Via carta aberta, grupo de conselheiros vitalícios do Corinthians questiona gestão de Augusto Melo

Um grupo de conselheiros vitalícios do Corinthians escreveu uma carta aberta, questionando alguns pontos da gestão do presidente Augusto Melo. Romeu Tuma Júnior, mandatário do Conselho Deliberativo do clube, também foi citado, acusado de se manter "inativo" em meio às várias questões que cercam o mandato de Augusto.

Dentre os pontos citados pelo grupo "Conselheiros Vitalícios Independentes", estão a rescisão contratual da VaideBet, a multa de R$ 45 milhões com a PixBet, o valor de R$ 40 milhões que o clube pode ter que pagar a Rojas, a saída de Cássio, o acordo com a Gazin, o alto número de contratações nas categorias de base, a conduta violenta de Augusto Melo contra um torcedor do Cruzeiro, etc.

Já em relação a Romeu Tuma Júnior, o grupo entende que o presidente do Conselho não vem assumindo suas responsabilidades em meio às polêmicas do mandato de Augusto. Na carta aberta, foi sugerida até uma renúncia de Romeu devido à alegada omissão.

Neste momento, o grupo de conselheiros vitalícios do Corinthians está "rachado". Uma parte apoia Augusto Melo, enquanto outra é contra e, conforme apurou a reportagem da Gazeta Esportiva, pode protocolar um pedido de impeachment nos próximos dias.

Em entrevista à TV Gazeta, no último domingo, Romeu Tuma Júnior falou sobre a chance de Augusto sofrer impeachment no Corinthians.

"O processo de impeachment ainda não foi aberto pois ninguém apresentou. Eles fazem tanta fofoca na mídia de que o Tuma está protegendo o Augusto Melo. Ninguém pediu impeachment, eles só fazem fofoca para demolir o Corinthians. Ninguém pediu impeachment, como eu vou estudar esse processo? Todo esse barulho é para estragar o Corinthians, as pessoas só querem destruir o clube", afirmou na ocasião.

No final de junho, Romeu convocou uma reunião para o presidente Augusto Melo prestar esclarecimentos. O encontro ocorrerá no Parque São Jorge, no dia 12 de agosto, e não deve ter uma pauta única.

Veja a carta aberta do grupo de conselheiros vitalícios:

Senhoras e Senhores Profissionais da Imprensa

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Corintianas, Corintianos,

Opinião pública em geral.

O momento é grave.

Talvez o mais grave que já enfrentou o Corinthians em seus 114 anos de História, que serão comemorados no próximo dia 1 de setembro.

Diante disso, o grupo "Conselheiros Vitalícios Independentes" vêm a público manifestar-se através da presente CARTA ABERTA.

Diga-se, de antemão, que não viemos acusar ou julgar ninguém; se ilícitos ocorreram, cabe às autoridades a sua apuração e punição.

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Na esfera administrativa, que é absolutamente independente e autônoma, lutaremos para que o nosso Estatuto e nosso Regimento Interno sejam rigorosamente aplicados, até que todas as medidas necessárias sejam tomadas no sentido de sanear e corrigir as inquestionáveis e flagrantes irregularidades que se apresentam.

No entanto, não podemos deixar de manifestar publicamente a nossa perplexidade e, por que não dizer, a nossa indignação, diante de tantos fatos obscuros que maculam a honra corintiana e submergem o clube em profunda e substancial crise institucional.

Estamos aqui para defender a nossa honra, a honra corintiana que foi maculada. E nós a defenderemos com a mesma coragem, vigor e raça com que atletas defendem as nossas cores e a nossa bandeira nos gramados, nas quadras, nas piscinas, nos ginásios!

Abaixo elencamos alguns fatos que nos parecem absurdos e para os quais gostaríamos de esclarecimentos.

- 360 milhões do contrato da Vai de Bet;

- 45 milhões do contrato Pix Bet, multa por não comunicar a rescisão;

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- 40 milhões de Mathias Rojas, por um contrato mal feito;

- Acordo com o goleiro Cássio, que não pagou multa para sair e ainda originou uma dívida de 10 milhões de reais ao clube.

- Acordo com a Gazim, sobre colchões, de 106 mil reais em troca de um camarote e mais ou menos 250 mil reais e também exposição do nome na camisa de treino, avaliada em 1 milhão;

- 57 sócios foram admitidos como funcionários pela atual administração, com salário médio de 11 mil reais.

- Aumento da folha de pagamento do Clube Social em aproximadamente 1 milhão de reais mensais;

- Contratação de mais de 36 atletas para as categorias de base;

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- Agressão do Presidente ao torcedor do Cruzeiro no Mineirão.

- Em toda a história do clube nunca houve atraso de pagamento de salário dos funcionários "celetistas", nem mesmo durante a pandemia, mas hoje nos encontramos nesta situação.

Existe ainda uma evidente contradição no depoimento de Alex Cassundé à Polícia Civil, que mais chama a atenção de todos, e em relação à qual não há como nos mantermos calados.

O empresário, citado como intermediário do contrato entre Corinthians e Vai de Bet e responsável pelo repasse de valores a uma empresa "laranja", afirmou que NUNCA foi intermediário de contrato algum, mas que assinou o ajuste contratual condição a pedidos, criando uma despesa fictícia aos cofres do clube e prejuízo financeiro ao Corinthians!

Cabe ressaltar que tal declaração de Alex Cassundé vai de encontro ao que disse o Presidente Augusto Melo, que reiteradas vezes foi categórico ao afirmar que não houve intermediários no referido contrato.

Ora, se não houve intermediários, por que motivo Alex Cassundé foi chamado a assinar o contrato como tal?

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Este é um dos pontos principais que este grupo busca compreender, e que, necessariamente, necessitam ser objeto da pauta de uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, marcada especificamente para esse fim.

Cumpre ainda ressaltar que a Vai de Bet comunicou ao Corinthians abruptamente o fim do contrato por "suspeita de práticas em desacordo com a ética e os preceitos legais."

Diante disso, é impossível não perguntarmos: QUAIS FORAM OS ATOS PRATICADOS PELO PRESIDENTE AUGUSTO MELO PARA APURAR SE DE FATO HOUVE ILEGALIDADES EM ALGUM MOMENTO, OU ENTÃO, DIANTE DA AUSÊNCIA DESTAS, DESMENTIR ESSA GRAVE ALEGAÇÃO?

Se tudo foi feito dentro da mais absoluta legalidade, como afirma o Presidente Augusto Melo, por que ele não ingressou com a devida ação de reparação de danos morais diante de acusação tão grave?

Infelizmente, não há como deixar de observar que a inércia do Presidente diante de acusações gravíssimas assume o caráter de admissão e concordância com o alegado.

Comprometedor também é o comportamento do Presidente do Conselho Deliberativo, que diante de uma tempestade destas proporções, se mantém igualmente inativo.

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Tivemos vários momentos de altos e baixos na história recente do clube, erros e acertos fazem parte da vida de qualquer gestor e a história saberá reconhecer o que mais deve pesar sobre cada um dos que passaram.

Mas em todos os momentos, sempre, houve a participação e o crivo do Conselho Deliberativo.

Por tudo isso, o grupo "Conselheiros Vitalícios Independentes" entende que o Conselheiro Romeu Tuma Jr., tem o dever de assumir suas responsabilidades, ou então, caso a assunção destas cause-lhe desconforto impossível de ser superado, deve renunciar à Presidência do Conselho Deliberativo, deixando o cargo para o bem do Corinthians.

Gostaríamos também de pedir ao Presidente Augusto Melo detalhados esclarecimentos em relação aos assuntos elencados nesta Carta Aberta, em especial que diz respeito à intermediação do contrato que ele alega inexistir e que foi confirmada por Alex Cassundé em seu depoimento à polícia.

Somos uma NAÇÃO, a Nação Corintiana, que é grandiosa demais para pertencer a um homem, ou a um grupo, ou a um partido!

É em nome dessa nação que falamos.

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É aos membros desta nação que nos dirigimos!

É em nome dela que pedimos céleres e detalhados esclarecimentos!

Conselheiros Vitalícios Independentes.

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