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Allianz encerra camarote, e ídolos do Palmeiras são pegos de surpresa

Allianz Parque, palco do jogo entre Palmeiras x Athletico-PR pela Copa Libertadores - Gabriel Carneiro/UOL
Allianz Parque, palco do jogo entre Palmeiras x Athletico-PR pela Copa Libertadores Imagem: Gabriel Carneiro/UOL

redacao@gazetaesportiva.com (Redação)

07/02/2023 06h00

O camarote dedicado aos ídolos históricos do Palmeiras foi encerrado pela gestão do Allianz Parque em 2023. Denominado "Academia de Imortais", o setor reservava espaço para os ex-atletas, que tinham os seus nomes registrados nas respectivas cadeiras. De acordo com César Maluco, um dos convidados para a inauguração, a homenagem foi concedida em caráter vitalício e seu fim repentino pegou todos de surpresa.

"Costumo dizer que [o estádio] é o quintal da minha casa. E tiraram o meu quintal. Construíram condomínios e mais condomínios. Agora, pouco vou ver o Ademir da Guia. Só se eu for na casa dele, mas cada um tem a sua vida, não tem tempo de a gente conversar, bater um papo, dar risada. Porque tiraram o nosso espaço. Mas acredito que vai ter alguém que vai dizer: 'Vamos trazer eles de volta para cá'", afirmou o ídolo palmeirense.

Segundo apurou a Gazeta Esportiva, o espaço foi extinto desde o primeiro jogo da temporada, contra o São Bento, na rodada de estreia do Paulistão. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Allianz Parque confirmou o encerramento do camarote e disse que os ídolos seguem convidados para acompanhar as partidas em outros locais do estádio.

"O camarote Academia de Imortais foi concebido para ser um espaço comercial que abrigava ex-atletas e torcedores. Este produto foi descontinuado e os ídolos continuarão sendo convidados especiais para assistir aos jogos nas áreas premium do estádio, como aconteceu, por exemplo, no clássico contra o São Paulo, quando estiveram no Lounge Centenário", informou a assessoria do Allianz Parque.

O Lounge Centenário fica em uma área central reservada do Allianz Parque, local em que os torcedores também podem adquirir entradas para assistir aos jogos. No Choque-Rei, Ademir da Guia foi o convidado especial na cerimônia pré-jogo, na qual "escalou" o Palmeiras junto com o locutor do estádio.

A decisão pelo fim do camarote reservado aos ídolos não tem relação alguma com o Palmeiras. A área premium de camarotes é de responsabilidade exclusiva da gestão do Allianz Parque. A comercialização de ingressos para este setor, por exemplo, nem sequer passa pelo clube.

O camarote

A Academia Allianz Parque de Imortais foi inaugurada em 2014, ainda antes das conclusões das obras da arena palmeirense. O camarote trazia homenagem a onze ídolos da história do Palmeiras, que tinham os seus nomes registrados nas cadeiras.

Inicialmente, Ademir da Guia, Dudu (Olegário Tolói de Oliveira), César Maluco, Luis Pereira, Leivinha e Oberdan Catani foram contemplados com cadeiras no espaço. Depois, houve uma votação aberta com a torcida, que elegeu outros cinco atletas que defenderam o Palmeiras até 1989 para ocupar os assentos que homenageavam Waldemar Fiume, Junqueira, Djalma Santos, Heitor e Julinho Botelho, já falecidos na época.

Com mais de 50 mil votos apurados, a torcida elegeu Leão, Nei, Edu Bala, Valdir Joaquim de Moraes e Mazzola para representar os falecidos ídolos do clube no espaço.

Ademir da Guia, César Maluco e Leivinha foram convidados para a inauguração do camarote em março de 2014. Além da homenagem com as cadeiras, os três receberam uma placa que os denominava como "membros vitalícios" da Academia de Imortais.

Além de receber os ex-atletas, o camarote era um espaço comercial, em que torcedores podiam adquirir ingressos para o setor e acompanhar os jogos ao lado dos ídolos. A assessoria do Allianz Parque não respondeu como pretende utilizar o local a partir desta temporada.

César Maluco lamenta

Maior artilheiro da história do Palmeiras na Era Profissional, com 182 gols em 327 partidas, e um dos homenageados do extinto camarote, César Maluco lamentou o fim das atividades da Academia de Imortais. À Gazeta Esportiva, ele contou que os ídolos foram "pegos de surpresa" e que só ficaram sabendo do encerramento do espaço às vésperas do jogo contra o São Bento, disputado no último dia 14 de janeiro.

O ex-atacante conta que a idealização do camarote foi um presente do falecido Walter Torre, fundador da construtora WTorre, que é responsável pela administração do estádio.

"O Walter Torre nos deu (o espaço) vitalício. A gente se conversava muito. Ele disse que deu para a gente como vitalício. Infelizmente, faleceu e não deu para gente fazer um documento. Como não temos o documento, o que podemos fazer? Mas eles poderiam nos avisar há um mês, dois meses. Nos avisaram praticamente no dia (do jogo)", afirmou o ex-jogador.

O lamento de César Maluco aumenta quando ele se lembra que o camarote servia também como um espaço de reencontro com os amigos e antigos parceiros de Segunda Academia. Era lá que ele, Ademir da Guia, Dudu e Edu Bala se reuniam para matar as saudades e dar risadas, além de torcer pela nova geração vitoriosa do Palmeiras. Apesar do tom de chateação, o ídolo de 77 anos mantém a esperança de, um dia, recuperar o "quintal de casa".

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