perguntado pelo STJD se poderia fornecer detalhes específicos sobre a evidência sólida que afirma ter, além dos relatórios da Good Game.

"Acredito que a questão continua a minimizar as provas da Good Game, pois o STJD ainda não permitiu a apresentação das provas. Além disso, essas perguntas foram claramente preparadas por partes que buscam desacreditar a Good Game, provavelmente por motivos competitivos", rebateu o dirigente.

Textor ressaltou ainda que a Good Game estaria disposta a vir ao Brasil para explicar melhor, diretamente ao STJD, sua metodologia.

Em uma manifestação por escrito, no entanto, o fundador da empresa, Pierre Sallet, disse em 18 de outubro que não conseguiu naquele momento formular respostas dentro do prazo dado, devido à grande quantidade de trabalho.

Textor chegou a pedir prorrogação do processo especificamente por isso, mas não conseguiu. O que tem de formal da Good Game nos autos é um documento com perguntas frequentes (FAQ), também já traduzido.

Em outro momento, Textor foi indagado se acredita que a reação que teve após a derrota para o Palmeiras influenciou na decisão de alegar manipulação de resultados.

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"Não, a manipulação da reprodução do VAR me inspirou a alegar manipulação", respondeu o dirigente, que alfinetou, sem citar nomes, o então relator do inquérito, o ex-auditor Mauro Marcelo de Lima, palmeirense declarado.

Por que a pena pode ser tão grande?

Após um inquérito que tramitou no primeiro semestre, ainda na composição antiga do STJD, Textor foi denunciado pela procuradoria por infringir cinco vezes o artigo 243-F, que trata de ofensa à honra de alguém por fato relacionado ao desporto.

As vítimas de Textor, neste caso, seriam Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, Palmeiras, São Paulo, Fortaleza e o árbitro Bráulio da Silva Machado, que apitou o fatídico Botafogo 3 x 4 Palmeiras, pelo Brasileirão 2023.

A soma das penas no 243-F, especificamente, pode gerar 450 dias de suspensão e R$ 500 mil de multa.

Textor ainda foi enquadrado no artigo 221, por ter gerado uma denúncia caluniosa e abertura de inquérito dentro do próprio STJD, ao alardear manipulação de resultados, usando relatório da Good Game.

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A temperatura da briga entre Textor, CBF e Leila esfriou nos últimos tempos. Mas o processo do Palmeiras contra o norte-americano continua na Justiça comum, e em segredo de Justiça.

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