Foco no futebol, SAF e nova Vila: veja propostas de Wladimir Mattos, candidato à presidência do Santos
Dia 9 de dezembro, os sócios do Santos decidem quem será o presidente do clube pelos próximos três anos. Um dos candidatos à vaga é Wladimir Mattos. O administrador de 58 anos faz parte da chapa "Juntos pelo Santos FC" e tem como vice Marcio Quixadá.
O candidato concedeu entrevista exclusiva para a Gazeta Esportiva e falou sobre o seu plano de gestão.
"Nosso primeiro objetivo é traçar o plano estratégico dos próximos três anos, com foco no futebol, apoiado por uma gestão 100% profissional. Queremos fugir daquele modelo associativo desgastado que trouxe o Santos para a situação atual. Uma gestão 100% profissional, com foco no futebol", declarou.
Uma das principais apostas de Wladimir Mattos é transformar o Alvinegro Praiano em SAF.
"A SAF não é um fim, é um meio. Para se chegar na SAF, existem três pilares fundamentais. O primeiro é um estádio de futebol. O segundo é incorporar nosso quadro associativo. E o terceiro é a categoria de base. Esses três pilares vão dar sustentação para gente chegar à SAF. Uma SAF para chamar de nossa, diferente de todos modelos brasileiros, e que garanta, acima de tudo, crescimento contínuo da marca do Santos, protagonismo no futebol e, principalmente, que a opinião do Santos seja respeitada. É um sistema de pesos e contrapesos", contou.
"Um exemplo: eu quero vender o Marcos Leonardo em junho. O voto qualificado precisa partir da associação. No sentido de: 'não, agora você não vai vender ele, pode vender no final do ano ou na próxima janela, mas não agora'. E, principalmente, ter uma cláusula de recompra. Caso essa parceria não esteja funcionando, a gente possa exercer o direito de recomprar aquilo que hoje pertence ao associado. Todo esse caminho está sendo acompanhado por um profissional que já está contratado pela nossa equipe. O Dr. Rodrigo Castro, um dos autores da Lei da SAF. Ele está trabalhando conosco para encontrar um modelo que faça sentido ao Santos. Mais do que parceiros investidores, buscamos parceiros que querem muito mais o retorno institucional do que basicamente vender jogadores", ampliou.
Wladimir Mattos ainda pediu um voto de confiança aos santistas. Ele criticou as antigas gestões do Santos e alega que a sua chapa será capaz de reformular o clube
"O Santos, ao longo dos últimos anos, foi um clube atrapalhado administrativamente. Começa com a compra do Parque Balneário, por momento em que ninguém queria ser presidente do clube, por momentos em que diziam que o presidente do clube era corintiano, até chegar em um momento de uma família controlar por anos o clube como se fosse o quintal da sua casa, com problemas no passado recente com gestões Odílio, Modesto, Peres e agora um pseudo profissionalismo com a gestão Rueda"< declarou.
Hoje demos o primeiro passo, oficializamos nossa candidatura à presidência do clube!
No transcorrer das próximas semanas, vamos apresentar e discutir nossos compromissos e propostas para o próximo triênio.
JUNTOS PELO SANTOS FC! ?????#CHAPA2 #SFC #JuntosPeloSantosFC pic.twitter.com/M0zjRpuo8t
? Wladimir Mattos Presidente - Juntos Pelo Santos FC (@WMpresidente) November 16, 2023
"A nossa proposta é antagônica, é um contraponto a um modelo associativo, onde se troca favores e ninguém cobra. Nossa proposta é a governança, ser 100% de uma gestão profissional, com diretoria executiva, diretor de futebol, diretor de patrimônio, diretor de marketing, diretor legal, com funções metas a serem cumpridas. Isso é gestão. Nós somos o contraponto de uma gestão, que eu não digo amadora, mas um modelo associativo vencido e surrado, que precisa ser substituído por 100% de profissionalismo. Esse é o voto de confiança que eu peço. Temos a oferecer algo muito diferente do que o Santos tem vivenciado", ampliou.
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Quero receberWladimir Mattos tem 58 anos, nasceu na cidade de Santos, é historiador e administrador de empresas, atuando no setor marítimo desde 1980. É casado, tem três filhas e um filho, além de três netas.
No futebol profissional e de base, possui experiências em gestões de clubes da Baixada Santista, como Portuguesa Santista, AD Guarujá e São Vicente. Ele também soma duas passagens pelo Conselho Deliberativo do Santos, nas eleições de 2014 e 2017.
A eleição presidencial do Peixe esta marcada para o dia 9 de dezembro.
Veja outros trechos da entrevista de Wladimir Mattos à Gazeta Esportiva
Reforma Vila Belmiro
"O estádio será um dos pilares de sustentação de todo nosso programa. É uma prioridade. Além da discussão se será em Santos ou não, o Santos precisa de uma Arena. As arenas têm sido, para os clubes que as criaram, um potencializador de receitas. O Allianz é um exemplo. Eu não vejo nenhum problema em ter uma Arena aqui onde é a atual Vila Belmiro. São 2 milhões de habitantes aqui, mais que em Porto Alegre e Curitiba. A Arena também um produto a mais para melhorar nossa relação com o associado"
Jogos em São Paulo
"Teremos conversas com a gestão do Pacaembu, visando levar jogos do Santos durante esse período em que a Arena estiver sendo construída. Mas temos que ser bem francos. Ninguém investe 400 milhões para não ter jogos na Arena. Ninguém compra um camarote, uma cadeira especial, se não tiver jogos Precisa fazer sentido todo esse investimento. E, quando a Arena estiver ocupada por eventos, vamos jogar em São Paulo. Precisamos estar onde o associado está"
Principal erro da gestão Rueda
"Acredito em um modelo, no DNA histórico esportivo do Santos. Durante essa gestão, os vários equívocos foram causados por não entender o DNA do Santos. Que DNA é esse? O Santos teve nos seus momentos de sucesso algumas características: jogadores formados na base, assertividade nas contratações, ganhava títulos, fornecia jogadores para a Seleção e rentabilizava para o clube. Esses cinco itens compõem o DNA do Santos. Não era um time reativo. Quando você olha Paulo Turra, Aguirre, Bustos e até mesmo Carille, qual a identidade que esses treinadores têm com a história do Santos, com o modelo do time? Nada. Contratações equivocadas, priorizando o sistema defensivo, e não o que nos acostumamos a ver. Essa é a pior fase que já vi. Acima de uma diretoria de futebol, de uma comissão, de um departamento de scout, análise de desempenho e saúde, existe um modelo de jogo que precisa ser respeitado"
Trabalho com as categorias de base
"Eu tive a oportunidade de conhecer vários trabalhos de base mundo afora, especialmente na Europa. Aqui no Brasil costuma-se dizer que a base precisa se espelhar no profissional. Eu digo, é o contrário. O profissional precisa se espelhar na base. Primeiro por uma questão temporal. Qual o sentido faz o menino passar 10 anos nas categorias de base, jogando em um sistema em que se propõe o jogo, muitas vezes ofensivo, e que tropeça com um treinador retranqueiro? Vai dar ruim isso. Além de prejudicar a adaptação, que é natural, ainda tem dificuldade tática e técnica, pois ele não aprendeu a jogar daquela forma"
"Alguns conceitos se falam. O profissional precisa se espelhar no que se faz na base. Se eu pretendo que a maioria dos meus atletas e base cheguem ao profissional, ela é meu paradigma, e não o profissional. Esse foi um dos grandes problemas do futebol do Rueda. Ele não teve essa compreensão da história do Santos, não a escrita, mas a história jogada, dentro de campo. Faltou isso. Um outro ponto. Demorou, mas eles chegaram. Eles perceberam que era preciso se esforçar e dedicar mais na base. Palmeiras, Corinthians, Fluminense e São Paulo são exemplos disso. A competição em relação ao Santos cresceu exponencialmente. O Santos com todas as dificuldades e pressão, esses pais e empresários começam a buscar novos caminhos, que não passam pela Vila Belmiro"
Trabalho com o futebol feminino
"Em relação ao futebol feminino, tenho bastante experiência. Em 2006, fiz uma parceria aqui na cidade com a Fundação Pró Esporte, de um clube que eu era presidente. Achava interessante, era uma novidade e me empolgava. Tentei levar a frente alguns projetos de futebol feminino durante algum tempo. Falta estrutura física ao Santos para o futebol feminino. Falta um sentimento de pertencimento para as atletas. No masculino isso existe. O cara joga e tem prazer de jogar no Santos. No feminino, isso não tem. A jogadora vem, joga e vai embora. Precisamos trazer elas para perto do Santos. Existem várias entidades que trabalham muito bem as categorias de base, essas meninas precisam ser captadas nesses projetos sociais. Só em Santos a metade da população é do sexo feminino. As meninas precisam ter um olhar de que elas podem melhorar por que são boas. O Santos não é o Santos Futebol Masculino Clube. Precisamos ter um carinho maior com o futebol feminino"
Retorno de Neymar
"Neymar é sonho de consumo da maioria dos clubes brasileiros, mas não podemos enganar o torcedor santista. Para que isso seja possível, primeiro precisa haver a disposição do Neymar para vestir a camisa do Santos. Depois uma baita engenharia financeira que possa acomodar os interesses do atleta e do clube"
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