Endrick já marcou gol do título contra rival no Allianz e levou pai às lágrimas
Endrick vem encantando pelo Palmeiras na Copa São Paulo de Futebol Júnior, mas o brilho do jogador de 15 anos não é de hoje. Em 2017, o atacante foi o grande nome do Verdão na conquista do Campeonato Paulista sub-11. Na ocasião, a TV Gazeta produziu uma matéria especial sobre a promessa, que se destacou em um Allianz Parque ocupado por 21.392 torcedores.
Em novembro daquele ano, o Palmeiras disputou as finais dos estaduais sub-11 e sub-15 em seu estádio no mesmo dia, distribuindo gratuitamente ingressos a seus aficionados. A decisão da categoria de Endrick foi contra o Santos, disputada em dois tempos de 25 minutos e em campo reduzido.
"Senti um gosto de jogador de verdade. Jogar com a torcida gritando o seu nome, o hino do clube. Assusta um pouquinho, mas dá para jogar", comentou o atacante após o jogo.
Na arquibancada do estádio, Douglas, pai de Endrick, acompanhou de perto o desempenho do filho. À época, ele trabalhava como funcionário na Academia de Futebol. A partir do convívio que teve com os jogadores do time profissional, criou uma relação especial com Jailson. O goleiro, então, ajudou o trabalhador da limpeza com um valor para a realização de um implante dentário.
"Meu pai foi jogador de futebol, eu tentei e não consegui. Eu acho que Deus sabe o que faz. Se não era para eu estar aqui, é porque Ele queria que eu realizasse meu sonho através de meu filho", disse Douglas.
"Nós somos de Valparaíso, de Goiás, no cone sul de Brasília. Viemos para cá em fevereiro, deixamos empregos, casa e família para trás. Hoje, estou aqui com minha esposa e meu filho. Trabalho no CT do profissional, na limpeza. O pessoal me arrumou casa e serviço para que pudesse vir para cá", completou.
2017 não foi um ano só de alegrias para Endrick. O atacante sofreu uma fratura no pé no início das eliminatórias do Campeonato Paulista, ficando de fora de grande parte do estadual. Depois de se recuperar, voltou para os gramados com estilo: no primeiro jogo da final contra o Santos, disputado na Baixada, marcou um lindo gol de bicicleta.
"No primeiro mata-mata, ele teve uma fratura de pé. A gente fez a campanha toda das eliminatórias sem ele, um menino que é muito diferente. Ele fez aquele gol que não é normal para a categoria e, hoje, estava no momento certo. Em algumas coisas a gente tem que acreditar, não foi por acaso", afirmou Alemão, então técnico do time sub-11 do Verdão.
"Foi surpreendente. Eu vi a bola chegando, o menino estava na minha frente. Ele pulou, pensava que ia cabecear, mas, do nada, dei uma bicicleta e fiz o gol", relembrou o atacante.
No segundo jogo, disputado no Allianz, Endrick voltou a balançar as redes, aproveitando rebote do goleiro e já mostrando seu oportunismo. Ele foi o artilheiro da competição, com 19 tentos anotados.
Sem conter a emoção, o pai do atacante contou um episódio marcante vivido pelos dois. À época, a família de Endrick vivia em situação de extrema vulnerabilidade.
"Lembro uma vez em que estava sentado no sofá. Ele pediu: 'Pai, eu quero comer'. Não tinha nada na geladeira, não tinha nada no armário. Ele pedindo, pedindo e pedindo, disse que não tinha nada. Eu comecei a chorar, ele também. Ele falou: 'Pai, você pode deixar, eu vou ser jogador de futebol e vou tirar a gente dessa dificuldade", falou Douglas.
Hoje, Endrick já soma 170 partidas e 167 gols marcados pela base do Verdão. Apontado como uma das joias com o maior potencial de sua geração, o atacante está cada vez mais próximo de concretizar o sonho citado em 2017: "Meu pai não virou jogador de futebol. Então, eu quero transformar a vida dele".
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