Membro da Comissão Eleitoral do Corinthians renuncia após vazamento de mensagens

Carlos Roberto Elias renunciou ao cargo de secretário e membro da Comissão Eleitoral do Corinthians. Na manhã de hoje (27), o advogado enviou a Alexandre Husni, presidente do Conselho Deliberativo do clube, a carta de formalização de sua saída.

No documento, Elias cita uma reportagem da Gazeta Esportiva publicada ontem (26) sobre a revelação do vazamento de troca de mensagens entre ele e membros da Chapa 33 em discussão sobre a possibilidade de pedido de impugnação da candidatura de Augusto Melo.

"Se faz ressaltar que não fui o remetente da referida mensagem", defendeu-se Elias no texto encaminhado a Husni, antes de completar. "Contudo, para evitar maiores transtornos e visando a lisura das eleições do Corinthians, ei por bem, solicitar meu afastamento definitivo da Comissão Eleitoral. Desta forma, devidamente esclarecidos os fatos e, com a consciência tranquila de ter exercido, neste período, o encargo a mim imposto, faço a renúncia ao cargo de secretário e membro da Comissão Eleitoral".

Alexandre Husni, agora, em contato com Ivaney Cayres de Souza, presidente da Comissão Eleitoral, vai convocar um novo membro para substituir o espaço deixado por Carlos Elias.

A Comissão Eleitoral do Corinthians, neste momento, está com composta por Carlos João Eduardo Senger, Domingos Savio Zainaghi e Paulino Tritapepe Neto, além de Ivaney.

A nomeação de Carlos Elias aconteceu sob polêmica desde a primeira indicação. A Gazeta Esportiva mostrou, em junho, que ele já advogou profissionalmente para André Luiz Oliveira, o André Negão, candidato de situação à presidência do clube para o pleito agendado para 25 de novembro deste ano.

Carlos Elias se defende

A Gazeta procurou por Carlos Elias durante a tarde de quarta-feira (25), cerca de 15 horas antes da publicação da notícia do afastamento dele imposta pela própria Comissão Eleitoral, mas não obteve retorno na ocasião. O advogado estava em viagem no exterior e entrou em contato com a reportagem, por mensagem, no fim da noite de ontem e, posteriormente, concedeu entrevista por telefone na manhã de hoje, antes de tomar a decisão pela renúncia.

Segundo Carlos Elias e um 'print' enviado por ele à Gazeta, algumas das mensagens atribuídas a ele, inclusive a polêmica frase "nosso adversário" em referência a Augusto Melo, é de autoria de Nadir Campos Junior.

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"O cargo de secretário atribui a análise das certidões para homologação das candidaturas. Fiz e-mail para todos os representantes de chapas retificarem certidões e documentos para habilitação das candidaturas. Neste contexto, houve diversas perguntas e indagações. Apenas orientei os representantes de todas as chapas. Não fui eu que falei nada disso", argumentou Elias, que continuou. "Apenas orientei a assinatura (dos pedidos de contestação da candidatura de Augusto) e entregar com urgência por causa do prazo. O que foi atribuído a mim não foi de minha autoria", completou.

Carlos Elias, na ocasião, afirmou que pretendia agendar uma reunião com Alexandre Husni para apresentar sua defesa e refutava deixar a comissão por vontade própria.

"Foi um trabalho extenso, de análises, organização, contatos com representantes. Eu recebi toda a documentação de forma isolada, não tive cooperação de nenhum membro da Comissão".

Poucas horas depois, no entanto, Elias mudou de ideia e preferiu se retirar por entender que "não houve acolhimento" mesmo após conversas internas com o presidente da Comissão Eleitoral.

O caso

A Comissão Eleitoral do Corinthians se reuniu na noite da última terça-feira de maneira extraordinária e decidiu, por unanimidade, afastar Carlos Roberto Elias.

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A motivação do ato foi o vazamento de mensagens atribuídas pela Comissão a Carlos Elias em que o advogado orientaria seus pares políticos, dispostos a reivindicar a impugnação da candidatura de Augusto Melo à presidência do clube mesmo após a Comissão Eleitoral aprovar a inscrição. Em meio às mensagens citadas, Augusto foi citado como "nosso adversário".

Na ocasião da deliberação sobre as candidaturas, Carlos Elias foi o único dos cinco integrantes que se manifestou contrário a candidatura do oposicionista.

Na visão de alguns conselheiros, a candidatura de Augusto Melo deveria ser impugnada por conta de um crime contra a ordem tributária, que, no entanto, não está previsto no estatuto corintiano como impeditivo para concorrer a uma eleição. Oposicionistas entendem que esse argumento seria utilizado para viabilizar um "golpe".

A suspeita sobre ausência de isenção para as tomadas de decisão e, principalmente, a tentativa de se procurar caminhos para derrubar uma decisão soberana da Comissão Eleitoral fizeram com que o presidente do órgão, Ivaney Cayres de Souza, enviasse a Alexandre Husni, presidente do Conselho Deliberativo, uma proposta de afastamento temporário até que Husni pudesse deliberar sobre a substituição ou manutenção de Carlos Elias no grupo.

A decisão de Alexandre Husni seria irrecorrível e, se realmente Carlos Elias fosse expulso da Comissão Eleitoral, ele ainda deveria ter de se explicar na Comissão de Ética e Disciplina do clube.

Ainda durante a reunião extraordinária da Comissão Elitoral, Carlos Elias apresentou a justificativa de que estava apenas sanando dúvidas de sócios sobre a possibilidade de impugnação da candidatura de Augusto Melo. Em vão.

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"Nós recebemos 'prints' de mensagens e apuramos. A Comissão se reuniu, discutiu e aprovou, por unanimidade, essa decisão. A Comissão Eleitoral narra os fatos, delibera e Husni é quem vai decidir", explicou Ivaney Cayres de Souza à Gazeta Esportiva, em contato por telefone, na última quarta-feira, antes dos desdobramentos finais.

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