O meia Matías Rojas tem embasamento jurídico para rescindir de forma unitaleral seu contrato com o Corinthians. Esse é um dos possíveis cenários de uma "novela" que teve capítulo importante na última sexta-feira: ficou definido que jogador não vestirá mais a camisa do Timão.
Para justificar sua decisão de não defender mais o Corinthians, Rojas alega que o clube deve a ele cerca de R$ 3,5 milhões, uma das parcelas da dívida de R$ 5 milhões em direitos de imagem.
A dívida iniciou-se em 2023, na gestão de Duilio Monteiro Alves. Em janeiro, o presidente Augusto Melo fez um acordo de parcelamento, que não foi cumprido esse mês. Isso bastou para Rojas deixar de comparecer ao CT e pedir seu desligamento da agremiação.
No "mundo ideal", o Corinthians chega a um acordo de rescisão com o jogador. Reuniões entre os advogados do clube e do jogador devem acontecer nos próximos dias para que o desfecho caminhe nessa direção. Ainda não se sabe, porém, se essa será a vontade do atleta.
Além disso, a reportagem da Gazeta Esportiva apurou que pessoas do clube enxergam com preocupação esse cenário, já que poderia abrir precedente para que outros atletas tomem a mesma decisão que Rojas e deixem a agremiação sem grandes empecilhos. Vários jogadores do atual elenco, além de outros que deixaram a equipe recentemente, também possuem valores de direito de imagem para receber.
O ex-camisa 10 do Timão pode levar o caso à Fifa pois, segundo o regulamento da entidade, a rescisão contratual unilateral de um jogador pode acontecer quando é completado o segundo mês sem pagamento, seja de salário ou algum dinheiro relacionado ao contrato. Levando em conta o ano passado, o Corinthians deve cerca de cinco meses de direito de imagem.
Rojas já entrou em contato com a entidade máxima do futebol no final de 2023 e notificou o Corinthians. Como o clube atrasou uma parcela do novo acordo, o meia tem embasamento para levar novamente o caso à Fifa e pedir sua rescisão. Nesse cenário, dificilmente o atleta não teria causa ganha.
Se Rojas seguir esses passos e conseguir sua rescisão, o Corinthians, em tese, teria que fazer novo acordo para pagar tudo o que deve ao atleta, somado aos valores que seriam pagos até o final de seu contrato. O Timão anunciou que o contrato do jogador era válido até junho de 2026, mas o registro da Federação Paulista de Futebol (FPF) consta que seu vínculo vai até julho de 2027.
Na prática, porém, a Fifa analisa situações e adota critérios, como o período que o jogador defendeu o clube e quanto tempo de contrato restaria para o final do vínculo. Normalmente, para não causar enriquecimento ilícito, a entidade reduz o valor a ser pago ao atleta.
A Gazeta Esportiva ouviu que, apesar da dívida existente, o ponto que mais incomodava Rojas era sua falta de oportunidades recentes no time titular. Aos 28 anos, o atleta mostrou preocupação com o decorrer da sua carreira, já que não vinha tendo a minutagem que esperava no Timão.
Sem receber o que lhe era devido e sem atuar com a frequência que gostaria, o meia paraguaio optou por não prosseguir no Timão, o que não foi contestado pelo clube.
Para adquirir 80% dos direitos econômicos de Rojas, em julho de 2023, o Corinthians topou pagar US$ 1,8 milhão (cerca de R$ 8,6 milhões na cotação da época) entre luvas e comissões. O atleta estava sem contrato, após deixar o Racing.
Pelo Corinthians, Rojas soma 30 jogos (15 como titular) e duas assistências. O atleta acumula 10 vitórias, nove empates e 11 derrotas no período.
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