Deficientes visuais ganham fone e narração em Fla x Flu: 'É maravilhoso!'

O Maracanã viveu uma noite especial não só por ter recebido o primeiro jogo da final do Campeonato Carioca entre Flamengo e Fluminense como também pelo gesto inclusivo que permitiu que deficientes visuais acompanhassem o clássico através de fones de ouvido com narração e comentários exclusivos.

'Experiência incrível'

Os deficientes visuais foram alocados nas cadeiras cativas do estádio. Através do equipamento, eles ouviam um locutor e um comentarista que detalhavam o que acontecia no campo. A ação foi feita pelo Governo do Estado através da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj).

Flamenguista, Rosilene Silva de Souza era só felicidade com a experiência sensorial. Após aprovar a qualidade do serviço, ela agora fica na torcida para que outros estádios e eventos esportivos adaptem esta tecnologia para os deficientes visuais.

A experiencia é incrível. Poder ter a descrição de tudo o que está acontecendo ao nosso redor, na nossa frente... Cara, é maravilhoso! Espero que esse projeto continue não só aqui, mas que consiga se expandir em outros eventos para que possamos estar juntos e interagindo com todo mundo
Rosilene Silva de Souza, deficiente visual

Moradora do bairro de Barros Filho, na Zona Norte, ela pega um ônibus e um metrô para chegar ao Maracanã. Anteriormente, já havia ido ao estádio para acompanhar um jogo do Flamengo, mas sem a possibilidade do auxílio tecnológico dos fones de ouvido com narração.

A experiência não foi muito legal, não (sem os fones). Mas o bom é que, graças a Deus, eu tenho um amigo, que é meu ex-marido, e tem também meus guias, que quando eles vêm comigo, eles mesmo fazem a descrição, mas não é a mesma coisa
Rosilene Silva de Souza, deficiente visual

O amigo e ex-marido em questão é Artur Ribeiro, que estava ao seu lado durante o clássico. Ele faz parte do projeto "Correndo por Eles", que leva PCD's para corridas de rua como a própria Rosilene, que gosta de ser chamada de "Rosi Charmosa" e que já tem uma meia-maratona no currículo.

Estou sempre levando a Rosi para eventos de corrida, e o evento de futebol também faz parte porque temos que interagir. O deficiente tem que estar onde ele quiser estar. Se quer ir para o futebol, pode chegar aqui também. Mesmo sem enxergar, ele curte aquela emoção do estádio, e isso é muito importante. Esse projeto da Suderj é um trabalho de inclusão muito bom para eles. Alguém tem que dar o primeiro passo e esse passo foi dado aqui. Isso é muito importante para outros seguirem o exemplo porque eles não podem ficar em casa. Quem não sai do sofá, não tem história para contar
Artur Ribeiro, amigo de "Rosi Charmosa"

Locutor: "Foi algo muito gratificante"

A experiência do locutor Fernando Palhano também foi marcante. Estudante de jornalismo e com apenas 18 anos, ele debutou justamente numa final e prestando um serviço nobre.

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Foi uma causa muito nobre. Poder narrar para pessoas com deficiência foi algo muito gratificante para mim. Foi uma experiência sensacional. Sou estudante de jornalismo, tenho 18 anos e ter a minha primeira narração justamente numa final de Campeonato Carioca, num Fla x Flu, foi incrível
Fernando Palhano, narrou para os deficientes visuais

Maracanã se coloca à disposição para outros estádios do Brasil

Idealizadora do projeto, a Suderj se colocou à disposição de clubes e instituições que queiram implementá-lo em seus estádios. Presidente da entidade, Marcos Santos, inclusive, é deficiente auditivo.

Eu, como presidente da Suderj, sou uma pessoa com deficiência. Sou surdo bilateral profundo. Espero que isso não seja uma política somente do Maracanã, mas que seja em todos os estádios do Brasil, porque promover inclusão social é promover vida, amizade e promover a integração de verdade. Esse aqui é o palco do futebol, é público e tem que ser para todos, inclusive para as pessoas com deficiência. As portas da Suderj estão abertas para qualquer clube ou instituição. Se quiserem saber mais sobre o projeto e quiserem apoio para implementar em seus estádios, nos procurem
Marcos Santos, presidente da Suderj

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