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Corinthians: Augusto fecha 2024 nos braços da torcida em 1º ano de gangorra

Augusto Melo, presidente do Corinthians, durante jogo contra o Bahia pelo Brasileirão Imagem: CAIO DE SOUSA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

25/12/2024 05h30

Augusto Melo viveu altos e baixos como presidente do Corinthians em seu primeiro ano de mandato. A temporada ficou marcada por um quase rebaixamentos e relações desgastadas com o Conselho Deliberativo do clube, mas também por um amplo apoio da torcida no segundo semestre após arrancada histórica.

A seguir, o UOL conta os detalhes da temporada do mandatário.

Paulistão trágico e erros da gestão

O presidente iniciou a temporada referendando a frase "acabou a farra de Palmeiras e Flamengo", dita por Rubão, ex-diretor de futebol do Corinthians. A frase repercutiu muito mal entre a torcida após a primeira janela de transferências, considerada fraca, e virou meme.

No Paulistão, o Corinthians teve um início trágico, que culminou com a demissão do técnico Mano Menezes. Foi a partir dali que os primeiros sinais de revolta da torcida realmente apareceram. A equipe alvinegra não se classificou para a fase de mata-mata, ficou perto da zona de rebaixamento no Estadual, mas se salvou.

A decisão da demissão foi tomada depois de Augusto Melo ter bancado o treinador, mesmo quarta derrota consecutiva. Augusto chegou a dizer que Mano tinha contrato até 2025 e que estava trabalhando para que o técnico tivesse "condições melhores de trabalho".

Fabinho Soldado, executivo de futebol, foi contratado por Augusto no dia 24 de janeiro, e chegou sob muita desconfiança. O ex-Flamengo ainda não tinha experiência em liderar todo um departamento de futebol, o que abriu espaço para novas reclamações de corintianos.

Em fevereiro, a gestão contratou António Oliveira, que era apenas a segunda opção do clube. O Timão tinha todos os detalhes acertados com o técnico Márcio Zanardi, à época no São Bernardo, mas a contratação melou após a diretoria alvinegra descobrir que ele não poderia comandar duas equipes diferentes em uma mesma edição do Paulistão, por conta de uma restrição do regulamento.

Escândalo, invasão e demissão

Nos meses seguintes, o caso Vai de Bet estourou outra "bomba" no colo do presidente. O ex-patrocínio multimilionário da casa de apostas ao Corinthians entrou na mira da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo, por suspeitas sobre o intermediário da transação. O escândalo foi um 'prato cheio' para as críticas da torcida e de opositores da gestão.

Dentro de campo, as coisas continuavam mal. António Oliveira até emplacou algumas vitórias, mas teve dificuldade de criar consistência na equipe, tanto pela falta de peças quanto pelas saídas de jogadores do elenco.

Cássio, um dos maiores ídolos do Timão, rescindiu contrato em maio para assinar com o Cruzeiro — o que gerou mais uma onda de críticas à gestão. A escolha de Cássio em deixar o Corinthians foi motivada principalmente pelo desgaste emocional e com a diretoria.

Em junho, mais de 30 torcedores organizados do Corinthians invadiram a sala do presidente no Parque São Jorge, durante uma busca pelo diretor administrativo Marcelo Mariano. O dirigente, braço direito de Augusto, teve o nome envolvido no escândalo que culminou na rescisão do contrato com a Vai de Bet.

Por fim, o semestre acabou com António demitido em menos de cinco meses de trabalho. A motivação foi o péssimo início no Campeonato Brasileiro. O Timão ficou sem vencer por nove rodadas e chegou a ocupar a penúltima colocação da tabela.

Janela salvadora e arrancada

O primeiro ponto de virada para a reputação de Augusto Melo foi a contratação de Ramón Díaz. O argentino chegou com ares de "salvador da pátria", após ter evitado o rebaixamento do Vasco em 2023. O voto de confiança no trabalho do treinador foi fundamental.

A chegada da Esportes da Sorte como patrocinadora máster do clube também foi um calmante para os nervos

Além disso, após inúmeras saídas e demissões na diretoria, Augusto finalmente 'acertou' mais a mão. Pedro Silveira, diretor financeiro, Vinicius Cascone, diretor jurídico, e Fabinho Soldado comandaram a janela de transferências do meio do ano.

Nove reforços foram contratados, sendo que seis atuaram na titularidade em algum momento. Memphis Depay foi o carro-chefe e gerou impacto midiático. O fato de ter o salário 100% bancado pela patrocinadora, a Esportes da Sorte, também foi uma agenda positiva para o presidente, que lida com uma dívida bilionária do clube.

O Timão teve uma arrancada surpreendente no Campeonato Brasileiro, e Augusto virou "herói". A equipe ainda passou por momentos de baixa, nas eliminações das competições de mata-mata (Copa do Brasil e Sul-Americana), mas a recuperação nos pontos corridos evitou o rebaixamento e levou o time à pré-Libertadores.

Fiel 'se fecha' com Augusto

A política do Timão fervia, e o pedido de impeachment de Augusto foi aprovado, enquanto a situação melhorava nos gramados. O processo tramitou por meses no Conselho Deliberativo do clube e ganhou fôlego após as investigações da Polícia Civil.

O apoio maciço da torcida por Augusto ratificou o discurso de "golpe" adotado pelo mandatário. A mesma torcida que invadiu o clube social há alguns meses, levou faixas e entoou gritos contra os membros do Conselho que iriam votar o impeachment do presidente. Augusto conseguiu suspender a reunião por uma liminar, que foi derrubada dias depois.

Em janeiro, uma nova votação acontecerá. Os torcedores prometem comparecer mais uma vez para prestar apoio ao presidente.

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