Caso Mancha: Polícia conclui '1ª fase' e abrirá novo inquérito da emboscada

A Polícia Civil de São Paulo já pensa nos próximos passos após ter encaminhado ao MPSP (Ministério Público de São Paulo) o relatório da investigação da emboscada da Mancha Verde a cruzeirenses.

O que aconteceu

O caso Mancha foi relatado e encaminhado na última quarta-feira (18) ao MP, que fez denúncia. Ao todo, foram denunciados 20 suspeitos pela emboscada que deixou um morto e 17 feridas no final de outubro na rodovia Fernão Dias, em Mairiporã (SP), no final de outubro.

O UOL ouviu de fontes policiais que essa é apenas a "1ª fase envolvendo os principais atores" do ataque. A investigação, que começou com a Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), foi repassada e concluída pelo DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

A Polícia abrirá um novo inquérito para apurar a participação de mais pessoas na ação criminosa. As autoridades trabalham com a tese de que mais de 100 pessoas estiveram envolvidas na emboscada.

Jorge Luís Sampaio Santos, ex-presidente da Mancha Verde
Jorge Luís Sampaio Santos, ex-presidente da Mancha Verde Imagem: Instagram/jorgeluismvzs

Os 15 suspeitos que foram presos seguem detidos, entre eles o ex-presidente Jorge e outras lideranças da organizada. Jorge Luís Sampaio Santos se entregou na última semana, após renunciar à presidência da Mancha, mais de 40 dias depois do ataque a integrantes da Máfia Azul —ele nega participação.

Ainda há foragidos. Foram duas prisões realizadas ao longo de novembro, com o restante ocorrendo nas duas primeiras semanas deste mês.

O que diz a denúncia do MP

"De acordo com os promotores de Justiça que subscrevem a peça acusatória, no dia 27 de outubro, na Rodovia Fernão Dias, os denunciados, agindo em concurso de pessoas entre si e com terceiros ainda não identificados, todos assumindo o risco do resultado homicida, por motivo torpe, com emprego de meio cruel e de meio que possa resultar perigo comum, e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, concorreram para a morte de José Vitor Miranda dos Santos, causada por traumatismo cranioencefálico em decorrência de golpes desferidos com instrumento contundente.

Estes delitos foram cometidos mediante recursos que dificultaram a defesa das vítimas, quais sejam: i) superioridade numérica; ii) planejamento e execução da emboscada de modo a atacar as vítimas durante a madrugada, quando repousavam em ônibus de transporte coletivo, dificultando a possibilidade de reação; e iii) bloqueio do trajeto dos ônibus, inclusive com 'miguelitos', obrigando a parada dos veículos coletivos quando cercado pela multidão delinquente", relataram os membros do Ministério Público de São Paulo, que requereram a prisão preventiva de todos os denunciados. A rivalidade entre as torcidas do Palmeiras e do Cruzeiro já data ao menos de 1988, quando um dos fundadores da Mancha Alviverde foi morto; e nos últimos anos se agravou. Os presentes delitos, inclusive, são reação a uma briga que ocorreu entre as torcidas em Minas Gerais - cuja documentação integra o presente. Este contexto de rivalidade violenta reforça o risco. Soltos, os denunciados sem dúvida irão planejar novos delitos em face de torcedores do clube rival, colocando toda a sociedade em risco", argumentaram os promotores."

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