Libertadores tem Palmeiras x Cerro após caso de racismo e protesto de Leila
Do UOL, em São Paulo
17/03/2025 21h57
Classificação e Jogos
Palmeiras e Cerro Porteño caíram no mesmo grupo na Libertadores. O sorteio, realizado nesta segunda-feira, não contou com a presença de Leila Pereira — ela protestou e não compareceu ao evento em meio à briga com a Conmebol pela pena aplicada ao clube paraguaio pelo caso de racismo sofrido pelo atacante Luighi, do sub-20 do Verdão, neste mês.
O que aconteceu
Palmeiras e Cerro Porteño estão no Grupo G. Eles têm a companhia de Bolívar e Sporting Cristal.
O reencontro acontece após caso de racismo na Libertadores Sub-20. Luighi foi alvo de ofensas racistas durante jogo entre as equipes no dia 6 de março, no Paraguai.
A Conmebol aplicou três multas ao Cerro Porteño: multa, jogos com portões fechados na Libertadores Sub-20 e postagens contra o racismo nas redes sociais.
As punições não agradaram o Palmeiras. Leila se manifestou contra as medidas tomadas pela Conmebol, pediu intervenção da Fifa e sugeriu que clubes brasileiros troquem a entidade sul-americana pela Concacaf.
A mandatária do Palmeiras não compareceu ao sorteio. Segundo vice-presidente do Palmeiras, Paulo Buosi explicou a ausência de Leila.
A presidente quis registrar um protesto com tudo que aconteceu com os nossos jogadores com o Figueiredo, com o Luighi, mas eu e ela decidimos que eu precisava estar aqui, era importante eu estar aqui para representar institucionalmente o Palmeiras, mas registrar a nossa revolta, o nosso protesto contra tudo que aconteceu. Não é possível a gente admitir e tolerar que isso continue acontecendo. Paulo Buosi, vice-presidente do Palmeiras, à ESPN
A cerimônia teve discurso do presidente da Conmebol sobre racismo. Alejandro Domínguez citou o caso de Luighi, se disse sensibilizado e afirmou que a Conmebol faz o que está o seu alcance, mas que não é o suficiente.
Eu não posso seguir sem falar do racismo, eu não posso seguir falando aqui sem falar de um problema muito grande que o futebol enfrenta. Gostaria também de abordar uma questão que nos desafia como organização. O racismo é um flagelo que não tem origem no futebol. Tem origem nas sociedades, mas é feito ao futebol. A Conmebol é sensível a essas realidades, como podemos não ser sensíveis à dor do Luighi. Nosso desafio é sermos juntos, como aqueles que não são representantes responsáveis por esses atos. A Conmebol aplica sanções e faz tudo o que está a seu alcance para mudar essa realidade. Mas isso não é suficiente. Precisamos entender que o racismo está enraizado na sociedade e que o futebol como organização está lutando com as ferramentas que estão a seu alcance.
Eu quero anunciar que a Conmebol decidiu convocar as autoridades de governos de todo o continente e as associações membros como objetivo de estabelecer uma atuação conjunta que permita responder de forma simultânea a qualquer expressão de discriminação e violência. Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol
A declaração de Alejandro Domínguez não satisfez o Palmeiras. Paulo Buosi se manifestou após o sorteio.
Era o mínimo ele ter falado. Só faltava ter acontecido tudo que aconteceu e não falar. É lamentável que nenhuma ação prática aconteceu. Vamos ter uma comissão que vai ser feita para conversar sobre o assunto. Um problema que repetidamente tem acontecido. Ou a gente dá basta nisso, ou vai continuar acontecendo. A impunidade é o combustível para que novas coisas aconteçam.
É uma punição ridícula, com um problema tão grave. Se a lágrima do Luighi não comove as pessoas, o que vai comover? A gente tem que mudar, e vamos continuar falando, não vamos ficar quietos, esse é um problema que nós temos que acabar. Paulo Buosi, à ESPN
Outro caso de racismo
O caso de racismo contra Luighi não foi o primeiro em um Cerro x Palmeiras. Em 2023, Bruno Tabata foi alvo de ofensas racistas.
Tabata foi chamado de "macaco" por torcedores do Cerro. Na ocasião, quem foi punido foi o próprio jogador, pegando quatro meses de suspensão.
Ao ouvir as ofensas, Tabata imitou o gesto do animal, no sentido de denunciar o que estava acontecendo. A Conmebol puniu o jogador com quatro meses de suspensão, por suposto ato racista. A entidade afirmou que o jogador violou o artigo 15.1 do Código Disciplinar.
No episódio de maio de 2023, o Cerro Porteño foi multado em 100 mil dólares e teve uma arquibancada parcialmente fechada na partida seguinte. O Palmeiras tentou recorrer da decisão da Conmebol quanto à punição de Tabata, mas sem sucesso.