Topo

Irã pede demissão de ídolo alemão por críticas: 'Julgamento preconceituoso'

Jurgen Klinsmann, ex-atacante que fez história no futebol alemão  - @HerthaBSC/Twitter
Jurgen Klinsmann, ex-atacante que fez história no futebol alemão Imagem: @HerthaBSC/Twitter

redacao@gazetaesportiva.com (Redação)

27/11/2022 08h40

Classificação e Jogos

A Federação de Futebol do Irã reclamou à Fifa sobre as declarações feitas por Jurgen Klinsmann sobre sua seleção após partida da Copa do Mundo do Qatar.

Eles a consideram prejudicial ao futebol de seu país e exigem que o alemão se desculpe e renuncie ao cargo de membro do Grupo de Estudos Técnicos da Organização Mundial no Qatar 2022.

"Juntamente com várias considerações infelizes sobre a equipe nacional do Irã, o Sr. Klinsmann fez julgamentos sobre a cultura iraniana. A Federação de Futebol do Irã já pediu esclarecimentos imediatos à Fifa sobre este assunto, exigindo desculpas do Sr. Klinsman e renúncia de suas funções como membro do Grupo de Estudos Técnicos da Fifa", escreveu a Federação do Irã em um comunicado. E continuou:

"Ao mesmo tempo, a seleção nacional do Irã convida o Sr. Klinsmann para visitar o Team Melli Camp em Doha, para uma palestra sobre a milenar cultura persa e os valores do futebol e do esporte. Sendo alemão, está prometido que Klinsmann não será julgado pelo episódio mais vergonhoso da história da Copa do Mundo, a "Desgraça de Gíjon" em 82, quando Alemanha Ocidental e Áustria empataram. Como ex-jogador, ele não será julgado por seus famosos mergulhos dramáticos. E com certeza, como profissional do futebol, não será julgado por nenhuma outra questão política ou histórica relacionada ao seu país", completou.

Klinsmann, membro do Grupo de Estudos Técnicos da Fifa, disse que na partida entre Irã e País de Gales, os jogadores iranianos pressionaram o árbitro, algo que, segundo ele, faria parte da cultura do país, e ainda questionou o técnico do time, Carlos Queiroz.

"Isso faz parte da cultura deles, da forma como jogam. O Carlos encaixa muito bem nesta seleção e na sua cultura. Não é uma coincidência, é tudo de propósito. Eles pressionam o árbitro. Basta ver o banco, a forma como saltavam em cima do assistente e do quarto árbitro. Esta é a cultura deles, eles meio que tiram o foco. Fazem com que você perca a concentração e isso é algo importante. E aí te tiram do jogo", disse Klinsmann em entrevista à BBC.

A declaração soou agressiva à delegação iraniana e ao seu treinador, Carlos Queiroz, que prontamente foi às suas redes sociais para rebatê-la com uma longa carta aberta.

"Caro Jurgen, você tomou a iniciativa de me chamar de Carlos, então acredito que seja apropriado chamá-lo de Jurgen. Certo? Mesmo não me conhecendo pessoalmente, você questiona meu caráter com um típico julgamento preconceituoso de superioridade. Não importa o quanto eu possa respeitar o que você fez dentro do campo, essas observações sobre a cultura iraniana, a seleção iraniana e meus jogadores são uma vergonha para o futebol. Ninguém pode ferir nossa integridade se não estiver no nosso nível, é claro. Mesmo assim, gostaríamos de convidá-lo a vir ao nosso acampamento da seleção nacional, conviver com os jogadores do Irã e aprender com eles sobre o país, o povo do Irã, os poetas e a arte, a álgebra, toda a tradição milenar da cultura persa. E também ouvir de nossos jogadores o quanto eles amam e respeitam o futebol", escreveu em seu Twitter.

Queiroz ainda citou a ligação de Klinsmann com os Estados Unidos e pediu a demissão do mesmo do cargo de consultor da Fifa na Copa do Mundo. Vale destacar que o ex-jogador alemão possui nacionalidade americana e é ex-treinador da seleção dos EUA.

"Como americano/alemão, entendemos seu não-apoio. Sem problemas. E apesar de seus comentários ultrajantes na BBC tentando minar nossos esforços, sacrifícios e habilidades, prometemos que não faremos nenhum julgamento sobre sua cultura, raízes e antecedentes e que você sempre será bem-vindo à nossa família. Ao mesmo tempo, queremos apenas acompanhar com toda a atenção qual será a decisão da Fifa em relação à sua posição como membro do Grupo de Estudos Técnicos da Copa do Mundo do Qatar 2022. Porque, obviamente, esperamos que você se demita antes de visitar nosso acampamento", completou.

O Irã entra em campo no Mundial na quarta-feira (30), às 16h (de Brasília), justamente contra os Estados Unidos. O confronto entre segundo e terceiro colocados do grupo B é direto por uma vaga nas oitavas de final da competição.