Critérios, empréstimo e conflito; saiba detalhes do acordo entre Corinthians e LFU

A diretoria do Corinthians está disposta a fechar um acordo com a Liga Forte União (LFU) pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro da Série A a partir de 2025 com prazo até a edição de 2029 da competição. Uma reunião no Parque São Jorge na noite dessa quinta-feira concluiu as negociações entre clube e LFU. Agora, a gestão Augusto Melo aguarda aprovação do Conselho de Orientação (Cori). O órgão vai se reunir às 19 horas desta sexta-feira e o contrato será apresentado por Osmar Stabile, vice-presidente corintiano, antes da votação.

A PROPOSTA DA LFU

A Gazeta Esportiva obteve detalhes do contrato formulado por Corinthians e LFU. Nele, está previsto um empréstimo de R$ 150 milhões a ser fornecido pela XP Investimentos, com juros de CDI+3. O Corinthians teria até o fim de 2025 para pagar essa conta. O clube, no entanto, não tem obrigação de pegar os R$ 150 milhões neste momento ou em sua totalidade, essa é uma decisão a ser tomada pela gestão. Mas, diante do complicado momento financeiro pelo qual passa o clube, a tendência é de que todo o valor seja solicitado sob a justificativa de que não há opção com juros mais baixos no mercado.

A divisão dos valores que a LFU pagará aos clubes que fizerem parte do grupo está estipulada da seguinte maneira:

45% - a ser dividido entre todos os clubes.

30% - de acordo com a performance/colocação de cada clube.

25% - de acordo com a audiência de cada clube.

A LFU está no mercado e ainda não possui garantias financeiras de quanto será arrecadado com a venda dos direitos de transmissão. A liga precisa conseguir cerca de R$ 1,6 bilhão para o Corinthians, por exemplo, em um cenário otimista, receber aproximadamente R$ 220 milhões por ano. Este valor pode ser elevado ou reduzido de acordo com o que a LFU conseguir negociar. Portanto, o cenário não é de certezas neste momento, e sim de uma "aposta corintiana" de que a LFU vai garimpar valores satisfatórios.

Ainda sob o exemplo deste cenário de R$ 1,6 bilhão, o Corinthians teria a oportunidade de embolsar R$ 250 milhões em caso de título no Brasileirão.

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Na hipótese da LFU não atingir o objetivo mínimo de arrecadação, os clubes, como o Corinthians, receberão menos dinheiro e, desta maneira, poderão abater a diferença do empréstimo feito antecipadamente.

Um ponto importante do contrato está relacionado ao pagamento da premiação pela audiência. No caso da LFU, está estabelecido que tais receitas respeitem um ranking com valores pré-estipulados.

Na prática, isso significa que a porcentagem da audiência não vai se relacionar com a porcentagem do pagamento. A Gazeta apurou que o primeiro colocado no ranking de audiência da LFU, por exemplo, deve receber cerca de 9,5% do valor total, somando todos os clubes e dentro da parcela de 25% estipulada para isso. Mesmo que algum clube atinja marcas maiores de audiência, ele nunca receberá mais do que os 9,5% pré-estipulados.

A proposta da LFU também prevê pagamento de comissão para a LiveMode, empresa que negociará e promoverá transmissões dos jogos. Não há previsão de pagamento para um intermediário do negócio, como houve na Vaidebet.

A PROPOSTA DA LIBRA

O Corinthians ainda faz parte da Liga do Futebol Brasileiro (Libra). O clube não se desfiliou do grupo e só deve fazê-lo caso o acordo com a LFU prospere.

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Na proposta da Libra, o Corinthians não faria nenhum empréstimo, e teria um adiantamento de R$ 70 milhões, que o clube poderia abater posteriormente daquilo que tem a receber, dentro de um prazo de cinco anos e sem pagamento de juros.

A Libra já vendeu os direitos à Globo, portanto, os clubes do grupo já têm garantia dos valores prometidos.

Neste caso, a Libra receberá R$ 1,3 bilhão + valores do pay per view. Se o Corinthians deixar o grupo, esta receita cairá para R$ 1,17 bilhão + valores do pay per view.

A divisão dos valores que a Libra pagará aos clubes que fizerem parte do grupo está estipulada da seguinte maneira:

40% - a ser dividido entre todos os clubes.

30% - de acordo com a performance/colocação de cada clube.

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30% - de acordo com a audiência de cada clube.

A maneira de pagar a premiação pela audiência também é diferente em comparação com a LFU. Na Libra, dentro do recorte dos 30% separados para isso, cada clube receberá o valor que proporcionar de audiência. Na prática, quanto mais audiência, mais dinheiro o clube ganhará. Não há um teto pré-estipulado, como na proposta da LFU.

Tanto na Libra como na LFU não há como prever quanto os clubes receberão devido às variáveis dos repasses e do que cada clube vai conseguir performar em campo e na audiência. É certo, porém, que na proposta da Libra, 70% do que o clube pode receber depende apenas da equipe em si. Na LFU, são 65% de autonomia sobre o valor a ser recebido. O restante dependerá de audiência e, como explicado acima, os formatos de pagamentos adotam critérios diferentes.

Neste momento, a LFU conta com 11 membros que disputam a Série A (Internacional, Cruzeiro, Fluminense, Vasco, Athletico-PR, Atlético-GO, Botafogo, Fortaleza, Cuiabá, Criciúma e Juventude).

Já a Libra, excluindo o Corinthians, tem oito equipes na elite do futebol brasileiro (Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Red Bull Bragantino, Atlético-MG, Grêmio, Bahia e Vitória).

CONFLITO DE INTERESSES?

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O Conselho de Orientação do Corinthians (Cori) vai votar o contrato entre Timão e LFU nesta sexta-feira. No órgão, algumas questões geram incômodo e devem ser abordadas durante a apresentação da proposta.

O principal ponto de discussão está sob uma visão de conflito de interesses dentro da gestão por causa de profissionais inseridos na negociação.

Fred Luz, que tem uma proposta do Corinthians para ser CEO do clube, é funcionário da Alvarez & Marsal, empresa que presta consultoria para a LFU e será remunerada caso o acordo entre a Liga e o Timão seja concretizado.

Outro nome citado é o de Pedro Silveira, que deve ser oficializado, nos próximos dias, como diretor financeiro do clube para suprir a saída de Rozallah Santoro. Pedro foi CEO da XP Investimentos, empresa que está associada a LFU neste momento.

Membros do Cori também pretendem ter informações sobre: motivo do Corinthians não ter negociado mais com a Libra; detalhes das duas propostas, e não só da LFU; pagamento de comissões; e, talvez, a discussão sobre a solicitação de mais tempo para analisar o contrato proposto pela LFU.

O Cori conta com os seguintes membros:

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Presidente: Miguel Marques e Silva

Vice-Presidente: Roberto Garcia Parisi

Secretário: Fábio Soares de Souza

Membros Natos:

Ademir de Carvalho Benedito

Alexandre Husni

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Antonio Goulart Dos Reis

Andrés Navarro Sanchez

Carlos João Eduardo Senger

Duilio Monteiro Alves

Guilherme Gonçalves Strenger

Mario Gobbi Filho

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Mauro de Mello Oliveira Gasparian

Roberto de Andrade Souza

Membros Trienais - 2024-2026:

Caetano Blandini

Celso de Oliveira Sobrinho

Fausto Di Toti Garcia

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Felipe Legrazie Ezabella

Heleno Haddad Maluf

Paulo Roberto Bastos Pedro

Pedro Luis Soares

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