'Inadmissível algum clube ser contra combate ao racismo', diz Leila Pereira
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Presidente do Palmeiras, Leila Pereira esteve presente na reeleição de Ednaldo Rodrigues, na CBF, e voltou a se posicionar de maneira contundente em relação ao racismo no futebol. A dirigente garantiu não temer represálias na Libertadores por conta de suas críticas e alfinetou clubes que não se manifestar sobre a causa.
O que aconteceu
Leila foi questionada especificamente sobre a posição do Flamengo. O Rubro-Negro foi o único clube da Série A, que é integrante da Libra, a não assinar a carta de repúdio ao presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, por falas racistas na semana passada.
A presidente, por sua vez, disse que falaria apenas do Palmeiras. Ela, porém, tratou como "inadmissível" que agremiações não se posicionem, e relembrou o episódio com o atacante alviverde Luighi, que chorou ao sofrer racismo na partida contra o Cerro Porteño, no Paraguai, pela Libertadores sub-20.
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Vou falar sobre o Palmeiras. O que não falta para a presidente do Palmeiras é coragem. Se fui eleita presidente desse clube gigante, foi para representá-lo, para lutar pelo clube e pelos nossos 20 milhões de torcedores e também pelos nossos atletas. Jamais poderia chegar no meu clube, olhar para meus atletas depois daquilo que ocorreu lá no Paraguai e não ter feito absolutamente nada. Isso jamais, nunca. Porque a presidente do Palmeiras tem coragem. Para você ser presidente de um clube do tamanho do Palmeiras, essa é a primeira virtude que o dirigente tem que ter. Não tenho medo que o Palmeiras seja prejudicado, porque tenho certeza que isso não vai acontecer. Porque nós estamos lutando pelo que é certo. É inadmissível algum clube ser contra o combate ao racismo
Leila Pereira, presidente do Palmeiras
O que mais ela falou?
Episódio com Luighi: "Alguém viu o que eu vi? O sofrimento do meu atleta? E aquilo que ele passa, milhões de pessoas passam. E nós, como dirigentes, como formadores de opinião, não nos manifestamos? Isso é um absurdo. Mas eu tenho certeza que a grande maioria dos clubes, o presidente Ednaldo (Rodrigues, da CBF) e todos estarão ao nosso lado".
Relação com a Conmebol: "Não tenho absolutamente nada contra a Conmebol. Tenho, sim, contra todas as atitudes que a Comebol tem em relação ao racismo. O que ocorreu com o Palmeiras contra o Cerro não foi a primeira vez, foi a terceira vez. O que nós pedimos foi que as penas fossem mais pesadas. Se não tivermos uma punição severa, isso não vai terminar nunca. Nós vamos jogar com eles aqui no Brasil. No Brasil nós vamos ser fortes, aqui nós punimos. E se ocorrer dentro do nosso estádio, serão punidos, sim, mas com muita seriedade, com uma forma muito dura. E só assim a gente consegue se defender desse crime. A presidente de Palmeiras sempre vai se posicionar de uma forma muito firme, forte, defendendo o que é certo, sem medo. Esse negócio de 'ah, o Palmeiras vai ser prejudicado na Libertadores'. Não, não vai. E outra coisa que eu vou falar: a luta é muito maior do que um título. Não tenho dúvidas disso".
Reforço na segurança para jogo com Cerro: "Olha, a gente vai levar mais seguranças, claro, já que isso se tornou muito falado, entende? Mas fica parecendo que é um problema do Palmeiras contra o Cerro e não é. É uma luta contra o racismo. É isso, ponto. Mas eu fico muito preocupada, tá? Preocupada, mas essa preocupação também nos faz tomarmos precauções. Vamos levar a segurança. E sim, acho também que a Conmebol vai tentar, pelo menos, não é? Que as coisas sejam resolvidas dentro de campo, sem maiores problemas, para não estragar o espetáculo".
Apoio a Ednaldo na CBF: "Eu acredito, como vocês viram hoje, que há uma união, pelo menos em torno do nome do presidente Ednaldo. E o Ednaldo dá muita liberdade para os clubes se manifestarem, pleitearem. Todos nós temos que olhar não só para os nossos clubes, mas sim o que é melhor para todo o ecossistema, entendeu? Para todos os clubes. Acredito que isso é uma evolução. Ele dá muita força para o Conselho Nacional de Clubes. Eu não faço parte, mas fui convidada a participar. E a gente vai tentar que essas decisões do Conselho Nacional de Clubes façam a votação para todos os clubes, para que possamos realmente decidir alguma coisa".
Fair Play Financeiro: "É fundamental implementarmos o fair play financeiro no futebol brasileiro, pois só assim teremos uma competição igualitária, porque não é justo o Palmeiras e alguns outros clubes pagarem em dia os seus compromissos e ter que disputar com clubes que não pagam absolutamente a ninguém na igualdade de condição. Isso não existe. Então nós vamos lutar. Sei que é difícil, porque alguns clubes, devedores, não vão querer, claro. Ninguém fala que não quer, mas ninguém decide, entendeu? Então a forma de não fazer é ficar enrolando, enrolando... Mas nós vamos continuar lutando, porque a gente não desiste".